sábado, 20 de outubro de 2012

Conheça Jubal e Gustavo Henrique, as 'torres gêmeas' da base santista


Basta observar o histórico dos jogadores que surgiram nas categorias de base do Santos para identificar a tradição do clube em revelar meias e atacantes de renome. Do meio-campo para trás, porém, a história é diferente. No elenco sub-20 do Peixe, no entanto, dois garotos desejam mudar esse cenário e mostrar que os ares da Baixada Santista também podem ser favoráveis para o surgimento de zagueiros com potencial. Tratam-se de Gustavo Henrique e Jubal, ambos de 19 anos.


Gustavo Henrique e Jubal Santos (Foto: Lincoln Chaves / Globoesporte.com)Gustavo e Jubal são as novas "torres gêmeas" da base Santos (Foto: Lincoln Chaves / Globoesporte.com)


A dupla ganhou notoriedade entre os torcedores durante a Copa São Paulo de Juniores deste ano. O Peixe não ficou com o título (a equipe foi eliminada nas oitavas de final pelo Desportivo Brasil) mas deixou o torneio com apenas dois gols sofridos em cinco partidas. Além do bom desempenho defensivo, as "torres gêmeas" - Gustavo tem 1,93m, enquanto Jubal mede 1,90m - ainda ganharam destaque à frente e foram os artilheiros do time na Copinha, com três gols cada.


Apesar do entrosamento mostrado dentro de campo, ambos só se conhecem há um ano e três meses, quando Jubal chegou ao Santos vindo do Vila Nova-GO - Gustavo está no Peixe desde os 14 anos, quando deixou o Vitória, da Bahia. Embora já tivessem atuado juntos com alguma regularidade na reta final de 2011, foi a partir da Copinha que a dupla se formou e amizade se fortaleceu.


– Conheci o Gustavo quando cheguei ao Santos, em julho do ano passado, mas a gente já tem um entrosamento bacana. Ficamos hospedados no mesmo quarto para disputar a Copa São Paulo e a amizade foi crescendo ao longo do ano. Isso ajuda bastante, pois quando trazemos isso para dentro de campo, dá resultado – destacou Jubal.


– Somos muito amigos. Começamos a jogar juntos e fora de campo passamos a nos conhecer melhor, frequentar a casa um do outro, jogar videogame... (No videogame) Ele é o "pato", e sabe disso (risos) – brincou Gustavo.


Gustavo Henrique e Jubal Santos (Foto: Mario Roberto / Divulgação Santos FC)Gustavo e Jubal comemoram gol na Copinha

(Foto: Mario Roberto / Divulgação Santos FC)


Não foram só os números defensivos e ofensivos da dupla que chamaram atenção. Ambos mostraram que, apesar de zagueiros, têm recursos técnicos, com poucos chutões e mais toque de bola, estilo que creditam à experiência prévia como meio-campistas, antes mesmo de virem para a Vila Belmiro.


– Eu jogava no meio até os 14 anos, e fui até atacante. Depois passei a atuar como volante. Daí, fui ficando muito alto e acabei parando na zaga. Penso que quando se dá um balão, a gente tira a bola do nosso domínio. Então, sempre que dá, procuro sair jogando, para facilitar o trabalho dos meias e eles possam deixar os atacantes mais perto do gol – explicou Jubal.


– No Vitória, joguei de meia até os 12 anos, então pude aprimorar bastante a parte técnica. Comecei a crescer muito e o professor Edgar (treinador de Gustavo no time baiano) me falou para fazer um teste como zagueiro. Deu certo. Hoje, tento dar o mínimo de chutão. Se necessário, vou dar o balão sem vergonha nenhuma, mas quero sempre tentar sair jogando. É meu estilo – descreveu Gustavo.


Experiência no profissional


Em 2012, Jubal e Gustavo chamaram atenção do técnico Muricy Ramalho e passaram a integrar os treinos da equipe profissional, convivendo diariamente com a experiente dupla de zaga Edu Dracena e Durval. Ambos, inclusive, são apontados como exemplos pelos meninos.


– São dois grandes zagueiros, que já conquistaram muitos títulos na carreira. O Durval não é de falar muito, mas o Dracena já conversou comigo algumas vezes, deu dicas. Tento sempre me espelhar neles, para aprender cada vez mais – destacou Gustavo.


– O Durval e o Dracena são, para mim, a melhor dupla de zagueiros do Brasil. Os dois têm uma carreira vitoriosa. O Durval já me ajudou bastante. Deu muitos toques sobre bolas aéreas e como fazer a cobertura. Não estão no Santos há tanto tempo à toa – emendou Jubal.


A convivência no time de cima também proporcionou aos jovens a dura missão de parar, fosse em coletivos, treinos táticos ou mesmo rachões, o poderio ofensivo de times comandados por Neymar, Ganso e Elano. A experiência ao lado dos craques, embora curta, foi proveitosa e marcante, garantem as "torres gêmeas".


– São jogadores fora de série. Quando estava em Goiânia, vi o Neymar e o Ganso serem campeões paulistas e da Copa do Brasil, e ficava deslumbrado. Na primeira vez que treinei entre os profissionais, fiquei nervoso, mas com o tempo acostumei. Eles passam bastante tranquilidade. Pude evoluir muito de lá para cá – destacou Jubal.


Gustavo Henrique, inclusive, chegou a ser protagonista em um dos tradicionais rachões de sábado pela manhã no CT Rei Pelé, quando deu um chapéu em Neymar. A jogada levou o elenco ao delírio e provocou risos até mesmo do craque.


– Ali foi uma brincadeira (risos). Dei um balão, o pessoal começou a rir e deu no que deu. Mas é importante essa aproximação nossa com eles (time profissional). No começo, a gente sempre fica meio preso, mas aos poucos vai se soltando, com as brincadeiras do pessoal. Ajuda muito – relembrou Gustavo.


Vagner Love, Flamengo x Santos (Foto: Alexandre Vidal / Fla Imagem)Gustavo Henrique marca Vagner Love no Engenhão

(Foto: Alexandre Vidal / Fla Imagem)


Em campo, somente Gustavo teve chance entre os profissionais. O zagueiro foi titular na derrota do Santos por 1 a 0 para o Flamengo, no Engenhão, pela 5ª rodada do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, Muricy poupou todos os principais jogadores por conta da Taça Libertadores, e a brecha para o zagueiro apareceu.


– Estava muito nervoso no começo, mas depois esqueci todo o resto e fiquei tranquilo. Sei que fiz um excelente jogo, pois o pessoal elogiou bastante. É continuar trabalhando que sei que uma hora o meu momento vai aparecer – contou Gustavo.


Jubal, por sua vez, aguarda a primeira oportunidade com Muricy, mas ao menos já foi relacionado durante o Campeonato Paulista - o defensor ficou no banco de reservas na partida entre Santos e Portuguesa, pela 17ª rodada do Campeonato Paulista. Apesar de não ter entrado em campo, o zagueiro se disse feliz por ter sido lembrado pelo treinador.


– Fui convocado e já fiquei muito satisfeito por isso. Vinha treinando bem e quando vi meu nome no vestiário, indicando que tinha sido convocado, foi muita alegria. Não entrei em campo, mas só de estar lá e sentir o calor da torcida, foi muito bom – lembrou Jubal.


Projeto 2013


Jubal e Neymar (Foto: Ivan Storti / Divulgação Santos FC)Jubal disputa bola com Neymar durante treino no

CT (Foto: Ivan Storti / Divulgação Santos FC)


A expectativa de ambos para a próxima temporada, naturalmente, é de que os espaços entre os profissionais surjam com mais regularidade. Até porque a dupla completará 20 anos em 2013, atingindo o limite da idade para a categoria sub-20.


Apesar disso, as atenções de Jubal e Gustavo ainda estão em 2012, já que o time júnior do Santos está na disputa da Copa do Brasil Sub-20 - o Santos vem de uma goleada por 7 a 1 sobre o Goiás, que classificou a equipe para a segunda fase do torneio - e do Campeonato Paulista Sub-20, pelo qual o Peixe volta a campo neste sábado, contra o Flamengo de Guarulhos, fora de casa, pelas oitavas de final. No final do ano, o Alvinegro ainda participa do Campeonato Brasileiro Sub-20, já de olho na Copa São Paulo do ano que vem.


– Primeiro ainda temos que olhar para esse ano e as competições que vamos disputar. Temos que ir aos poucos. Espero que possamos fazer grandes jogos para subirmos (ao profissional) com mais experiência e moral, obtendo gradualmente as nossas conquistas – definiu Gustavo.


– Espero que tenhamos mais vezes essa oportunidade de estar com eles (profissional) e estejamos bem para quando o Muricy avaliar que temos potencial para permanecermos lá. E então, que seja a vontade de Deus – concluiu Jubal.


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