quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Zé Love revela 'sacanagem' do Genoa e proposta oficial de time carioca


Bernardo Cruz e Thiago Correia - 12/12/2012 - 07:35 Rio de Janeiro (RJ)


Zé Love Eduardo - Siena (Foto: AFP)


O atacante Zé Eduardo saiu de Santos cheio de moral, com vários gols e o título da Libertadores como credenciais para brilhar no Genoa, clube que pagou R$ 13 milhões pelo jogador. Pouco mais de um ano depois, a situação é outra, totalmente diferente. Ele está infeliz no empréstimo ao Siena, acusa o time dono de seus direitos de ter feito “sacanagem” com ele, e revela em entrevista ao LANCE!Net que não apenas quer voltar ao Brasil, mas que já existem conversas para isso.


Eu quero ir embora, já deixei claro, pretendo ir para o Brasil, jogar futebol e voltar a ser feliz - desabafa Zé Love, para depois falar mais concretamente sobre as propostas, apenas dando algumas dicas sobre seu possível futuro:


- Um time está mais próximo, mandou a proposta oficial, outros três entraram em contato comigo, conversaram. Olha, os mais próximos são um de São Paulo e um do Rio de Janeiro, mas o do Rio está mais perto.


Depois da revelação, o atacante criado nas categorias de base do Palmeiras falou sobre os motivos de sua saída do Genoa para o Siena por empréstimo. Por acaso, os dois clubes ocupam as últimas posições do Campeonato Italiano, com seu atual time na lanterna (veja análise do jogador sobre a temporada abaixo).


Zé recorda que fazia uma boa pré-temporada, marcando gols sempre, mas o clube queria contratar Borriello. Para isso, teria que se desfazer do brasileiro e de Gilardino, e assim abrir espaço na folha salarial. Chegou a haver ameaça de que se eles não saíssem, iriam treinar de forma separada.


Eles não tiveram respeito com a gente. Eu não queria vir, depois de lesões eu estava bem para ter uma sequência, tanto que quando jogamos contra o Genoa, a torcida gritou meu nome. Mas a diretoria do Genoa fez uma baita sacanagem comigo e com o Gilardino - dispara o atacante.











Zé Love em ação ainda pelo Genoa (Foto: Fabio Muzzi/AFP)

Negativa ao Milan pela dignidade


Na última janela de transferências, ainda antes de ir para o Siena, o nome de Zé Eduardo esteve ligado ao Milan. De fato as conversas existiram e houve o interesse, mas não foi concretizado. Na época, a história foi de que o atacante iria fazer um teste no Rossonero, o que, segundo ele, é mentira.


O atacante explica na verdade ele não era a primeiro opção do clube, mas sim o argentino Tévez. E o Milan queria que ele ficasse em um hotel na cidade esperando pela definição desta negociação até o fim da novela. Se o jogador do Manchester City não chegasse no apagar das luzes, aí sim o brasileiro seria contratado.


- Se ele chegasse, eu iria embora, até pela minha dignidade, não quis. Pela minha vida mesmo, meu pai sempre disse para eu dar um passo atrás para depois dar dois à frente. Quando eu cheguei no Genoa, o estádio todo aplaudiu, foi o melhor momento da minha vida, de ver que eu tive a dignidade, o caráter. As pessoas falam que é o Milan, mas eu iria ficar dez dias no hotel, ficar em um “Big Brother”, eu quero jogar - esclarece.


Mas pelo menos houve espaço para alguma risada no bate-papo com Zé Love. Desde que chegou na Itália, o atacante tem se preocupado um pouco mais com o visual. Várias vezes ele foi visto com roupas mais extravagantes.


- (risos) Deu para aprender, mas sei lá, uma “calça galinha”, não! Estilo cowboy, estilo interior... É, mas aqui, até pelo frio, o pessoal acaba se vestindo mais, se preocupa mais. Eu mesmo, no Brasil, sempre uso camiseta, bermuda, chinelo, prefiro. Aqui a gente é obrigado a usar isso - diverte-se.











Siena ocupa a última posição do Campeonato Italiano (Foto: AFP)

Reclamação com tratamentos


Outro motivo que deixa Zé Love chateado é o tempo que teve que ficar fora. Ele sofreu uma fratura por stress na tíbia. Segundo ele, a lesão não era tão complicada, mas houve um diagnóstico errado, que o deixou fora por mais de seis meses. Além disso, ele aponta que há uma pressa na volta do jogador.


Aqui não se trata 100% e volta, trata 70% e volta, isso atrapalha. Como a gente é brasileiro, a gente está acostumado a jogar quarta e domingo, aqui é mais treino, academia, isso acaba atrapalhando um pouco, é diferente, acaba fazendo muita força, desgasta um pouco, e como não é habituado, tem lesão.


BATE-BOLA

Zé Eduardo

Atacante do Siena, ao LANCE!Net


LANCE!Net: Vocês estão na lanterna do Campeonato Italiano, mas começaram com menos seis pontos. Como está sendo este início?

Zé Eduardo: Éramos para ter 17 pontos e ter uma posição cômoda, sabíamos que seria difícil, teríamos que ter duas vitórias para começar a pontuar. Mas o time está focado, se ver os pontos no início, não é um mau campeonato. Eu, infelizmente joguei sete partidas e acabei me contundindo, fiz dois gols, não é uma média muito boa, mas aqui na Itália não é ruim, campeonato duro, tem algumas partidas para o fim do ano, queremos ir bem para começar o outro ano melhor ainda.


L!Net: Ter estes pontos a menos e ver que o time poderia estar acima dá uma motivação a mais ou a tira?

ZE: Vê nas duas partes, a gente pensa que poderia estar em cima, mas também que tem que sair. Mas agora não é o momento de pensar, mas de jogar, infelizmente acho que só jogo contra o Napoli. Eu não gosto de falar, mas a parte médica aqui é complicada, por eles quererem que volte rápido, volta antes do tempo, e lesão muscular fica difícil com o frio. Fiquei no Santos um ano e meio e nunca tive lesão, nunca fiquei fora, aqui na Itália fui infeliz um pouco.


L!Net: As lesões estão sendo suas principais dificuldades?

ZE: Lesões mesmo foram duas, uma grossa no ano passado, no Genoa. Eu acabei Libertadores, tinha moral, confiança, cheguei na Itália para começar bem, e tive uma fratura por stress, fiquei oito meses parado. Aí vem a questão psicológica, nunca tinha me machucado, e teve o frio, foi ruim de me adaptar. Acabei tendo dificuldade, a minha dificuldade foi essa. No Siena, o meu início foi bom, fiz uma grande partida contra a Internazionale, fiz gols, meu último jogo, a gente ganhou, depois senti outra dor.


L!Net: Este jogo contra a Internazionale foi o seu melhor momento?

ZE: Não só meu, mas do time, contra a Udinese também, fiz gols. É um campeonato difícil, o Siena tem uma estrutura legal, mas é um time pequeno, vai lutar para sair da zona de rebaixamento, às vezes a gente que é brasileiro tem dificuldade de jogar em time que pensa mais em defender, eu estou jogando em uma posição que não é a minha, e eu tenho que me adaptar.


L!Net: Pensou em se tratar no Brasil?

ZE: Quando eu estava no Genoa, foi a primeira coisa que eu pensei, quando tive a fratura por stress. Falei com o presidente, para ver se liberava, que o Santos ia me acolher, já tinha falado com o Luis Álvaro (presidente do Santos), ele disse que tudo bem, o Santos tem um grande centro de recuperação. Como eu tinha acabado de chegar, eles não deixaram. A lesão era para ficar pouco tempo, eu acabei não me recuperando da lesão toda, que eles nem sabiam o que era, tratei mal, foi difícil. Aí quando eu voltei, tive apendicite, mais um mês fora. Mas tudo na vida a gente leva um aprendizado, no Brasil nunca fiquei fora, nunca fiquei sem treinar, e aqui aconteceu. Sou jogador, estou sujeito a isso. Aqui estou em outra posição, tenho que correr mais. Mas eu estou bem, me adaptando, o clube gosta de mim, eles só erram bastante na recuperação, acaba fazendo em pouco tempo pela necessidade deles, e o jogador fica pior depois.


L!Net: Costuma falar com o Robinho e com o Pato?

ZE: Sempre falo com o Robinho, a gente conversa sempre, com o Pato não, mas quando eu estava no Genoa, eu ia sempre na casa dele.