Uma cena pouco comum na Vila Belmiro nos últimos três anos marcou o apito final do empate por 2 a 2 entre Santos e Coritiba, pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro. Chateada com o tropeço da equipe, quatro dias após a eliminação para o Corinthians nas semifinais da Taça Libertadores da América, a torcida santista vaiou o time na saída do campo.
A reação dos torcedores foi o principal assunto da entrevista coletiva do técnico Muricy Ramalho após o jogo. O treinador admitiu não estranhar a manifestação das arquibancadas e disse entender as vaias. No entanto, pediu à torcida compreensão com o elenco e apoio nesse momento pós-eliminação.
- É assim mesmo. A gente não pode estranhar (as vaias). O que ganhou fica no passado, é rapidamente esquecido. Futebol é assim. Só que eles (torcida) têm de nos apoiar. É agora que mais precisamos deles. Sem esse apoio, será complicado. A torcida tem de entender que se esse grupo não está ganhando, não é por falta de vontade. É um momento que estamos passando, e ela tem de ir junto com a gente - analisou.
Muricy também reconheceu que o time ainda não digeriu totalmente o baque sofrido com o adeus na Libertadores, por ter ficado tão perto de mais uma decisão. Contudo, reforçou sua confiança no elenco e considerou que a equipe logo deixará de lado a eliminação diante do Corinthians e reagirá no Brasileirão.
- É uma fase de ressaca mesmo. Chegamos entre os quatro melhores (da Libertadores) e, por detalhes, não fomos para a final. Temos de ter calma para recuperar os jogadores, indo de pouco a pouco. Viemos de um jogo desgastante na quarta, e enfrentamos uma equipe forte, como o Coritiba. É natural os jogadores perderem um pouco da confiança, mas daqui a pouco esse time dará uma resposta boa novamente - defendeu.
Apesar do momento pouco agradável no Brasileirão - o Peixe é apenas o 18º colocado, com quatro pontos, na zona de rebaixamento - o treinador santista não demonstra aborrecimento ou grande preocupação. Algo que, segundo Muricy, é fruto da experiência de quem já arrebatou três títulos nacionais após três eliminações seguidas na Libertadores, entre 2006 e 2008.
- No futebol, a gente não deve ficar muito empolgado quando ganha, nem muito aborrecido quando perde. É preciso ter equilíbrio e é esse cuidado que eu busco ter. É nessa hora que os caras do futebol mostram capacidade. Quando está tudo bem, é fácil. Acho que é momento de se ter cuidado com o que vai decidir ou falar. Com a experiência que tenho, é o que penso - concluiu.
Muricy Ramalho orienta a equipe contra o Coritiba (Foto: Ricardo Saibun / Divulgação Santos FC)