Em julho, o esporte mundial, em especial o atletismo, viu alguns de seus expoentes envolvidos em mais um escândalo de doping. Nomes como os velocistas Tyson Gay, Asafa Powell e Sherone Simpson, entre outros, foram pegos em exames que testaram positivo para substâncias proibidas, o que levantou novamente a necessidade de haver um maior controle de dopagem. O coordenador médico da agência antidoping da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), Rafael Trindade, acredita que o alerta vale para todos os esportes e sugere que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) adote um programa de controle mais rigoroso (assista ao vídeo).
- O futebol tem 80% dos exames feitos no país. No entanto, no futebol, não se faz nenhum exame fora de competição (os chamados testes surpresa). O futebol não testa para eritropoietina. Não quero acusar ninguém, ma,s quando vejo atletas com idade avançada tendo um desempenho comparável ao dos jovens, eu acredito que a Confederação Brasileira de Futebol deveria fazer um esforço e testar esses atletas fora de competição e testar para eritropoietina – declarou Rafael, em entrevista ao “Arena SporTV”.
Segundo o médico, a substância citada é um hormônio de difícil detecção, que aumenta os glóbulos vermelhos no sangue. Como consequência, o sangue consegue transportar mais oxigênio.
- Em esportes aeróbicos e anaeróbicos, o ganho de performance (com o uso da substância) é gigantesco - explicou o médico, que milita há 11 anos no controle de dopagem no esporte.
Rafael Trindade, coordenador médico da agência antidoping da CBAt (Foto: Thiago Braga/Sportv.com)
O médico explicou ainda que a eritropoietina, ou sua sigla EPO, como é usualmente conhecida, é um hormônio natural que é sintetizado para o tratamento de pessoas com insuficiência renal, anemia crônica, para o aumento do número de glóbulos vermelhos.
- Ocorre esse viés de uso dela no esporte e a gente fica estupefato quando vê grandes esportes, que geram um grande volume de dinheiro, não fazem teste para eritropoietina no Brasil. Essa é a opinião das pessoas que trabalham no controle de doping há muito tempo – ressaltou Rafael, sugerindo um maior controle antidoping.
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Por conta do escândalo recente no atletismo, a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) aprovou, na última quinta-feira, o aumento da suspensão de dois para quatro anos em casos de atletas flagrados por doping. Em sincronia com o próximo Código Mundial Antidoping, da Agência Mundial de Doping (WADA), a nova punição entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2015. Até lá, a penalidade continua sendo de dois anos.
Diretor da autoridade brasileira de controle de dopagem, Marco Aurélio Klein prometeu que, a partir do ano que vem, o controle da questão do doping no Brasil será mais rigoroso.
- Para o atleta receber o bolsa-atleta, entre fevereiro e março de 2013, fizemos uma pesquisa que mostrou um quadro realmente preocupante: 80% dos atletas brasileiros nunca passaram por um controle de dopagem no Brasil. Esse número vai a 90% quando falamos de controle fora de competição, que é pegar o atleta na casa dele, sem ser em dia de treino, de surpresa. No plano nacional de dopagem, para 2014, haverá um trabalho para fazer os exames de hormônio de crescimento e de EPO - concluiu.
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