segunda-feira, 13 de abril de 2015

Balanço deve apontar R$ 150 milhões em dívidas de curto prazo no Santos


Odílio Rodrigues (Foto: João Paulo de Castro)Ex-presidente Odílio teria de assinar a análise do resultado financeiro (Foto: João Paulo de Castro)


O Santos completa 103 anos nesta terça-feira, mas a situação financeira do clube esfria as celebrações pelo aniversário. Uma crise que deve ganhar dados concretos até o final de abril, quando o balanço de 2014 for divulgado.


A expectativa é de que o documento aponte a cifra astronômica de R$ 150 milhões em dívidas de curto prazo, já vencidas ou a vencer nos próximos meses.


São débitos com salários, direitos de imagens, empréstimos bancários, processos trabalhistas, fornecedores, entre outros.


A análise do resultado financeiro do último ano já foi concluída, e espera-se que o ex-presidente Odílio Rodrigues, que encerrou seu mandato em dezembro, assine a demonstração nesta terça para que ela possa ser remetida ao Conselho Fiscal, que dará seu parecer.


O cálculo, porém, causa calafrios na atual diretoria. Estima-se que essas dívidas mais urgentes superem a previsão “real” de receitas para a temporada. Isso porque o orçamento aprovado no final de 2014 é considerado ilusório na Vila Belmiro.


O documento prevê arrecadação de R$ 198 milhões, mas poucos acreditam na possibilidade de que esse valor seja alcançado. O orçamento calcula R$ 47 milhões com a venda de direitos econômicos de atletas, R$ 33 milhões com patrocínios – há dois anos que a cota máster da camisa não é ocupada de forma fixa –, e até R$ 6 milhões de premiação paga pelo Barcelona caso Neymar seja eleito pela Fifa um dos três melhores do mundo em 2015. Uma previsão considerada otimista demais.


O Santos fechou 2013 com um déficit de R$ 40 milhões, e até o terceiro trimestre de 2014 já acumulava quase R$ 25 milhões em resultados negativos, de acordo com balanço publicado no site do clube. Isso apesar de todas as cotas de TV de 2015 terem sido adiantadas no ano passado.


Modesto Roma Júnior Santos (Foto: Bruno Giufrida)Modesto Roma Júnior assumiu clube com dívida maior do que pensava (Foto: Bruno Giufrida)


A realidade das receitas e despesas do Santos também cria atritos entre o atual presidente, Modesto Roma Júnior, e seu Comitê de Gestão. Membros do órgão cobram, desde janeiro, uma previsão para 2015, mas ainda não foram atendidos.


O cofre santista tem pautado as atitudes da nova administração, que impôs grandes cortes para a temporada na tentativa de equilibrar as contas. Os jogadores com os maiores salários, com exceção de Robinho, deixaram o elenco, alguns após ações na Justiça por pagamentos atrasados – as parcelas dos salários dos atletas pagas como direitos de imagem ainda não foram quitadas.


A montagem do time também foi feita de forma modesta, sem nomes de impacto e com contratos de teste, como os assinados por Ricardo Oliveira e Elano, até o final do Paulista e com salários bem abaixo do mercado.


Até mesmo a manutenção do técnico Marcelo Fernandes, interino após a demissão de Enderson Moreira, levou em consideração o fato de ele custar muito menos do que os candidatos Dorival Júnior e Vagner Mancini.


Mesmo assim, o time vem surpreendendo. Encerrou a primeira fase do estadual com a segunda melhor campanha, atrás apenas do Corinthians, e, no domingo, enfrenta o São Paulo, na Vila, por um lugar na decisão do campeonato – e por uma semana de aniversário mais doce.