quinta-feira, 13 de março de 2014

Arouca envia carta à presidente Dilma e pede 'punição rigorosa' a racistas


Arouca no treino do Santos (Foto: Ivan Storti / Site Oficial do Santos)Arouca no treino do Santos (Foto: Ivan Storti / Site Oficial do Santos)


O volante Arouca , do Santos, vítima de um ato racista após a partida contra o Mogi Mirim há uma semana, não pode comparecer à homenagem que receberia da presidente Dilma Rousseff nesta quinta-feira, mas enviou uma carta à governante agradecendo o convite e a chance para se colocar o racismo em debate.


Na carta, o santista pediu “punição rigorosa” aos responsáveis pelas ofensas e investimentos em educação e esporte como “boas formas de começarmos a construir um mundo de mais tolerância e harmonia”.


Ele também fez um apelo: que o assunto, em evidência desde os casos envolvendo o meia Tinga, do Cruzeiro, e o árbitro gaúcho Márcio Chagas da Silva, não seja esquecido.


Confira, abaixo, a íntegra da carta de Arouca


À Excelentíssima Presidenta da República Dilma Rousseff,


Em primeiro lugar, gostaria de agradecer pelo convite para participar da reunião, que também contou com meu companheiro de profissão Tinga e o senhor Márcio Chagas, árbitro de futebol, para a discussão de um assunto que é tão importante para toda a população brasileira. Infelizmente, por compromissos já firmados anteriormente e pelas minhas atividades no Santos Futebol Clube, não pude participar desse encontro.


Contudo, aproveito para parabenizar pela iniciativa e pela boa vontade em debater o racismo, não apenas por nós três, que sofremos isso dentro de um campo de futebol, mas também por outros milhares, que, por falta de orientação - e por não terem a mesma visibilidade que nós temos diante das câmeras e dos microfones que cercam o mundo do futebol -, não se manifestam e não têm seus apelos ouvidos todos os dias.


Sabemos que ainda há muito a ser feito para melhorar a questão do racismo, da intolerância e de qualquer tipo de preconceito ou manifestação de ódio.


Porém, se caminharmos em uma mesma direção e, principalmente, punirmos exemplarmente quem insiste nesse tipo de ato, um grande passo será dado para acabarmos ou, ao menos, amenizarmos esse problema.


Além da punição rigorosa, o investimento cada vez maior em educação e também no esporte são boas formas de começarmos a construir um mundo de mais tolerância e harmonia. Nada melhor para construir um espírito de civilidade e dar bons exemplos às nossas crianças.


Espero, de coração, que fatos lamentáveis como os que aconteceram com nós três possam servir como um marco, principalmente para não deixarmos que isso se transforme em uma epidemia de atos de ódio. Como já disse, não quero, nem em pesadelo, que a minha filha passe por algo semelhante ao que aconteceu comigo e com meus companheiros de futebol que aí estiveram.


Para finalizar, peço, por favor, que não deixe esse assunto cair no esquecimento. Se pode existir uma vitória nisso tudo é a mobilização que criou e a vontade que todos têm demonstrado em colaborar para dar um basta.


Mas isso não pode parar por aqui! É preciso levar até as últimas consequências e, repito, punir exemplarmente.


Respeitosamente,


Arouca