terça-feira, 2 de setembro de 2014

Vice-presidente do Grêmio faz críticas a Aranha: "Uma grande encenação"


O vice-presidente do Grêmio Adalberto Preis se manifestou nesta terça-feira em sua conta oficial no Twitter sobre as injúrias raciais proferidas por torcedores contra o goleiro Aranha, do Santos, na Arena, na última quinta. As suas declarações geraram polêmicas ao se destinarem ao camisa 1 santista.


Adalberto Preis é um dos vice-presidentes que integram o Conselho de administração da gestão de Fábio Koff. Preis, inclusive, chegou a ocupar interinamente a presidência, na ausência do presidente. O Grêmio será julgado nesta quarta-feira no STJD e pode ser excluído da Copa do Brasil.


- Sabem por que o árbitro não ouviu nem presenciou? Porque não houve. Foi tudo uma grande encenação do goleiro para fazer cera - escreveu.


adalberto preis grêmio twitter aranha (Foto: Reprodução/Twitter)Vice-presidente do Grêmio questionou ofensas a Aranha (Foto: Reprodução/Twitter)


A publicação faz referência a Wilton Pereira Sampaio, que não anotou o episódio na súmula da partida, logo após o término do confronto. A menção sobre o ocorrido só foi registrada em um adendo, publicado no dia seguinte. Ainda assim, o árbitro afirmou que só teve conhecimento das injúrias por meio da imprensa e que “nenhum integrante da arbitragem” presenciou os atos.


- Informo que ao chegar ao hotel, advindo do estádio, por volta das 23:50h, tive conhecimento através da imprensa que durante a partida existiram atos de racismo oriundos da torcida do Grêmio direcionados ao goleiro da equipe do Santos F.C., Sr. Mario Lúcio Duarte Costa, nº 1. Relato que aos 41 minutos do segundo tempo, durante uma paralisação do jogo, dois atletas que se encontravam no banco de reservas da equipe do Santos, nº 7, Sr. Robson de Souza e nº 10, Sr. Gabriel Barbosa Almeida, me relataram que o goleiro da sua equipe estava sendo vítima de atos de racismo, momento em que me dirigi até o referido atleta, o mesmo confirmou tal fato. Contudo, nenhum integrante da equipe de arbitragem ouviu ou presenciou tais atos. Após esta paralisação o jogo teve prosseguimento normal sem qualquer relato de outro atleta - acrescentou Sampaio à súmula.


Entenda o caso


O incidente no jogo entre Grêmio e Santos, na Arena do Grêmio, ocorreu aos 42 minutos do segundo tempo, quando Aranha reclamou com o árbitro Wilton Pereira Sampaio, alegando ter sido vítima de xingamentos por parte da torcida. O juiz mandou a partida seguir, mesmo sendo alertado por jogadores do Santos dos incidentes que ocorriam fora de campo.


torcedora gremio racismo aranha (Foto: Reprodução)Torcedora foi flagrada gritando "macaco" na torcida do Grêmio (Foto: Reprodução)


A jovem mostrada pelas imagens do canal ESPN foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar. Patrícia Moreira era funcionária de uma empresa terceirizada e prestava serviços de auxiliar de odontologia na clínica da polícia militar gaúcha. As imagens da torcedora ofendendo o goleiro santista começaram a circular pelas redes sociais logo após a partida. Aranha registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia na sexta (29).


Diante da repercussão, Patrícia evitou dormir em casa nos últimos dias. Ela se refugiou em residências de parentes e amigos para evitar retaliação. Pedras foram jogadas em direção a sua casa na noite de sexta-feira. O GloboEsporte.com visitou a região na tarde de sábado e ouviu os vizinhos. Amigos negros da menina de 23 anos garantem que ela não é racista.


As injúrias raciais proferidas por torcedores gremistas contra o goleiro tiveram mais um desdobramento. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) acatou o pedido da Procuradoria de Justiça Desportiva e suspendeu o jogo de volta entre as duas equipes, na próxima quarta-feira (3), até que o caso seja julgado. No primeiro duelo das oitavas da Copa do Brasil, os paulistas bateram os gaúchos por 2 a 0.


O Grêmio responderá por ato de discriminação racial por parte de torcedores, além do arremesso de papel higiênico no gramado e atraso. O clube corre risco de exclusão na Copa do Brasil e multa de até R$ 200 mil. A denúncia se apoia no artigo 243-G (discriminação racial) e no 213 (arremesso de objeto em campo), ambos do CBJD. O clube responde ainda ao artigo 191 por descumprir o regulamento e entrar em campo três minutos após o horário previsto.