sexta-feira, 24 de abril de 2015

Modesto ignora Comitê de Gestão e vê ameaça de "fogo amigo" no Santos

O presidente do Santos, Modesto Roma Júnior, já vive sob ameaça de "fogo amigo" em sua administração. O cartola, que assumiu em janeiro, tem tido atritos com o Comitê Gestor, nomeado por ele mesmo.

Componentes do órgão reclamam por não participarem das decisões do clube, apesar de o estatuto estabelecer que todas as deliberações tenham aprovação da maioria dos membros.

O episódio mais recente envolve a contratação do meia-atacante Rafael Longuine, anunciada por Modesto durante uma entrevista à Rádio Bandeirantes no último dia 14 de abril. A informação surpreendeu – e irritou – alguns dos conselheiros, que não tinham sido informados nem consultados sobre a negociação.

Modesto Roma Junior e membros do Comitê de Gestão, Santos (Foto: Ivan Storti/Santos FC)Modesto Roma Júnior, ao centro, de verde, ao lado de membros de seu Comitê de Gestão (Foto: Ivan Storti/Santos FC)

De acordo com o estatuto do Santos, no parágrafo D do artigo 64, compete ao Comitê de Gestão "contratar, dispensar, fixar os vencimentos e/ou a remuneração dos funcionários, dos atletas profissionais, dos membros da comissão técnica, e de todos quantos prestem, sob qualquer natureza, serviços ao Santos".

Procurado pela reportagem, um dos conselheiros que compõem o órgão disse que o Comitê "ainda" não se opõe ao presidente, mas que novas atitudes semelhantes podem ser levadas ao Conselho Deliberativo - Modesto pode ser punido por não cumprir o estatuto.

Este não é, porém, o primeiro atrito nesta relação. Pouco após assumir, Roma fez um empréstimo com o ex-presidente Marcelo Teixeira para quitar dívidas urgentes, numa operação que não foi votada pelo Comitê. Depois, o presidente encontrou forte resistência ao tentar aprovar o salário de Dagoberto Santos, contratado em janeiro para a função de diretor-executivo.

O dirigente sofre rejeição no órgão e teve negado seu primeiro pedido, de R$ 95 mil mensais. O pleito só passou quando os vencimentos caíram para R$ 80 mil para que ele fosse oficializado como superintendente de esportes, com poderes menores do que o previsto e sem gerência de áreas administrativas, como o marketing.

O presidente santista é publicamente contrário à existência do Comitê de Gestão, implementado durante a gestão de Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, em 2011. Além do mandatário e de seu vice, outras sete pessoas são nomeadas para o órgão, que aprova decisões por maioria simples. Eles podem ser substituídos com a anuência do Conselho Deliberativo.

Sempre que questionado, Modesto lembra que o fim do Comitê faz parte de suas promessas de campanha, o que demandaria uma nova reforma do estatuto.