sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Em debate sobre mão na bola, Sérgio Corrêa diz que Fifa quer ver mais gols


Presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Sérgio Corrêa da Silva foi convidado pelo para discutir um tema polêmico: os recentes pênaltis marcados pelos árbitros brasileiros por mão na bola. Por uma nova interpretação da Fifa, o critério adotado pelos apitadores mudou, o que aumentou o número de marcações.


De acordo com o dirigente, as novas interpretações vêm sendo discutidas desde 2013, mas passaram a entrar em vigor em abril deste ano. Em um fórum, foram exibidos e discutidos 26 vídeos com diferentes situações. Elas, porém, não estão escritas na regra.


- O conceito estava muito bem definido, o Brasil conseguiu com muita dificuldade equalizar essa situação de bola na mão e mão na bola. Intenção e não intenção. Com essas novas orientações, pedimos para que a Fifa nos mandasse por escrito. A resposta foi que as orientações tem as considerações e a decisão que a Fifa entende como corretas (...) Pedi para que colocassem os vídeos no site da Fifa. Nós, Alemanha, Itália, Espanha e Portugal já vimos situações semelhantes. No olhar de anos atrás, nenhum dos lances pode ser interpretado como falta. No novo olhar, o árbitro tem o direito de interpretar dessa forma. A Fifa não dá orientação para ajudar a defesa. Ela quer que a bola entre e saia mais gols.


Corrêa garante que os árbitros brasileiros têm o entendimento correto da regra, apesar de cada árbitro parecer ter um critério a cada rodada de Campeonato Brasileiro.


- Esse assunto foi muito debatido por 72 árbitros e oito instrutores em abril. É claro que eles falaram: "Poxa, o assunto ampliou". Mas o árbitro tem mais ferramentas para definir. Ver se abriu o braço em demasia, se ao correr ele toca na bola, as informações estão nos 26 vídeos. De agosto para cá as situações apareceram mais, mas o conceito para nós é muito claro - garante.


Uma marcação usada como exemplo para a discussão foi a que ocorreu na vitória do Flamengo contra o Corinthians, por 1 a 0. Na ocasião, Everton chutou, a bola bateu no braço de Fagner - que estava colcado ao corpo - e Sandro Meira Ricci pitou pênalti - Cássio defenderia a cobrança de Eduardo da Silva.


FRAME - Pênalti Flamengo e Corinthians Everton e Fagner (Foto: Sportv)Pênalti de Fagner no jogo entre Flamengo x Corinthians Foto: Sportv)


- Ele viu o jogador do Corinthians fazendo um movimento no sentido de bloquear com braço. Entendeu bloqueio - explicou Corrêa, antes de Leonardo Gaciba dizer:


- Sandro errou na marcação desse pênalti. Fagner toma todos os cuidados para não correr risco algum de ser marcado o pênalti. A Fifa quis deixar menos interpretativo a mão na bola e deu mais itens: velocidade da bola, distância da bola, a bola que vem de surpresa, se corre risco por estar em posição de bloqueio, se está em um movimento natural ou não. Para mim o grande erro da Fifa foi: tu não pode passar esse conceito para os árbitros se não estão escritos na regra do jogo. É injusto. Botem na regra do jogo que a partir daí fica claro. A Fifa pode fazer um vídeo e mostra para o mundo inteiro qual será a regra do jogo e a interpretação do árbitro - aconselhou.


BOLA NA MÃO APÓS CARRINHO


Pênalti Fluminense x Palmeiras (Foto: Reprodução)Pênalti de Fluminense x Palmeiras (Reprodução)


Leonardo Gaciba explicou que pênaltis como o marcado por Elmo Alves da Cunha na goleada do Fluminense por 3 a 0 contra o Palmeiras serão comuns. Na ocasião, Wagner foi á linha de fundo no lado direito do campo, cruzou e a bola bateu no braço do jovem Renato, do Verdão, que deu carrinho para interceptá-la. Mesmo involuntário, o movimento foi irregular.


- Quando vou fazer um cruzamento ou chute a gol, o jogador se atira para bloquear a bola. Se faz isso com o braço, utiliza uma parte do corpo que a regra não permite. Então só não vão punir com o braço em frente do corpo ou exatamente colado nele - esclarece.


BOLA NA MÃO NA BARREIRA


Uma situação que gerou polêmica durante o programa foi a afirmação de Sérgio Corrêa da Silva de que se o jogador estiver na barreira de uma falta e impedir a bola de acertar rosto com o braço terá a penalidade assinalada.


- Se interpretar como bloqueio, o árbitro pode marcar falta, sim - garante.