"Muitos querem me derrubar, mas só Deus pode, e ele não quer isso, porque sou filho dele". A mensagem, no braço esquerdo de Victor Andrade , mostra a mais nova marca registrada do atacante do Santos. Aos 17 anos, o jovem entrou para o time dos tatuados da Vila Belmiro. Um grupo que conta, atualmente, com os volantes Renê Júnior e Marcos Assunção e que, até pouco tempo, tinha o craque Neymar.
Adotar a moda das tatuagens não foi fácil, garante o atacante. Por ainda ser menor de idade, Victor depende da aprovação dos pais para “marcar” a pele. Aos poucos, no entanto, seu Nelson e dona Cristiane foram dando a liberdade que o garoto tanto esperava.
- Era uma vontade antiga... Pai e mãe ficavam no pé, não deixavam. Aí a mãe liberou uma, o pai a outra, e foi indo. O Renê e o Assunção gostaram, disseram que estou seguindo no caminho deles (risos). São dois grandes jogadores, espero trilhar esse caminho não só nas tatuagens, mas também no futebol – conta, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.
Santista Victor Andrade apresenta estilo tatuado
(Foto: Lincoln Chaves)
A tatuagem pioneira foi um salmo, no pulso esquerdo. De lá para cá, vieram a imagem de Jesus Cristo, os nomes de pai, mãe, irmã e avó, estrelas, a data de seu nascimento (30 de setembro) e uma cruz, além da mais recente delas: a mensagem no início do texto. Ele garante, no entanto, que as palavras não são dirigidas a ninguém em especial.
- Não faço as coisas para os outros, faço porque gosto. Não me preocupo com o que os outros vão achar - resume Victor, que não vê a hora de chegar aos 18 anos.
- Quero tirar logo minha carta (de motorista), né? Poder andar de carro... É ruim ter de vir de táxi para os treinos ou depender do meu pai trazer (risos).
O bom humor de Victor Andrade, aliás, não muda mesmo quando o assunto é a luta por uma vaga no time comandado por Claudinei Oliveira. Desde que o treinador substituiu Muricy Ramalho na equipe principal do Santos, o atacante foi a campo só uma vez: no final do segundo tempo da goleada que o Peixe sofreu para o Barcelona, na Espanha.
Foram apenas 16 minutos no gramado. Tempo suficiente, no entanto, para ele mostrar que a operação para retirada das amígdalas, em junho, foi bem sucedida. Uma cirurgia, de acordo com a joia santista, diretamente relacionada com seu desempenho em campo.
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- Todo mês eu tinha problemas na garganta. Quando ela infeccionava, as amígdalas inchavam. Eu dava um pique de 10 metros, parecia que tinha corrido 10 quilômetros. Meu desempenho físico era irregular. No profissional, a cobrança é maior que na base, então fiz os exames e os médicos identificaram que a amígdala estava atrapalhando – explica.
Victor Andrade ficou um mês parado após a operação e perdeu cinco quilos. Depois de quatro dias no hospital, à base de morfina, o santista teve de ficar de molho em casa, tomando suco e jogando videogame.
- Sou meio medroso com essa coisa de cirurgia. Pelo que vi, as amígdalas, juntas, tinham mais de sete centímetros. Era meio nojento (risos). Quando voltei aos treinos, senti a diferença. Estava correndo para caramba. A personalidade será a mesma, mas a parte física vai melhorar muito - garante, esperançoso de que, passada a cirurgia, seu futebol vai decolar.