Ex-camisa 1 de Santos e Ponte Preta, Wilson Quiqueto foi preparador de goleiros da seleção da Arábia Saudita por 18 anos. Ele não nega que o maior "feito" da carreira foi atuar ao lado de Pelé no Peixe, mas tem como outro de seus orgulhos na vida profissional o hoje ex-jogador Mohamed Al-Deayea, eleito melhor goleiro do século 20 na Ásia. O brasileiro, de 66 anos, ajudou na formação do arqueiro, que defendeu os sauditas em quatro Copas do Mundo (duas delas com Quiqueto integrando a delegação árabe, em 1994 e 1998).
Mohamed Al-Deayea, da seleção da Arabia Saudita (Foto: Agência Getty Images)
- A gente ouvia os comentários (durante a Copa), do pessoal elogiando o time, mas principalmente o goleiro. Não tem como não se sentir orgulhoso, ainda mais por se tratar de uma competição do mais alto nível. O cara ser eleito o melhor da Ásia na posição dele, no século, não é para qualquer um - resume Quiqueto.
Wilson Quiqueto trabalhou com Al-Deayah na
seleção saudita (Foto: Lincoln Chaves)
Jogador de handebol quando jovem, Al-Deayea virou goleiro incentivado pelo irmão mais velho, Abdullah - que chegou a ser campeão da Copa da Ásia pela seleção saudita. Alto (1,88 metro) e magro (no auge da carreira, tinha apenas 75 quilos), é descrito por Quiqueto como alguém que "nasceu para jogar no gol". Campeão mundial sub-17 em 1989 pela Arábia, não demorou a estrear pela seleção principal - pela qual atuou 178 vezes. O problema é que, de acordo com o brasileiro, ele só pode se tornar titular quando o irmão parou de jogar.
- Existe o seguinte: o irmão mais velho tem preferência (para ser titular). Então, enquanto o irmão dele (Abdullah) estava na seleção, ele (Mohamed) não jogaria de jeito nenhum - explica.
Mohamed Al-Deayea atuou profissionalmente até 2010, tendo defendido apenas dois clubes na carreira - Al-Ta'ee e Al-Hilal. O goleiro, porém, foi especulado como possível reforço de clubes ingleses no começo da década passada. De acordo com Quiqueto, no entanto, até mesmo times brasileiros manifestaram interesse no saudita.
- Na ocasião, Fluminense e Atlético-MG queriam ele. Não haveria problema dele sair do país e atuar no exterior, mas ele mesmo não tinha essas pretensões. Ele era um cara meio deserto, o que se costumava chamar de "beduíno" - conclui.
Mohamed Al-Deayea se estica para salvar a Arabia Saudita na Copa de 1994 (Foto: Agência Getty Images)