Bruno Cassucci e Marcio Porto - 18/12/2012 - 09:30 Santos (SP)
Que Léo sonha em assumir a presidência do Santos no futuro todos já sabem. A novidade é que o lateral-esquerdo, de 37 anos, quer se preparar para isso e planeja matricular-se na faculdade em 2013.
Mesmo em meio a rotina de jogos, treinamentos e concentrações, o jogador quer cursar gestão de negócios, afim de estar preparado para dirigir o Peixe assim que se aposentar.
Recentemente Léo, que é formado técnico em contabilidade, renovou contrato até o fim do ano que vem, mas não descarta atuar em 2014. Mesmo assim, já pensa em como será a carreira fora dos campos.
– Quero ser um presidente que tenha confiança do torcedor, do jogador, que ele olhe e pense: “tenho um presidente que vai me dar respaldo” – contou, em entrevista ao LANCE!.
O Guerreiro, como é conhecido o ídolo santista, diz já ter recebido sondagens de movimentos políticos do clube, visando a próxima eleição alvinegra, que acontece em 2014. Ele, no entanto, diz que não cogita essa possibilidade no momento e, enquanto estiver em atividade, seguirá apoiando Luis Alvaro Ribeiro, que está no segundo mandato no Peixe.
O maior empecilho para que Léo se candidate é a condição estatutária, que obriga que o presidente do clube tenha, no mínimo, dez anos como sócio do clube. Ele, porém, já fala em dar um “jeitinho” no problema.
– É até complicado falar. Estatuto todo mundo muda, não sei se constitucionalmente posso me eleger, mas no Vasco, por exemplo, vimos muitas coisas para o (Roberto) Dinamite ser candidato. É política, existe muito disso no futebol – argumenta o veterano, que não descarta assumir outro cargo administrativo no Peixe.
Ser político, contudo, é algo que falta ao lateral, que é acostumado a falar o que pensa e muitas vezes polemizar em suas declarações. O ala reconhece que tem dificuldades nesse ponto, mas espera contar com aliados para fazer o “jogo sujo” por ele.
– É preciso se cercar de pessoas boas, com comprometimento, que saibam a história do clube. A política é suja, não sei ser assim, sou muito olho no olho e falar na cara o que os outros precisam escutar – analisou.
Enquanto o momento de pendurar as chuteiras e vestir terno e gravata não chega, o lateral-esquerdo segue sendo o presidente do elenco santista, dando ordens, motivando o grupo e orientando os mais jovens.
ENTREVISTA EXCLUSIVA COM LÉO
Por que decidiu que será presidente do Santos?
Porque já vivenciei tanta coisa de um lado, agora quero viver de outro. Já vivi muita coisa, você vai vendo os prós e os contras.
Cogita ter um cargo antes de se tornar presidente?
Não sei, quero ter essa experiência. Como é possível ter o Rogério Ceni no São Paulo, Marcos no Palmeiras. Eles tem essa identidade. Não pode ser outro, um forasteiro.
Já pediu conselhos para algum dirigente do clube?
Isso causa impacto. Quando você fala tem diretor que olha de lado, fica com essa besteira de tomar lugar. Não é isso. É agregar para o clube crescer, futebol tem isso: muito besteira, muito ciuminho.
Em 2014 já pode ser dirigente?
Ainda não, porque sou atleta. Fico com coisas na cabeça para fazer.
Pretende ser um presidente atuando de que maneira? Atuando perto dos jogadores, indo ao CT?
O Luis Alvaro está fazendo isso, está direto no clube. Ele teve muitos problemas de saúde, o atrapalharam, tanto que está afastado de novo. Mas sempre que pode está no CT e isso é importante. A gente vê confiança, que ele está ao nosso lado.
O que precisa para ser um bom presidente? Já tem pessoas com você? Ex-jogadores, por exemplo?
Para ser presidente tem que agregar pessoas boas, que não vão meter a faca em você por trás. Tenho alguns ex-jogadores que podem trabalhar comigo, mas não posso revelar.
Já pensou em entrar para algum grupo político do clube?
Já recebi convites, mas sou muito transparente, não vou enfiar a cabeça em lugar algum. Hoje estou com o presidente do clube. Sou Laor.
Mudando de assunto, o que acha dessa molecada nova do clube?
É uma molecada meio kamikase, são loucos. Pode esperar tudo dessa molecada do Santos, é impressionante. Cada concentração é uma história diferente. É extintor embaixo da porta, cama molhada. Não respeitam nada nem ninguém.
Como controlar?
Tem de dar uma segurada, futebol é ingrato. Tem de ter regularidade, não precisa estar ótimo, basta estar bem. Fica ali quietinho, não se expõe tanto, calma...
Vê deslumbramento?
Não digo isso. O Felipe Anderson acordou, está usando as coisas quando precisa, corre quando tem de correr. Eu digo: ainda bem que o treinador está falando de vocês, o pior é quando não xinga mais.
Outros exemplos
Roberto Dinamite
Ex-atacante, maior ídolo da história do Vasco, é presidente do clube carioca desde 2008, sendo reeleito em 2011. É também deputado estadual pelo PMDB-RJ e se destacou com oposição a Eurico Miranda. Começou bem, mas hoje sofre com diversos críticos, dentre os quais o baixinho Romário.
Franz Beckenbauer
O maior zagueiro do futebol alemão é até hoje presidente do Bayern de Munique, clube no qual construiu sua carreira vitoriosa como jogador.
Edu Gaspar
Ex-volante do Corinthians é hoje gerente de futebol do clube e acaba de sagrar-se campeão mundial.
O que precisa
Idade
Para ser presidente, vice ou membro do Comitê de Gestão do Santos é preciso ter, no mínimo, 30 anos.
Fidelidade
Para ser presidente ou vice é obrigatório ter, no mínimo, dez anos de filiação associativa ininterrupta, nas categorias Fundador, Titulado, Benemérito e/ou Contribuinte. Para o Comitê, o mínimo é cinco.
Básico
É preciso estar quite com os cofres sociais e ter todos os requisitos de elegibilidade exigidos por lei para ocupar cargo de administrador de uma sociedade. Além disso, é necessário fazer parte de uma chapa.