Pelé foi erguido por Aguinaldo e levantou a bola do milésimo gol no Maracanã (Foto: Arquivo)
O dia 19 de novembro de 1969 entrou para a história com o milésimo gol da carreira de Pelé . As cenas que sucederam o balançar das redes de Andrada naquela noite também estão marcadas. A invasão dos fotógrafos, as frases (“Pensem nas criancinhas”) e, claro, o Rei sendo erguido por um dos companheiros em meio ao aglomerado de pessoas. E coube ao camisa 1 santista naquele dia, Aguinaldo Moreira, encontrar a brecha entre os jornalistas para levantar o ídolo no Maracanã. O que levou o hoje ex-goleiro a tomar aquela atitude? Nem ele próprio sabe.
- Foi coisa de garoto, né? De moleque mesmo. Eu era novo (26 anos). E aquela euforia toda de o gol ter sido no Maracanã lotado. Não sei o que me deu na cabeça. Quando o Pelé fez o milésimo (gol), não dava para chegar perto. Nem sei como eu consegui. Carreguei o Pelé e ia dar a volta olímpica com ele pelo Maracanã. Mas estava pesado (risos). A perna começou a dobrar e eu quase caí. Foi espontâneo, mas é algo que marcou - recorda Aguinaldo, hoje com 70 anos.
Aguinaldo recorda participação em jogo histórico até em cartão de visitas (Foto: Reprodução)
A sensação de ter feito parte daquele jogo, até hoje, emociona o ex-goleiro. Tanto que até em seu cartão de visitas ele lembra ter sido o titular do Peixe na noite do milésimo gol de Pelé.
- Foi maravilhoso, sensacional. Foi um momento que até hoje é lembrado. Todos lembram que eu carreguei o Pelé. Arruma até emprego (risos) – conta, admitindo que ser o goleiro daquele Santos não era das missões mais difíceis.
- Era fácil! Um time com Carlos Alberto, Ramos Delgado, Djalma Dias, Rildo, Clodoaldo, Edu, Manoel Maria, Pelé... Era a seleção brasileira! Se eu tomava dois, o Pelé fazia três – brinca.
Mágoa com demissão na década de 90
Aguinaldo, Carlos Germano e Fábio Costa (Foto: Arquivo Pessoal / Aguinaldo Moreira)
Se as memórias enquanto jogador do Santos são felizes, o mesmo Aguinaldo não diz do tempo em que foi preparador de goleiros do clube praiano entre 1999 e 2000. Ele lamenta ter sido mandado embora apesar de ter ajudado os então arqueiros do Alvinegro Carlos Germano e Fábio Costa a chegar à seleção brasileira na ocasião.
- Do Santos (como preparador), não tenho coisas boas (para lembrar). Na minha melhor fase eu saí. Foi o ano que eu coloquei o Carlos Germano e o Fábio (Costa) na seleção (olímpica). Mas não é o Santos distintivo, mas o Santos cúpula. Acho que ela (diretoria) não foi tão profissional assim. É difícil esquecer uma coisa dessas – conclui.
Aos 70 anos, Aguinaldo ainda se orgulha de fazer parte da partida do milésimo gol de Pelé (Foto: Lincoln Chaves)