Victor Andrade, para ficar bonito mesmo na foto,
precisa atingir as metas do pai (Foto: Instagram)
Quando Neymar marcou seu segundo gol na final do Sul-Americano sub-20 de 2011, o craque comemorou com um gesto que imitava a direção de um volante. Na ocasião, ele havia vencido uma aposta com o pai e ganhou um carro por ser artilheiro e campeão do torneio. Em setembro de 2013, Victor Andrade pode repetir a dose.
Até esta data, quando completará 18 anos, o atacante terá de aprender inglês, passar no vestibular e brigar para ser titular do Santos. A recompensa? O desejado Mini Cooper, veículo que não sai por menos de R$ 70 mil (na versão mais simples), pedido para o pai Nelson Andrade.
– É importante premiar quem se esforça, para buscar objetivos – diz Nelson.
Estou louco para dirigir, mas sou novinho e ainda não posso. Meu pai sempre faz isso (metas com prêmios), e acho legal, gosto muito, pois me motiva ainda mais"
Victor Andrade
– Eu consigo! Vou me esforçar bastante (risos). Vai ser uma briga, mas só faço isso, tenho de me empenhar. Estou louco para dirigir, mas sou novinho e ainda não posso. Meu pai sempre fez isso e acho legal, gosto muito, pois me motiva ainda mais – emenda Victor.
As apostas entre pai e filho para incentivar o jogador não são novas, nem foram inspiradas no método da família Neymar. Nas categorias de base, Victor queria folga para viajar até Aracaju, sua terra natal. Nelson, então, o desafiou: ele teria de ser artilheiro e campeão de um torneio sub-17. À época com 15 anos, conseguiu. Mais recentemente, o garoto pediu um iPhone. Para ganhar o prêmio, teve de marcar seu primeiro gol como profissional, realizado contra o Cruzeiro, no dia 8 de agosto.
Hoje, Victor tem três gols em 19 partidas. Em 2013, terá de aumentar consideravelmente a produção para tentar ganhar a confiança de Muricy Ramalho, seu maior cobrador, e atingir as metas exigidas pelo pai dentro e fora de campo. Para isso, Nelson pede que o filho se inspire na postura de Neymar – o próprio treinador do Peixe já usou o craque como exemplo a ser seguido.
– Se ele for um bom homem, com um nível legal de formação, já está bom. É muito difícil chegar ao patamar do Neymar, mas ele tem se espelhar na sua disciplina, determinação e humildade. Precisa absorver tudo de bom dele – cobra Nelson.
– O futebol dele não tem nem o que falar. É indiscutível. Procuro também me espelhar um pouco na personalidade, de ousadia. Pego as características dele e junto com as minhas. Conversamos demais. Ele diz: “Segura a onda, moleque. Calma” – diz Victor, confirmando que tem Neymar como exemplo.
Muricy cobra muito de Victor Andrade (Foto: Ivan Storti/Divulgação Santos FC)
Fora de campo, o pai de Victor Andrade se mostra preocupado com o futuro do filho.
– Ele tem de tentar fazer uma faculdade. Não exijo um curso, pode ser o que quiser. Quero empenho, disciplina e dedicação dele. Dormindo e acordando cedo, ouvindo o técnico dele. Quero vê-lo bem, com o mínimo de formação possível. Já está fazendo aula de inglês e tem de aprimorar. Se tiver ao nosso alcance, vamos fazer. Se fosse um “golzinho”, seria mais fácil, mas o moleque quer um carro melhor (risos). Então, também quero algo a mais, é proporcional – diz Nelson.
Apesar das constantes broncas de Muricy, o atacante o considera seu “paizão” e é grato pela promoção ao elenco profissional. Durante os treinamentos, o comandante pega no pé do atleta para que ele aprimore as finalizações e, principalmente, o cabeceio. Fora de campo, o técnico condena o que chama de falta de humildade do garoto, mesmo reconhecendo a melhora gradativa, e faz questão de ressaltar que ele ainda é um projeto de jogador.
