sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Dez Anos da Pedalada: Mais que um título, uma página virada


Bruno Cassucci - 14/12/2012 - 08:03 São Paulo (SP)


Robinho e Neymar (Foto: Ivan Storti)


Mais do que tirar o Santos da fila de 18 anos sem títulos, a conquista do Brasileirão de 2002 serviu para reerguer o clube, que enfrentava graves problemas financeiros e via sua exposição e torcida diminuírem cada vez mais.


O gigante, antes adormecido, acordou. A melhor representação da mudança alvinegra está nos oito troféus levantados desde então: um Brasileiro (2004), cinco Paulistas (2006, 2007, 2010, 2011 e 2012), uma Libertadores (2011) e uma Recopa Sul-Americana (2012).


Após anos de sofrimento, a torcida do Peixe resgatou o orgulho.


– A gente sofreu muito. Foi praticamente um abandono. A imprensa da época esqueceu que a gente existia. Era quase um título quando você via alguém com a camisa do Santos na rua. O mais dolorido era a falta de informação, em São Paulo quase nenhum veículo falava da gente. Machucava – conta Dênis Almeida, torcedor alvinegro.


O “boom” de Diego e Robinho recolocou o Santos na mídia, mesmo sem títulos em 2003. Além disso, o clube, que desde a era Pelé só via o número de torcedores cair, reverteu o quadro. Anos depois, a geração Neymar consolidou e acelerou ainda mais esse crescimento.


– O maior legado que deixamos foram os torcedores, que aumentaram como está acontecendo agora. A molecada vinha no campo, ia no treino, todo mundo comprou camisa do Robinho, do Diego... – recorda-se o técnico Emerson Leão, ao LANCE!Net.


Há, porém, quem discorde do treinador e diga que a maior herança de 2002 está na estrutura. Com o dinheiro da venda de alguns jogadores, o Santos sanou dívidas, modernizou a Vila Belmiro e construiu um moderno centro de treinamento e hotel. Antes, sequer havia sala de imprensa no local e os jornalistas eram obrigados a trabalha em contêineres.


Porém, a forma que o dinheiro foi gasto é muito contestada. Apenas com a venda de Diego, Elano e Robinho, o clube faturou cerca de R$ 100 milhões. Opositores do ex-presidente Marcelo Teixeira alegam que, além de recuperar com juros e correção o dinheiro emprestado ao Peixe, ele investiu mal as verbas. O cartola, no entanto, prefere ressaltar o que ficou de bom da época.


– O Santos virou uma página, a torcida foi humilhada por muito tempo. O mais importante é que o trabalho ficou tão consolidado que fez o clube reinar por uma década.