quarta-feira, 23 de abril de 2014

Gaciba: árbitros devem "punir mais" para fazer a bola rolar no Brasileirão


Após a primeira rodada do Campeonato Brasileiro chegar ao fim com uma média de 54 minutos de bola rolando, abaixo do ideal recomendado pela Fifa, o alerta foi ligado em relação à qualidade do espetáculo que tem sido apresentado nos estádios do país. Na opinião do comentarista de arbitragem Leonardo Gaciba , os árbitros não podem ser responsabilizados pelo tempo excessivo de paralisação das partidas. Segundo o especialista, no entanto, a autoridade em campo possui artifícios para valorizar o duelo e punir equipes que se utilizam do excesso de falta como estratégia para retardar o jogo.


- O árbitro é um coadjuvante. Quando os jogadores não querem jogar, fica muito difícil. Vimos isso no jogo da Champions (Atlético de Madri 0 x 0 Chelsea), em que o árbitro ficou assustado com o que viu e, por filosofia, deu nove minutos de extra (no total). O árbitro pode ter atitudes proativas. Ele tem que começar a punir desde o início, fazendo uma arbitragem preventiva. Dar um amarelo a um goleiro que retardar. Tem artimanhas, dentro da regra, para preservar. Fair play também faz parte disso, não é só devolver a bola. O que me preocupa é quando todos os jogos têm esse padrão. Uma das partes da lei do jogo diz que, quando uma equipe insiste em fazer falta, ela tem que ser punida com o amarelo, e os árbitros brasileiros não percebem como um todo. Tem que coibir mais para ajudar esse tempo de bola em jogo - disse.


Marccelo de Lima Henrique árbitro da final Flamengo x Vasco (Foto: Pedro Martins / Agência Estado)Árbitros precisam punir times que retardam o jogo,

diz Gaciba (Foto: Pedro Martins / Agência Estado)


A Fifa recomenda que 60 minutos é o tempo mínimo aceitável de bola rolando para uma partida de futebol, sendo 70 minutos o ideal. Na rodada inicial do Brasileirão, nenhum dos dez jogos alcançou a recomendação. Para Gaciba, a média de 1,6 gol por jogo da jornada ficou bastante abaixo da média do torneio em 2013, que registrou 2,5 tentos por partida.


- A culpa é do sistema como um todo. É como descobrir quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha, pois não existe inocente, todos são culpados. Acho que esse levantamento mostra o espetáculo que está sendo mostrado ao público. Não podemos ter essa média baixíssima em uma rodada inteira. Nenhum dos jogos teve uma hora de espetáculo para um torcedor que paga 90 minutos com acréscimos. O futebol brasileiro como um todo. Média foi de 34,5 faltas por jogo, que é muito alta. Chegamos a ter 52 faltas em um jogo (Chapecoense 0 a 0 Coritiba). Tivemos três empates em 0 a 0 nesta primeira rodada, o que nunca tinha acontecido nos pontos corridos - disse.