sábado, 11 de janeiro de 2014

Oswaldo critica calendário e sai em defesa dos técnicos brasileiros


Entre 2007 e 2011, Oswaldo de Oliveira viveu uma fase recheada de títulos no Japão, quando ocupou o cargo de treinador no Kashima Antlers. Ao fim do ano de 2011, o treinador optou por voltar ao Brasil e aceitou a proposta do Botafogo, onde ficou até o dezembro, quando resolveu ir para o Santos. No “Arena SporTV” desta sexta-feira, o técnico disse não ter se arrependido de retornar ao país, mas criticou o excesso de jogos no calendário nacional, e ainda defendeu a classe, muitas vezes criticada (assista ao vídeo).


- Estou muito satisfeito de ter voltado ao Brasil e ao futebol brasileiro, mas infelizmente tenho que dizer que o futebol brasileiro, com a atual forma de administração, não melhorou. No aspecto de calendário, com a inserção no ano passado da Copa das Confederações, e esse ano com a Copa do Mundo, é muito difícil e acaba dificultando muito o desempenho das equipes. É inegável que há perda de qualidade nos jogos. Nós estamos aqui há três dias treinando e daqui a mais sete já vamos estrear no Paulista. Se compararmos ao que se passava no Japão, lá a gente tinha o mês de janeiro de férias, fazia a pré-temporada em todo o mês de fevereiro, e só começava mesmo a jogar o Campeonato Japonês e a Champions da Ásia em março. Isso dava uma outra dimensão à preparação e à capacidade de as equipes se desenvolverem - analisou o técnico.


apresentação oswaldo (Foto: Lincoln Chaves)Oswaldo acertou com o Santos (Lincoln Chaves)


No cargo que exerce, Oswaldo de Oliveira tem que lidar com constantes comparações entre os treinadores brasileiros e os estrangeiros, principalmente aqueles que fazem sucesso na Europa. Diante do cenário brasileiro, ele acredita inclusive que os técnico nacionais fazem “pequenos milagres”.


- Eu digo que não (o futebol brasileiro não parou no tempo taticamente). Nessas condições de trabalho, acho até que vai muito bem. As equipes oscilam muito porque não tem como ser de outra maneira. Primeiro que você começa sem a preparação adequada, e depois que os jogadores saem no meio da competição, quando você está melhorando as condições táticas da equipe. Avalio que a organização do calendário e a facilidade dos nossos jogadores saírem no meio da competição prejudica muito. Como acontecia na época da inflação, que os nossos economistas se destacavam, hoje os nossos treinadores se destacam por isso, são obrigados a resolver problema a temporada inteira, e o tempo para se preparar é muito difícil. Por esse motivo, todo mundo acaba fazendo o seu pequeno milagre.


Oswaldo ainda cita outros companheiros que têm se atualizado em meio às teorias táticas, mas lembra que é preciso ter jogadores à disposição para implementar na prático o que foi traçado, e volta a citar a maratona de jogos de um grande clube brasileiro.


- O Tite saiu e foi fazer seu estágio, e outros tantos fazem isso. O Caio Júnior fez recentemente, eu mesmo fiz em outras oportunidades. O que ocorre é que você, sem os ingredientes, não adianta ter a teoria. Infelizmente, quando você chega e se vê forçado a jogar em uma semana, seus jogadores vão saindo à medida que você começa a trabalhar. No Japão, dada as circunstâncias e o tempo que tive para trabalhar, a minha equipe jogava muito bem. Foram cerca de 250 jogos pelo Kashima, média de 50 por temporada, aqui o Botafogo fez 67 no ano passado. Achei que era muito, mas o Santos fez 70. São fatores que a gente não pode abandonar. Fica muito fácil criticar o trabalho do treinador e clubes brasileiros - concluiu.


oswaldo de oliveira kashima antlers (Foto: Divulgação)Oswaldo de Oliveira comandou o Kashima Antlers, no Japão, de 2007 a 2011 (Foto: Divulgação)