Volta olímpica dos alvinegros e corrida para o ônibus dos rubro-verdes. Após o erro do árbitro Armando Marques na contagem da decisão por pênaltis na final do Campeonato Paulista de 1973, entre Santos e Portuguesa (que acarretou na divisão do título paulista entre as duas equipes), os jogadores do Peixe iniciaram a festa do título no gramado do Morumbi, enquanto os atletas da Lusa eram instruídos para deixarem o campo rapidamente (confira reportagem especial sobre a final no vídeo acima).
Um dos ídolos do Santos e campeão mundial com a seleção brasileira na Copa de 70, Clodoaldo lembra da comemoração do Santos e da rápida saída dos jogadores da Lusa do gramado.
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- Foi revelado (o erro na contagem dos pênaltis), no próprio estádio, após o término da cobrança de pênaltis. Imediatamente tentaram avisar a comissão técnica e os dirigentes da Portuguesa, mas eles foram muito rápidos. A informação que nós tivemos é de que eles nem “tomaram banho”, porque se cada atleta fosse tomar o seu devido banho, daria tempo de voltar e completar as cobranças. Foi uma estratégia bem sucedida pela Portuguesa. Mas tanto o Santos quanto a Portuguesa fizeram ótimas campanhas e o título foi justo para as duas agremiações - explica.
Responsável pelo gol que tirou o Corinthians da fila de 23 anos sem títulos, Basílio atuava na Lusa em 73. O ex-jogador foi o último jogador da equipe a deixar o gramado na grande final do Morumbi.
- Ao término do jogo, fiquei conversando com alguns jogadores do Santos. Os dirigentes da Portuguesa começaram a me puxar pelo braço e a retirar minha camisa e chuteiras. Achei estranho e não entendia o que estava acontecendo, então comecei a caminhar para o vestiário e eles gritavam “para o vestiário não, vestiário não”, porque logo atrás vinha o árbitro Armando Marques.
Basílio foi seguido pelo árbitro até a entrada do vestiário.
... e aquele cheiro de atleta depois do jogo sem tomar banho?"
Basílio, meio campo da Lusa em 73
- O Armando Marques pediu para que eu voltasse para o campo, então eu virei para ele e disse que se me arrumasse uma camisa e outro par de chuteiras, eu retornaria, caso contrário, não teria condições. Os dirigentes da Portuguesa me disseram que era um erro, porém de direito, porque a Lusa poderia entrar na Justiça posteriormente. Infelizmente para ele (árbitro) a contabilidade não foi feliz - lembra.
O meio campo da Lusa conta ainda que o elenco deixou o estádio sem tomar banho.
- O mais interessante é que quando cheguei no vestiário, só sobrou eu e mais alguns dirigentes. O restante do grupo já estava no ônibus. E aquele cheiro de atleta depois do jogo sem tomar banho? Nós ficamos sabendo dentro do ônibus, pelo rádio, que havíamos conquistado o título com o Santos, então comemoramos até chegarmos ao estádio do Canindé, onde finalmente tomamos banho (risos) - completa Basílio.
Maior jogador da história da Ponte-Preta, Dicá, que teve uma breve passagem pelo Santos em 1971, também foi campeão em 73 pela Lusa.
- Nós tínhamos dois dirigentes de futebol, e um deles era muito inocente em termos de vivência do esporte. Quando aconteceu o erro do Armando Marques, logicamente que o Otto Gloria, um homem vivido, 16 anos de Europa, pediu que na confusão todos descessem para o vestiário, e para nos apressarmos rumo ao ônibus. Aí vem esse diretor pedindo para nós não irmos embora, que estava errado, e tínhamos que voltar para o campo e bater os pênaltis. Este cara quase apanhou do "seu" Otto, que olhou para o dirigente e gritou... deixa de ser "burro", você não vê que se nós voltarmos para o campo, eles (Santos) serão campeões? – lembra Dicá.
Ex jogadores de Santos e Portuguesa comemoram 40 anos do título do Paulista de 73 (Foto: Antonio Marcos)