sábado, 12 de abril de 2014

Capitão de última virada em finais, Fábio Costa aposta em título do Peixe


Em 2007, o Santos se recuperou da derrota por 2 a 0 no primeiro jogo da final do Campeonato Paulista e, com uma vitória também por 2 a 0 na partida de volta, gols do zagueiro Adailton e do atacante Moraes, sagrou-se campeão estadual pela 17ª vez. Anos depois da última virada santista em decisões, o Peixe se vê, outra vez, tendo de reverter um resultado para ser campeão - neste domingo, às 16h (de Brasília), o Alvinegro encara o Ituano no Pacaembu e, superado por 1 a 0, tem de vencer por ao menos dois gols de diferença para ficar com o título. Algo perfeitamente viável na visão do capitão da equipe praiana na reviravolta de sete anos atrás, o ex-goleiro Fábio Costa .


À época com 31 anos, Fábio era um dos líderes do experiente elenco do Santos, que tinha nomes como o volante Maldonado, o zagueiro Antonio Carlos, o lateral-esquerdo Kleber e os meias Zé Roberto e Pedrinho - o técnico era Vanderlei Luxemburgo. Mesmo com tantos nomes rodados, o Peixe sucumbiu à marcação do São Caetano e saiu derrotado do primeiro jogo, no Morumbi, diante de 32 mil torcedores. Um tropeço sentido, ainda mais por ser apenas o segundo do time que, assim como em 2014, tinha a melhor campanha do Paulistão.


- No primeiro momento bate a tristeza da derrota. Éramos um grupo qualificado, todos sabíamos do nosso potencial, e tínhamos um treinador acima da média. Então o trabalho ao longo da semana foi basicamente psicológico, principalmente porque o time já estava montado tecnicamente e taticamente. O Vanderlei, naquele momento, tentou tirar (do elenco) a responsabilidade de ter de ganhar de qualquer jeito. A gente sabia disso, mas ele quis deixar o time mais solto para desenvolvermos melhor nosso potencial - diz Fábio Costa.


Fábio Costa ex-goleiro Santos (Foto: Bruno Gutierrez)Fábio Costa lembra virada na decisão do Campeonato Paulista de 2007 (Foto: Bruno Gutierrez)


Após a derrota do último domingo, o goleiro Aranha admitiu: a semana até o segundo jogo da final seria maçante, longa. Em 2007, também foi assim, mas com algumas diferenças. Na ocasião, o Santos teria um compromisso importante no meio de semana: a primeira partida das oitavas de final da Libertadores, contra o Caracas, na Venezuela - mesmo com a decisão do Paulista pela frente, o Peixe viajou com força total e empatou em 2 a 2. Apesar disso, garante Fábio Costa, o elenco estava focado na virada contra o São Caetano.


- É uma semana atípica. Você decide os três primeiros meses de trabalho em seis meses. Não existe milagre, segredo. O que te levou à final foi o trabalho de todos os dias. Quando se sai atrás no placar, o problema é mais emocional, mas, se você tem um grupo focado, mostra aos jogadores que eles chegaram lá pela competência deles, a chance de reverter um resultado é maior. Parece difícil, mas sabemos que, quando chega uma reta final, a camisa pesa, a tradição faz diferença - diz Fábio Costa.


Uma curiosidade de 2007 é que, na preleção que antecedeu o segundo jogo da decisão, Luxemburgo mostrou aos atletas um vídeo motivacional resgatando a campanha santista e a reação de familiares e torcedores nas arquibancadas, embalado pela canção "O Campeão", da dupla Chitãozinho e Xororó. No vestiário, o choro tomou conta e, de alguma forma, "inflamou" os jogadores, fossem eles jovens ou veteranos.


- Não que vídeos motivacionais fossem uma novidade, mas o Vanderlei sabia o que fazer para tocar aquele grupo. Ele foi muito feliz na preleção. Esse lado familiar, a sincronia entre time e torcida, faz diferença e, para nós, foi muito especial - lembra.


Fabio Costa, Santos Trofeu Paulistão 2007 (Foto: Globoesporte.com)Goleiro era o capitão do Peixe na conquista do Paulistão em 2007 (Foto: Globoesporte.com)


Essa sincronia com o torcedor, aliás, fez diferença no Morumbi: quase 60 mil santistas empurraram a equipe, do começo ao fim da partida, com o cântico "Santos, o time da virada; Santos, o time do amor". Para este domingo, todos os ingressos destinados aos torcedores do Peixe se esgotaram. Fábio Costa crê em festa semelhante no Pacaembu.


- O torcedor santista sempre foi muito presente. Esse grupo de agora é bastante jovem, então a participação do torcedor, de passar confiança aos atletas neste momento, é primordial. É importante para o jogador saber do carinho do torcedor. Eu joguei futebol por 22 anos e já vi jogos serem decididos em dois, três minutos. O torcedor não pode deixar de acreditar - diz Fábio Costa.


O ex-goleiro vê diferenças entre as gerações de 2007 e 2014. Ele lembra, por exemplo, que o time de sete anos atrás era mais experiente e, no ano anterior à final contra o São Caetano, tinha acabado de encerrar um jejum de 18 anos sem títulos estaduais, enquanto o atual, embora seja mais jovem, está na sexta decisão seguida no Paulistão. Apesar disso, Fábio Costa não tem dúvidas de que o Peixe conseguirá uma nova virada.


- O Ituano tem um trabalho sério, mostrou ter um time organizado e efetivo, mas, pelo que mostrou na competição toda, o Santos tem ampla condição de reverter. É um grupo jovem, mas já experimentado. Tem o Leandro Damião como estrela, mas também meninos de talento, como o Gabigol e o Geuvânio. Não é a toa que tem goleado tanto. Acredito que, no domingo, o Santos não só será campeão como o fará jogando bem - prevê, pedindo aos veteranos do elenco que tirem a pressão da garotada em campo.


- Chegar ao primeiro gol não tem mistério. Quem é mais experiente tem que chamar o jogo. Se o veterano entra afobado, os jovens perdem a referência. Eles precisam dessa segurança, não só taticamente - conclui.