domingo, 9 de junho de 2013

Claudinei minimiza pressão de liderar 'novo' Peixe: 'A hora é essa'


Claudinei Oliveira, treinador do Santos Sub-20 (Foto: Divulgação/Santos FC)Santista de nascimento, Claudinei busca afirmação

no comando santista (Foto: Divulgação/Santos FC)


Cinco anos depois, o Santos volta a ser comandado por um santista "da gema". O curioso é que Claudinei Oliveira, que assumiu o cargo deixado por Muricy Ramalho, segue passos semelhantes aos de Márcio Fernandes, último conterrâneo a dirigir o Peixe e que também assumiu o Alvinegro Praiano ao ser promovido da equipe sub-20 — pela qual, inclusive, foi campeão paulista da categoria, como o atual treinador.


A diferença é que Claudinei tem a dura missão de liderar uma verdadeira reformulação pós-Neymar sem saber nem o tempo que terá para trabalhar. Isso porque, nos bastidores, nomes como os dos argentinos Marcelo Bielsa e Gerardo Martino, além de Mano Menezes e Dorival Júnior, são estudados desde a queda de Muricy. Bielsa, aliás, está livre para negociar com o Santos, já que não vai seguir no Athletic Bilbao. A pressão, no entanto, não incomoda.


– Se você coloca a vaga de técnico do Santos em anúncio após saída do Muricy, apareceriam uns 300 interessados. Não tem momento ruim. A hora é essa e temos de trabalhar. Vou trabalhar dia a dia, sempre sendo avaliado. Sou funcionário do clube e estou à disposição para fazer o que for melhor, nessa função (treinador) ou em qualquer outra. O clube é o maior entre todos. A gente passa, mas o clube fica – diz.



Não tem momento ruim. A hora é essa e temos de trabalhar. Sou funcionário do clube e estou à disposição para fazer o que for melhor, nessa função ou em qualquer outra"


Claudinei Oliveira



A ligação entre Claudinei e o Santos é longa. Torcedor do Peixe, foi mascote da equipe na infância e iniciou a carreira como jogador nas categorias de base do próprio clube, em 1986. Promovido ao profissional em 1989, sofreu uma lesão no antebraço esquerdo e ficou dez meses parado. Sem espaço, deixou o Alvinegro e atuou até 2003, quando pendurou as chuteiras defendendo a Ferroviária-SP.


Três anos depois, Claudinei retornou à Vila Belmiro para trabalhar no projeto "Nasce um Peixe", no qual avaliou atletas em escolinhas do Santos em todo o Brasil. Em 2009, virou auxiliar do ex-jogador Paulo Robson na equipe sub-17 do Alvinegro, assumindo a equipe sub-15 no meio do ano e conquistando o Estadual da categoria. No ano seguinte, liderou o sub-17 santista ao título do Paulista, chegando, enfim, ao time sub-20 em 2011.


Nos juniores do Santos, além de manter a escrita e também se sagrar campeão estadual, Claudinei foi o treinador responsável pela equipe que reconquistou a Copa São Paulo depois de 29 anos. O prêmio pelos serviços prestados em sete anos de clube foi a oportunidade de assumir o comando da equipe principal. Um orgulho que o técnico admite ser ainda maior por se tratar do clube de sua cidade e de seu coração.


– É uma alegria grande. A cada dia, trabalho como se fosse o último, dedicando ao máximo e pensando no que dá para fazer melhor. Faço isso desde a época das avaliações, em 2006, quando eu e o Barbosinha (ex-árbitro, trabalhava no departamento de base do Santos) íamos para o Portuários com colete embaixo do braço, apito, para bater escanteio e correr para cabecear. Viajávamos o Brasil inteiro, sempre com o mesmo prazer de trabalhar – conta.



Claudinei não chegou ao profissional "perdido". Isso porque quase todos os meninos que foram titulares na Copinha já o aguardavam na equipe, chamados por Muricy. Coube a ele promover o meia Léo Cittadini e o zagueiro Walace, que passaram a fazer companhia ao goleiro Gabriel Gasparotto, aos laterais Douglas e Emerson Palmieri, aos zagueiros Jubal e Gustavo Henrique, ao volante Alison, aos meias Leandrinho e Pedro Castro e aos atacantes Neílton e Giva - além do atacante Gabriel Barbosa, com quem trabalhou após a Copa São Paulo. O treinador, porém, se isenta de méritos pela ascensão da garotada.


– Os meninos estão lá por mérito próprio. Trouxe agora o Léo, que é um jogador interessante e até pela função dele, um meia canhoto e ofensivo, que a gente não tem, e o Walace, porque ainda acompanhamos a situação do Durval. O Lucas (Otávio, volante) só não subiu ainda porque temos muitos volantes no elenco, mas é um jogador fantástico. Eu fico alegre de saber que eles estão aqui (no profissional) porque o Muricy achou ele eles tinham competência, porque vocês (da imprensa) também acham isso, e porque o torcedor espera vê-los atuando. Subiram por qualidade – diz.


Depois de estrear com um empate em 1 a 1 com o Grêmio, na Vila Belmiro, o Santos de Claudinei foi derrotado pelo Criciúma no Heriberto Hülse por 3 a 1. Na quarta-feira, às 19h30m (de Brasília) o treinador lidera o Peixe contra o Atlético-MG, na Vila, sem saber se esta será sua despedida do banco de reservas. Após o jogo diante do Tricolor, o técnico se colocou à disposição para colaborar com uma eventual transição de comando. Ele, porém, já disse que confia no trabalho para seguir no posto. É aguardar.


Santos taça Copinha estádio (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Claudinei e campeões da Copinha desfilam com troféu na Vila (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)