Bruno Cassucci - 12/12/2012 - 08:00 São Paulo (SP)
Josefina Farah, mulher de Eduardo José Farah, ex-presidente da Federação Paulista de Futebol, foi a mentora da contratação de Emerson Leão para ser treinador do Santos em 2002. Sócia do técnico em uma fazenda, ela insistiu para que Marcelo Teixeira, presidente do Peixe na época, desse uma chance ao comandante, que estava em baixa após ser demitido da Seleção. O dirigente resistiu, mas, sem opções e dinheiro, decidiu marcar um almoço com o técnico.
Embora insatisfeito com o projeto do clube, que não tinha recursos para contratações, e com o salário proposto, Leão aceitou. Por que?
– É simples. Eram jogadores desconhecidos, sem dinheiro, faixas de cabeça para baixo... tinha “any” motivos negativos. Mas o único positivo era um que o ser humano gosta: desafio – disse o treinador, ao LANCE!Net.
Com tempo de sobra para trabalhar (mais de três meses antes do começo do Brasileirão), ele não só domou a garotada, como também passou a entrar nas brincadeiras dos garotos. Apesar da fama de linha-dura, ele caiu no gosto dos meninos.
– O Leão não é chato. Ele é muito chato! Tínhamos medo, mas perdemos depois. No fim, a gente sacaneava ele, que até virava para não rir na nossa frente – relembra Robinho.
Foi do treinador a ideia de marcar um amistoso contra o Corinthians antes do Brasileiro, na Vilas. Mesmo sendo tachado de louco por encarar o campeão do Rio-SP e da Copa do Brasil, ele marcou o jogo e prometeu ao presidente Marcelo Teixeira que, em caso de vitória, não pediria mais reforços – Leão nega e diz que já estava “fechado” com aquele grupo. O triunfo por 3 a 1 – com olé – foi um divisor de águas para aquele time.
Apesar da união entre comandante e comandados, o técnico, hoje desempregado, ressalta:
– Não tinha nada de família Leão. Existia a família Santos!
Mesmo rígido, ele ganhou a confiança e a amizade dos atletas, que dez anos depois não se esquecem das chatices do técnico, mas agradecem ao professor pelas lições.
Leão no Peixe
Contratação
Em uma churrascaria na capital paulista, Leão acertou sua ida para o Santos. Ele pediu a contratação de Romário, do meia Ramon, do zagueiro paraguaio Enciso e do meia Adriano Gabiru, mas não foi atendido.
Aumento(s)
Na mira do Palmeiras, o treinador foi valorizado pelo Santos no meio do Brasileiro. Comenta-se que ele também pediu um aumento ao saber que Robert ganhava mais do que ele.
Broncas
Leão reclamava do uso de chuteiras coloridas. Além disso, a noite, passava nos quartos das concentrações recolhendo celulares e videogames.
Frases:
"O cara querer pegar celular e computador não existe. É a única bronca que eu tenho do Leão. Não tinha nada que tirar. Sei que você quebrou muito galho meu, Leão, mas tirar celular não dá? É palhaçada”, Léo, lateral-esquerdo e amigo do treinador.
“Minha relação com ele é muito boa, de respeito, amizade. Costumo ter boas relações com todos,mas o Leão foi especial porque ele me ensinou muitas coisas , ele conversava muito comigo e trago isso até hoje”, Elano, ex-meia do Peixe.
“Com o tempo, o Leão entrou no espírito dos meninos e até piada fazia”, Alberto, camisa 9 do time de 2002.
“Sou muito grato ao Leão. Ele me deu uma responsabilidade grande, de ser capitão", Paulo Almeida, ex-volante santista.
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