quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Com mais de 200 jogos pelo Santos, Luiz Carlos dedica sua vida ao futebol


Luiz Carlos Canhizares pelos Santos (Foto: Luiz Carlos Canhizares / Arquivo pessoal)Com os filhos e como capitão, antes de um jogo na Vila Belmiro, em 1992 (Foto: Arquivo pessoal)


Já dizia o ex-goleiro São Marcos, do Palmeiras, que no futebol, quando não se vai bem em uma posição, você muda para a função de trás. Se não dá como atacante, vira meio-campo. Caso de meia também não agrade, recua para a zaga. Ruim como zagueiro? Vai para o gol. Por fim, se for um frangueiro, precisa virar juiz. A brincadeira feita pelo pentacampeão serve para explicar a carreira de Luiz Carlos Canhizares, ex-zagueiro do Santos nas décadas de 80 e 90. Atualmente com 50 anos e ainda envolvido com o futebol, o ex-atleta lembra que antes de passar por nove clubes na carreira, jogava na meia esquerda.


No início dos anos 80, aos 16 anos, o então meia Luiz Carlos, natural de Martinópolis, no Oeste Paulista, desembarcou na equipe que abriu as portas para sua profissionalização. Ao chegar no XV de Jaú, ele encontrou o técnico Cilinho, que cuidava do time de cima e da base. Na época, o treinador proporcionou ao jovem uma chance e o subiu. Mas não foi só isso que mudou na vida de Luiz Carlos. Cilinho alterou também a posição do atleta. Surgia assim o novo quarto zagueiro do XV.


- Acho que como zagueiro fiz mais sucesso do que faria como meia. Como meio-campo eu pegava bem na bola, mas era mais lento. Como zagueiro tinha boa colocação, pra sair jogando, era canhoto - explica Luiz Carlos, ao lembrar da mudança.



É dificil ficar um tempo desse em um grande clube. Na época que eu jogava, sempre sonhei em chegar em um time grande. Quando eu estava no XV de Jaú, sonhava com isso. Era difícil achar uma vaga nesses clubes e tive a felicidade de atuar no Santos, que me proporcionou viajar muito.


Luiz Carlos, ex-zagueiro



No XV de Jaú, o martinopolense jogou com Wilson Mano, Alfinete, Marola e Roberto Biônico. Foram sete anos na equipe. Outra camisa bastante vestida pelo zagueiro foi a do Alvinegro Praiano. No Santos, ele não conquistou nenhum título, mas teve a oportunidade de jogar com César Sampaio, Paulinho McLaren, Almir, Sócrates, Ademir, Serginho Chulapa, Edu Marangon e Marcelo Veiga. A passagem pelo time santista, no fim da década de 80 e começo da de 90, é considerada a grande conquista de sua carreira.


- É dificil ficar um tempo desse em um grande clube. Na época que eu jogava, sempre sonhei em chegar em um time grande. Quando eu estava no XV de Jaú, sonhava com isso. Era difícil achar uma vaga nesses clubes e tive a felicidade de atuar no Santos, que me proporcionou viajar muito. Cheguei a ficar 43 dias na China, fui pro Japão. Isso pra mim é uma conquista pessoal. Pena que o Santos não tinha na época a estrutura que tem hoje, mas não deixava de ser um grande clube. Na maioria dos meus jogos pelo Santos fui titular.


De acordo com o Centro de História do Peixe, Luiz Carlos fez ao todo 210 partidas e 11 gols pelo time, entre campeonatos Brasileiro, Paulista, Sulamericano e outros. O ex-zagueiro chegou em julho de 1988. Sua primeira apresentação com a camisa preta e branca foi em uma excursão realizada na Itália. O ex-defensor chegou até a ser capitão do time, em 1992.


Luiz Carlos Canhizares pelos Santos (Foto: Luiz Carlos Canhizares / Arquivo pessoal)No Peixe, ex-zagueiro jogou com Sócrates, César Sampaio e o goleiro Sérgio (Foto: Arquivo pessoal)


Outros clubes e decisão de parar


O único título expressivo na carreira de Luiz Carlos foi o Campeonato Catarinense, pelo Joinville. Antes disso, depois de começar em Jaú, o ex-atleta ficou seis meses emprestado para o Bangu e retornou ao XV. Em seguida, Cilinho havia ido para a Ponte Preta e o levou junto. Foram quase dois anos em Campinas. Dentro desse período, houve um empréstimo para o Comercial, de Ribeirão Preto, para a disputa de uma edição do Paulista. Após o interior de São Paulo, parada no interior do Paraná, mais especificamente em Londrina.


- Fiquei dois anos no Londrina e daí fui pro Joinville. Com o título do Catarinense, fui envolvido em uma troca. O zagueiro Raul foi pra Santa Catarina e eu pro Santos. Ainda vesti a camisa da Seleção Paulista por três vezes, da Seleção de Novos, do Goiás e do Novorizontino.



Em Prudente é difícil. Mas quando vou em Jaú, Santos, Campinas tem uns que lembram pra xingar, outros para elogiar. Futebol é assim, não dá pra agradar a todos.


Luiz Carlos, sobre o reconhecimento da torcida



Em Novo Horizonte (SP), Luiz Carlos viu sua carreira ser encurtada, ao romper o ligamento cruzado e o menisco.


- A recuperação não foi feita da maneira correta em Novo Horizonte. Tive que vir para Presidente Prudente e recomeçar a recuperação. Com isso, fiquei muito tempo parado, cerca de um ano e meio. Ai desanimei de continuar a carreira. Estava com 31 anos. Não foi a contusão que fez com que eu encerrasse, pois me recuperei bem. É que a cabeça já não tava legal. Ainda dava pra jogar uns três anos.


Segundo o ex-defensor, ao se recuperar de contusão, o Coritiba e a Internacional de Limeira queriam contar com ele. Porém, a decisão pessoal fez com que o fim fosse anunciado. Ainda conforme o ex-jogador, após a parada, houve também um convite do Alvinegro Praiano para trabalhar nas categorias de base. Fato também não concretizado.


Perguntado se ele é reconhecido pelos torcedores dos times pelos quais passou, o ex-atleta brinca.


- Em Prudente é difícil. Mas quando vou em Jaú, Santos, Campinas tem uns que lembram pra xingar, outros para elogiar. Futebol é assim, não dá pra agradar a todos.


Luiz Carlos Canhizares pelos Goiás (Foto: Luiz Carlos Canhizares / Arquivo pessoal)Em 1993, ex-quarto zagueiro saiu do Alvinegro Praiano e foi transferido para o Goiás (Foto: Arquivo pessoal)


Realidade e sonho


A carreira como jogador terminou aos 31 anos, mas o envolvimento com o futebol continua até hoje. Atualmente, Luiz Carlos é funcionário da Secretaria Municipal de Esportes da cidade onde vive (Semepp) e presta serviço também em Narandiba, cidade próxima a Prudente. Nestes trabalhos, Luiz Carlos se dedica a ajudar adolescentes e jovens a manterem o sonho de, quem sabe um dia, chegarem aonde ele chegou.


- A gente tá ai pra colaborar. Trabalhamos fundamento com a garotada, a parte tática, pois hoje não adianta somente saber jogar. Tem que ter uma base. E olha, tem uma meninada muito boa em Prudente. Já levei muitos garotos pra avaliações, uns foram aprovados e não quiseram ficar.


Luiz Carlos Canhizares 2013 time dentinho do Grêmio Prudente campeão estadual de futebol (Foto: PMPP)No ano passado, Luiz Carlos visitou o prefeito de PP junto com o time dentinho do Grêmio (Foto: PMPP)


Por meio da Semepp, o martinopolense se envolveu com o Grêmio Prudente e no ano passado trabalhou com a equipe sub-11, sub-20 e até com o profissional. Questionado se há algum sonho ainda dentro do futebol que ele queira realizar, Luiz Carlos demonstra otimismo.


- Queria ver o Grêmio Prudente em uma divisão melhor (atualmente está na quarta divisão do Paulista). Hoje até a população vê essa necessidade. O Grêmio subindo pra outras divisões é muito bom pra todos. A equipe de base passa a jogar contra equipes melhores. E eu gostaria de ver a base gremista sendo destaque em todo o estado. Temos uma estrutura boa aqui. A gente vai pra Campinas, Rio Preto, e vemos que a estrutura do Grêmio não perde pra ninguém. Esse ano temos tudo para surpreender. Vamos chegar lá!


Esse é Luiz Carlos. Uma pessoa de fala tranquila e que depois de fazer história no futebol, busca ajudar o novato Grêmio Prudente e diversos garotos a escreverem as suas.