sexta-feira, 10 de maio de 2013

Quase tetra, Pepe e Edu torcem por feito histórico de geração Neymar


Pepe ex-jogador Santos (Foto: Lincoln Chaves / Globoesporte.com)Tricampeão paulista de 60 a 62, Pepe quase foi

tetra em 1963 (Foto: Lincoln Chaves)


O tricampeonato paulista colocou nomes como Neymar, Edu Dracena, Rafael, Arouca e companhia na história do Santos. Diante do Corinthians, em uma decisão que começa neste domingo, às 16h (de Brasília), no Pacaembu, o Peixe tenta ser o primeiro clube a vencer o Estadual quatro vezes seguidas desde 1919. Um feito que nem a geração de Pelé alcançou, batendo na trave duas vezes desde então.


O primeiro "quase" foi em 1963, ainda no começo da era Pelé. O Santos campeão paulista de 1960 a 1962 já empilhava títulos como a Taça Libertadores (1962), o Mundial de Clubes (1962) e o bi da Taça Brasil (1961 e 1962). Naquele ano, o Peixe conquistou outra vez o Brasil, a América e o mundo, mas viu o Palmeiras quebrar a sequência de vitórias no Paulistão. Ao Alvinegro, restaram o terceiro lugar e o melhor ataque do torneio (69 gols).


Ponta-esquerda do primeiro tri alvinegro, José Macia, o Pepe, recorda que há 50 anos o Santos teve de dividir as atenções do Estadual com a preparação para o Mundial. O Canhão da Vila admite que apesar do Paulista ser importante, as atenções do grupo estavam nos jogos diante do Milan, da Itália.



Tínhamos nos esgotado tanto nos jogos do Mundial que levamos essas bordoadas (risos)"


Pepe, sobre as derrotas que afastaram o Peixe da briga pelo título paulista, em 1963



- Em 1962, quando ganhamos a Libertadores, a preocupação o Mundial, então muitas vezes a gente jogou no Paulista com time misto. Só que nós tínhamos um elenco muito forte, e naquele ano (1962) recuperamos o prejuízo. Mas em 63, foi curioso... Jogamos com o Milan dia 16 de novembro e quatro dias depois pegamos o Palmeiras no Pacaembu (derrota por 1 a 0). Daí nós enfrentamos o Botafogo-SP na Vila e levamos 4 a 1. Em seguida, apanhamos de cinco (a um) da Ferroviária, também em casa. Tínhamos nos esgotado tanto nos jogos do Mundial que levamos essas bordoadas (risos) - recorda, com apoio da inseparável agenda onde registra as partidas das quais participou.


Pepe, no entanto, nega que o Paulistão fosse pouco relevante.


- (O Paulista) Era importante, sim. Gostávamos de jogar por aquela rivalidade que existia, principalmente com o Corinthians. Quando ganhávamos, independentemente do torneio, era para se festejar - conta.


Sete temporadas depois, o Santos teve nova chance para ser tetra, mas viu o São Paulo ficar com o caneco. Outra vez com o melhor ataque do Estadual (34 gols), Pelé e companhia encerraram o Paulista apenas em quarto lugar.



O "quase", no entanto, não tira o sono de Edu. Ex-ponta esquerda e mais jovem atleta a ser convocado para uma Copa do Mundo, o santista explica que, à época, os próprios jogadores não tinham noção do que representava um tetracampeonato estadual.


- Recordo bem do tri. Em 67, foi meu primeiro título pelo Santos. Depois ganhamos também em 68 e 69... Mas éramos garotos, não tínhamos ideia do que representava aquilo tudo. Só pensávamos em ser campeões, em jogar bola. Não imaginávamos que teria a proporção de hoje, que levaria mais de 40 anos para outro time ser tricampeão paulista. Agora é que se dá mais ênfase à possibilidade que tivemos naquele ano, pelo Santos estar próximo do tetra. E, se Deus quiser, seremos tetra (risos) - diz.


Edu santos corinthians (Foto: Lincoln Chaves / globoesporte.com)Edu foi tri paulista de 67 a 69: 'Não esperávamos

essa repercussão' (Foto: Lincoln Chaves)


Na expectativa


Quarenta e três anos depois, o Santos tem uma nova oportunidade para o tetra. Pepe e Edu acreditam que a safra de Neymar tem condições de alcançar o feito que eles próprios não conseguiram, mas adotam cautela. Eles não veem o Alvinegro como favorito e apontam algumas deficiências na equipe, como a dependência de Neymar.


- Não dá para fazer comparações com a nossa época. Tínhamos nosso esquema de jogo, mas também o Pelé. Ele resolvia, mas se não estivesse bem, havia outros jogadores para decidir. O time atual tem virtudes, tem o Cícero se destacando, é uma equipe forte... Mas alguns jogadores ainda não se encaixaram. O Montillo, por exemplo, ainda não jogou metade do que já fez no Cruzeiro. Quando encaixar, o que espero que ocorra nessas finais, será maravilhoso - cita Edu.


- Não tivemos a chance (do tetra), mas eles terão. A caminhada deles até foi mais tranquila... A gente passava meses viajando de avião para amistosos e campeonatos (risos). O time do Santos é bom, mas o daquela época tinha um ataque que não era só o Pelé. Há jogadores de qualidade hoje, mas, por exemplo, quando Coutinho e Pelé se olhavam, um já sabia o que o outro faria. Acho que falta a esses jogadores um entendimento maior com relação à movimentação do Neymar - conclui Pepe.