quinta-feira, 8 de maio de 2014

Irmãos recordam estreia do Santos em Manaus e duelo contra Pelé


O jogo desta quinta-feira, às 21h50 (de Brasília), contra o Princesa do Solimões, na Arena da Amazônia, pela segunda fase da Copa do Brasil, marca o retorno do Santos a Manaus após três décadas. A primeira vez do Alvinegro na cidade (onde, aliás, nunca perdeu na história), foi há 46 anos, no Torneio da Amazônia. Uma ocasião especial para os irmãos Piola, que, naquele dia 9 de agosto de 1968, tiveram pela frente Pepe, Manoel Maria, Ramos Delgado... E Pelé.


Santos Fast (Foto: Acervo Carlos Zamith / Baú Velho)Santos em ação pela primeira vez em Manaus, contra o Fast (Foto: Acervo Carlos Zamith / Baú Velho)


Antonio, Edson e Zequinha Piola eram três dos principais nomes do Fast, um dos mais tradicionais clubes de Manaus. Eles atuaram juntos na maior parte de suas carreiras - segundo Antonio, hoje aos 68 anos, por ordem do pai, que não os queria ver em lados opostos. Os irmãos nada puderam fazer contra o Santos, que venceu por 3 a 0, gols de Pepe, Pelé e Werneck. Detalhes do episódio, porém, estão vivos até agora na memória de Antonio e Edson (Zequinha, ex-zagueiro, faleceu há cinco anos).


O primeiro, inclusive, considera a partida uma das grandes alegrias da carreira, ao lado dos títulos amazonenses que conquistou e de uma vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians, no Campeonato Brasileiro de 1972, quando defendia o Nacional.



- Foi uma emoção grande. O Pelé já era o maior do mundo, e o Santos tinha um senhor time. No primeiro tempo, fizemos um jogo memorável. Atacamos, seguramos e fomos para o intervalo empatados em 0 a 0. Só que, no segundo tempo, a equipe estava morta (risos). Não existia uma preparação física como a de hoje para enfrentar aquele Santos. E aí, o domínio deles foi total - lembra o ex-lateral-direito, que, na ocasião, teve a missão de marcar Pepe.


- Era difícil demais (risos). Ele fez o primeiro gol do Santos. Chutou da intermediária, uma bomba. Quando cheguei na frente dele, já tinha batido, lá do meio da rua. Jogava demais. Mostrou porque é o "Canhão da Vila". De qualquer forma, foi um dos dias mais inesquecíveis da minha vida - conta.


Edson Piola, hoje aos 70 anos e de uma gráfica em Manaus, é considerado um dos grandes atacantes do futebol amazonense. Ele ainda guarda na memória a formação santista: Gylmar, Wilson, Ramos Delgado, Joel Camargo e Turcão; Douglas e Lima; Manuel Maria, Negreiros (Werneck), Pelé e Pepe. A derrota, claro, é lamentada, mas também compreendida pelo ex-jogador.


- Não deu para reagir. Era uma época que o futebol amazonense ainda estava se profissionalizando, estava engatinhando - diz.<b></b>


Na torcida, outra vez


Historiador (Foto: Lincoln Chaves)Francisco Carlos Bittencourt mostra foto da estreia do Peixe em Manaus (Foto: Lincoln Chaves)


O coração do historiador Francisco Carlos Bittencourt, de 68 anos, é alvinegro - duas vezes. Além de torcedor do Rio Negro, um dos clubes mais tradicionais do Amazonas, ele é também apaixonado pelo Santos, e foi um dos 17 mil torcedores que estiveram no Estádio Ismael Benigno para acompanhar Peixe e Fast. Francisco tinha só 13 anos, mas não esquece os dribles de Pelé e a bomba de Pepe.


- Lembro com clareza do jogo. Foi um primeiro tempo parelho, os times se estudando. No segundo tempo, o Santos começou a envolver o Fast, fragilizou a defesa adversária, e chegou aos gols. O petardo do Pepe, os lances extraordinários do Rei... Tudo fazia a torcida vibrar, mesmo contra um time da região. Valeu muito a pena estar lá, pois nunca tinha podido ver aquele Santos ao vivo - conta.


Tanto Antonio quanto Francisco podem marcar presença na Arena da Amazônia nesta quinta-feira. O primeiro admite que o Santos de 2014 "não é nem sobra" do time que já esteve por lá. O segundo, porém, já é mais otimista quanto ao que poderá ver no estádio.


- Estou com uma expectativa grande. Fala-se que o Santos estará só com os reservas e tal... Mas não vejo assim. O Santos tem uma bela estrutura, forma grandes jogadores. Quero um bom espetáculo. Mas espero que o Santos vença (risos) - diz o historiador.