sábado, 25 de abril de 2015

Pepe diz que Santos vai devolver derrota de 1959: "A baleia vai festejar"

Uma rivalidade adormecida em finais volta à tona a partir deste domingo, quando Santos e Palmeiras começam a decidir o título estadual de 2015, em mais um capítulo de um embate que já reuniu Pelé, Djalma Santos e outros campeões do mundo. O último encontro entre estes dois grandes do país em uma decisão aconteceu no longínquo ano de 1959, mas as emoções daquele confronto conhecido como Supercampeonato Paulista seguem presentes no coração de um velho ídolo.

Pepe foi um dos protagonistas da partida de 56 anos atrás, vencido pelos palmeirenses, e não esconde o desconforto pelo resultado mesmo tanto tempo depois, apesar de outras taças erguidas. E, em meio a lembranças daquela derrota, o segundo maior artilheiro da história do Santos externa seu prognóstico otimista a respeito da final de 2015.

– O Santos atravessa um bom momento, eu acho que tem mais time que o Palmeiras. Mas o Palmeiras é um time perigoso, tem jogadores que podem desequilibrar, o goleiro é bom. Mas, para mim, dá Peixe. Um empate e uma vitória servem. A baleia vai festejar, e o periquito vai esperar mais um pouco – disse o ex-camisa 11 do Peixe.

 Para mim, dá Peixe. Um empate e uma vitória servem. A baleia vai festejar, e o periquito vai esperar mais um pouco

Pepe, ex-jogador do Santos

– Agora já fazem 56 anos, né? Na corrente de títulos que a gente conquistou, esse título viria muito bem. O Santos vivia em excursões para poder pagar seus jogadores. Consequentemente, um título a mais era muito importante – acrescentou.

O Paulista de 1959 acabou entrando para a posteridade como "Supercampeonato", em razão do desempate entre Santos e Palmeiras. As duas equipes terminaram a disputa de pontos corridos com a mesma pontuação e, por isso, tiveram que encarar uma série de três confrontos diretos, em apenas cinco dias, já no começo de 1960.

Com elencos recheados de ídolos, os dois adversários empataram nas duas primeiras partidas. Pepe marcou de pênalti os dois gols no empate por 2 a 2, no segundo jogo. Em seguida, o título alviverde viria com a vitória de 2 a 1 no confronto decisivo.

O antigo dono da camisa 11 santista diz que a conquista do Palmeiras foi merecida. No entanto, Pepe relembra um detalhe estratégico que, em sua opinião, poderia ter mudado o desfecho a favor dos alvinegros.

– Nos dois primeiros jogos, jogaram o Urubatão e o Coutinho. O Coutinho era um garotinho, 16 anos. Mas na terceira partida, a decisiva, o Jair (Costa Pinto) e o Pagão, que estavam contundidos, ganharam condições de jogo. Eu achei, até hoje acho, que foi prematura a escalação de jogadores assim. Eram jogadores excepcionais, super craques, mas tanto o Jair quanto o Pagão se ressentiram das contusões deles, aí tivemos uma reação muito pequena. Praticamente com dois jogadores a menos (no Santos), o Palmeiras foi campeão, merecidamente – descreveu.

Pepe (Foto: Cassio Lyra)Herói santista nas décadas de 50 e 60, Pepe participou da última final do clube contra o Palmeiras (Foto: Cassio Lyra)

Santos e Palmeiras ganharam todos os títulos estaduais entre os anos de 1958 e 1969. Pepe viveu esta polarização de dentro do gramado e diz acreditar que o time da capital foi o único que conseguiu peitar de verdade o esquadrão de Pelé e companhia naquela época.

Este período também concentra uma das partidas mais especiais da carreira do ex-ponta, a vitória por 7 a 6 sobre o Verdão em um duelo do Rio-São Paulo de 1958.

– Foi o jogo mais emocionante da minha vida, da minha carreira. Foi em 1958, às vésperas da convocação para a Copa do Mundo. Ali eu assinei minha convocação. Foi um jogo fantástico, eu marquei três gols (dois deles nos minutos finais). Com 20 minutos já estava 2 a 2, não ficava esse 0 a 0 enfadonho de hoje – recordou.

– Seguramente (este ano) não vai ser 7 a 6, pela maneira como se joga hoje, com muito mais cautela. As equipes jogam para se defender prioritariamente, aqui na América do Sul – concluiu o ídolo de 80 anos.

Estas e outras histórias de carreira estarão reunidas no livro "Pepe - O canhão da Vila", escrito pela filha do ídolo, Gisa Macia. A obra conseguiu levantar dinheiro através de financiamento público e deve ser lançada no mês de maio.