sábado, 30 de junho de 2012

Pupilo de Neymar, Victor Andrade sonha ser titular até o fim do ano




Victor Andrade sequer completou 17 anos, mas já não é mais apenas o "menino prodígio das categorias de base do Santos". O garoto está no elenco profissional do Peixe desde o começo do mês e só precisou de dois dias para estrear, aos 16 anos e oito meses, diante do Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro. E para quem achava que o jogador só estava "tapando buraco" durante a Taça Libertadores da América, uma surpresa: nos treinos da última sexta-feira, Victor até "substituiu" Borges entre os titulares em parte do coletivo comandado por Muricy Ramalho, de olho na partida deste domingo, às 16 horas, diante da Portuguesa.


Isso não significa que o atacante sairá jogando ou tenha chances de começar o jogo no Canindé, mas evidencia o bom momento vivido pelo atleta na Vila Belmiro. Elogiado pela atitude demonstrada nos cerca de nove minutos que esteve em campo pelo Brasileirão (Victor também entrou na segunda etapa da derrota para o São Paulo, no Morumbi), o garoto admite que tudo vem ocorrendo de forma muito rápida, até inesperada, mas já sonha alto: até o final do ano, espera se firmar entre os titulares e atuar ao lado de Neymar - que já "adotou" o mais novo Menino da Vila.


- Ele diz que sou o "pupilo" dele. Temos amigos em comum, e a gente já costumava se encontrar na casa dele, ou sair para comer temaki. Tem professor melhor? Se não aprender a jogar bola com esse (professor), é melhor parar (risos) - conta.


Victor Andrade treino Santos (Foto: Ivan Storti/Divulgação Santos FC)Victor Andrade, em treino do Santos no CT Rei Pelé (Foto: Ivan Storti/Divulgação Santos FC)


Hora da virada

O atual momento de Victor Andrade não estava assim previsto no começo do ano. O atacante era apontado como principal estrela do Santos na Copa São Paulo de Juniores, mas não apresentou o futebol que dele se esperava e deixou o torneio nas oitavas de final, com apenas dois gols em cinco partidas. O próprio jogador admite que o rendimento na Copinha foi aquém do aguardado.


- Fui mal (na Copinha). Não sei dizer (o porquê). Não estava dando certo. Comecei a ficar nervoso, queria driblar e errava. Daí formava aquela bola de neve - recorda.


A "reviravolta" veio com a surpreendente convocação para a seleção brasileira sub-20 que disputaria o Torneio Oito Nações, na África do Sul. Mais jovem integrante da equipe dirigida por Ney Franco e que ainda tinha jogadores como Bruno Mendes (titular do Guarani no Paulistão) e Ademilson (artilheiro do Brasil no Mundial Sub-17 do ano passado), Victor não chegou a ser titular, mas entrou bem quando alçado a campo - deixou sua marca na vitória sobre o Japão - e foi um dos destaques do time, que acabou campeão.


- Não esperava (ser convocado). Estava saindo de um treino quando vi um recado do Emerson (Palmieri, lateral-esquerdo do sub-20 santista) me parabenizando. Fui olhar a lista e vi lá o meu nome, o último na lista. Pensei: 'Que beleza!'. Acabou sendo minha volta por cima, pois cheguei e logo no primeiro treino, vi que deu tudo certo. Os gols saíram, as bolas entraram... Tudo acabou deslanchando - lembra.


victor andrade santos x fluminense (Foto: Divulgação/Flick Santos)Victor Andrade estreou contra o Fluminense

(Foto: Divulgação/Flick Santos)


Mas as boas notícias daquele começo de junho não se limitaram ao título na África. Mal chegou ao Brasil, Victor Andrade foi informado de que Muricy Ramalho contava com ele para o time profissional do Peixe. Não bastasse, o atacante foi a campo logo na primeira vez em que foi relacionado, substituindo Alan Kardec aos 43 minutos do segundo tempo do jogo contra o Fluminense. Antes disso, no entanto, seu nome já era cantado pela torcida na Vila Belmiro, ansiosa em ver a jovem pérola alvinegra em ação.


- Eu particularmente esperava começar a treinar e jogar com os profissionais só ano que vem. Nem acreditei. Pensei que era brincadeira quando me falaram, mas meu pai confirmou que era verdade. Quanto a jogar, achei que ele (Muricy) ia segurar um pouco, talvez dar uma chance no terceiro jogo. Mas naquela partida, ele não tinha outra opção de ataque no banco e falou: "Vem você, moleque". Até me assustei. Perguntei: "Eu?". Ele confirmou e me botou no jogo. Graças a Deus, deu tudo certo - recorda.


Apesar do pouco tempo em campo, Victor já fez o suficiente para receber elogios até do experiente Léo. Após a derrota do Peixe para o São Paulo, o lateral-esquerdo cobrou que os mais jovens da equipe "produzissem mais", mas elogiou a aplicação do atacante, destacando que nos quatro minutos em que atuou, o "menino de 16 anos foi para cima, sem medo". O veterano jogador, inclusive, foi um dos primeiros a conversar com o garoto após a promoção ao time de cima, além do meia Elano.


- Eles (Léo e Elano) disseram para eu ficar tranquilo e não tentar fazer nada de uma vez. Falaram para eu dar o passe, chutar e driblar, mas sempre me movimentando. O pessoal mais velho, como eles, Durval e o (Edu) Dracena dão bastante moral, apoiam e passam experiência - conta.


Passado e futuro

Nascido em Aracaju (SE), Victor Andrade chegou ao Santos em 2007, após conhecer o futebol do garoto, então no Benfica, de Portugal, em uma reportagem do Fantástico. Fã declarado de Robinho, o atacante não demorou a chamar atenção na base santista, sendo até especulado para clubes do futebol europeu. O Peixe, porém, manteve o jogador na Vila Belmiro e no ano passado firmou o primeiro contrato do jovem, com duração até 2014 e multa rescisória de 50 milhões de euros (R$ 124 milhões), à época superior a do próprio Neymar (então de 45 milhões de euros).


Pela base alvinegra, trabalhou com diferentes treinadores, mas um em especial é apontado pelo garoto como o mais importante: Abel Verônico, ex-jogador do Santos e técnico do sub-17 santista em 2011.


- Ele me deixou o ano passado todo no banco. Eu ficava bravo para caramba (risos), perguntava: "Puxa, professor, estou fazendo gols, por que não entro?" E ele explicava que era para eu aprender, porque eu era muito cabeça quente. Foi um grande aprendizado para mim - recorda.


E o futuro? Victor adota o discurso de seguir "trabalhando forte" e coloca como um dos objetivos estar na Seleção para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, passando antes pelo Sul-Americano e Mundial Sub-20, no ano que vem. Mas primeiro, o santista quer se firmar no time de Muricy Ramalho. E sonha em alcançar a meta ainda esse ano.


- Quero jogar o Brasileirão. Lógico que respeitando os companheiros de ataque, como o Borges, o Dimba e o Caveirinha (apelido do atacante Geuvânio, também revelado na base do Santos). Mas quero chegar aos titulares até o final do ano. É o próximo objetivo - concluiu.


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