segunda-feira, 11 de março de 2013

Longe do crack, ex-sereia da Vila sonha com seleção e Olimpíadas


O presente é de esperança para Stephane Gomes dos Santos, a Bebel, ex-jogadora da seleção brasileira de futebol feminino. Quando olha para o futuro, ela sonha em voltar a vestir a camisa do Brasil e disputar os Jogos Olímpicos de 2014. Ela tem muitas lembranças da época em que defendeu o país, o lado bom de um passado com capítulos nada bons de recordar. A página negra foi escrita a partir do momento que ela resolveu experimentar o crack. A droga fez com que acabasse com tudo que havia construído. Longe do vício, ela quer reconstruir a vida e recomeçar a carreira (assista ao vídeo).


- É um sonho que eu tenho, quero ser campeã olimpica dentro do meu país, uma honra de uma glória que não dá nem para explicar. É o que eu quero fazer, é o que eu sei fazer, é o que eu amo fazer. Faço com prazer, com amor - disse.


Acostumada a enfrentar batalhas difíceis dentro de campo, Bebel encarou uma luta complicada fora dos gramados para se livrar da droga, responsável por sua saída do Sereias da Vila, o time feminino do Santos. Durante o período de dependência, ela chegou a ser presa, acusada de tentar furtar um carro, em fevereiro de 2012. Depois deste episódio, decidiu lutar contra o vício e buscou tratamento em uma clínica de reabilitação.


Bebel, ex-jogadora do Santos e da Seleção, está internada em uma clinica de reabilitação drogas (Foto: Rafaela Gonçalves / GLOBOESPORTE.COM)Bebel buscou ajuda em uma clínica de reabilitação

(Foto: Rafaela Gonçalves / GLOBOESPORTE.COM)


- Conheci o crack, vivi o crack, pedi dispensa do Santos em abril (de 2011), de abril até fevereiro foram os piores meses da minha vida. Não precisei de dois anos, três anos para perder tudo. Em nove meses perdi tudo. Fui bem fundo mesmo. Quando a gente está no mundo das drogas, o efeito é tão devastador que você não enxerga mais nada - contou, lembrando que emagreceu pelo menos oito quilos no período.


Após o tratamento na clínica, onde treinava com outros internos, ele voltou a jogar e defendeu o Juventus. O contrato terminou e ela se viu desempregada, não desanimou e buscou trabalho fora dos gramados. Trabalhou como camelô e alegorista de carnaval. Ao recomeçar, ela precisou de muita força e teve de lidar com a desconfiança.


- Muitas pessoas aqui na vila me olham com desconfiança. Hoje, graças a Deus, a droga faz parte do meu passado. Na clínica, aprendi que nós, dependentes químicos, temos que andar com retrovisor e, na hora que olhar e pensar em ir para a droga, olhar o que era há um, dois anos, e ver se vale a pena. Não vale! - afirmou a jogadora.


Aos 24 anos, enquanto não retoma a carreira, Bebel mata a saudade do futebol em um campinho de várzea na Penha, bairro da Zona Leste de São Paulo. Assim como acreditou que poderia vencer o crack e conseguiu, ela mantém a esperança de voltar a brilhar com a camisa da seleção. Foi através do esporte que ela se tornou conhecido e assim que espera ser lembrada.


- O futebol é o que me move. Não tem como falar de Bebel e não falar de futebol - considerou.


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