domingo, 23 de junho de 2013

Sem holofotes, William e Alberto já foram heróis santistas contra Timão


A história de um clássico nem sempre é contada pelos ídolos de sempre. No caso do confronto entre Santos e Corinthians, não é diferente - especialmente pelo lado santista. Alberto e William que o digam. Eles nunca foram donos dos holofotes no Peixe, mas contra o Timão tiveram seus momentos de fama como heróis. Inusitados, é verdade. Mas heróis.


Arte William e Alberto (Foto: Arte / Globoesporte.com)Alberto e William: dois heróis improváveis do Santos contra o Corinthians (Foto: Arte/Globoesporte.com)


O primeiro a brilhar diante do Corinthians foi William, em janeiro de 2002, pelo Torneio Rio-São Paulo. Ainda sem Oseas, tido como principal reforço do Santos para aquele início de temporada, o técnico Celso Roth (que à época comandava o Peixe) levou a campo um time jovem, apostando no centroavante ao lado da então promessa Elano. E, aos 28 minutos do segundo tempo de um jogo muito equilibrado na Vila Belmiro, coube ao camisa 9 girar diante de Scheidt e mandar para as redes de Doni, encerrando uma sequência de quatro jogos do alvinegro praiano sem vitórias contra o maior rival.


Mais do que garantir três pontos ao Santos na competição, o gol "apresentou" William para a torcida alvinegra e, segundo ele, garantiu a permanência, então ameaçada, do atleta na Vila Belmiro.


- Meu contrato estava acabando e aquele foi meu primeiro clássico. Fazer um gol em um jogo desses é diferente, e o lance foi bastante falado. Já tinha um tempo que o Santos não ganhava do Corinthians na Vila. E depois consegui renovar meu vínculo. Não tem como essa partida não ser marcante - recorda o atacante, que atualmente defende a Ponte Preta e foi artilheiro do Campeonato Paulista deste ano, com 13 gols, um a mais que Neymar.



William, aliás, não tem o que reclamar do retrospecto diante do Corinthians. Em seis clássicos, foram cinco vitórias e apenas uma derrota. Para se ter uma ideia, Neymar, apesar de todo o currículo no Peixe, perdeu oito vezes do Timão em 19 jogos disputados.


- Naquela época, a imprensa sempre dizia que eu dava sorte contra eles (risos). Mas eu credito aquilo ao trabalho. Sempre me concentrei bastante no que fazia. Creio que era uma bênção de Deus. Quando jogava (contra o Corinthians), a bola sempre aparecia - conta.


Uma bicicleta para a história


De contrato renovado, William seguiu no Santos e fez parte do time campeão brasileiro de 2002, ao lado de Robinho, Diego, Elano, Renato, Fábio Costa e... Alberto. Camisa 9 do Alvinegro há 11 anos, o agora ex-jogador foi a principal surpresa de um time que iniciou o Brasileirão desacreditado. Ele próprio, aliás, chegou ao Peixe como uma incógnita, oriundo do Rio Branco, de Americana.


Veio então o clássico diante do Corinthians, pela primeira fase do Brasileirão. Um jogo que tinha tudo para dar errado, mas que consagrou Alberto no Santos: dois gols, sendo um deles de bicicleta (veja o vídeo com os gols da partida) . Vitória do Peixe por 4 a 2.


- Eu não tinha o costume de olhar o mural, houve uma mudança nos horários e eu acabei me atrasando para encontrar com o grupo (o jogo foi disputado no Pacaembu). Então, pensei: vou por conta própria (ao estádio) e chego antes. Mas quando tentei alcançar o ônibus, a Imigrantes estava fechada. Junta isso com a pressão que há em um clássico e tendo o (Emerson) Leão de treinador (risos). Mas, naquela noite, acabou dando tudo certo - lembra.


Como no início do ano, a vitória sobre o Corinthians foi além dos três pontos na tabela.


- Éramos um time ainda não estava consolidado, muito jovem. Falavam que o grupo era muito novo para a pressão e a importância de um Brasileiro. Só que, com aquela vitória, a confiança veio. Foi quando o Robinho virou o Robinho, o Diego virou o Diego e o Alberto virou um artilheiro daquela equipe. Nós provamos, a partir dali, que tínhamos condições de brigar. Éramos uma nota (de jornal), que se tornou uma página, depois três (páginas). Lembro que uma padaria de Santos colocou uma rede com o símbolo do Corinthians e uma bicicleta. Eu mesmo dei várias entrevistas, algumas pedalando - recorda.


O peso de um clássico


Alberto, aliás, já teve a oportunidade de disputar o clássico do lado oposto. Em 2004, o ex-atacante defendeu o Corinthians e encarou o Santos no Brasileirão daquele ano, na Vila Belmiro - empate em 1 a 1, com gols de Preto Casagrande (Peixe) e Edson Sitta (Timão). Apesar de ter atuado no maior rival santista, o ex-jogador destaca o tratamento que recebe até hoje da torcida do alvinegro praiano.


alberto escolinha santos (Foto: Fábio Maradei/Santos F.C)Aposentado, Alberto posa com camisa de escolinha de futebol do Peixe (Foto: Fábio Maradei/Santos FC)


- Foi estranho jogar do outro lado. Lá no Corinthians, as coisas não deram tão certo. Tive uma lesão muito séria (joelho) e não joguei tanto. Foi diferente, porque aquele gol de bicicleta meio que deixou a obrigação de fazer outro, só que pelo Corinthians. Mas com relação ao Santos, sei que a torcida gosta muito de mim. Estive na Vila no jogo contra o Guarani (pelo Paulistão) e foi quando o Neymar tentou fazer um gol de bicicleta. Na hora, todo mundo se virou para mim (risos). É legal. A fase passou, mas fica esse carinho - conta.


O outro herói improvável, William nunca defendeu o Corinthians, mas sabe o quão diferente é enfrentar o rival com a camisa do Santos.


- É uma rivalidade muito grande. A torcida do Santos não aceita perder para o Corinthians, de jeito nenhum. A gente já se concentrava normalmente para os jogos, mas quando se tratava do Corinthians, era tudo redobrado. Eu sei que Corinthians e Palmeiras (o confronto) tem sua grandeza, mas naquela época, teve um tempo que o Santos não perdia mais (para o Timão). Então, eles desciam a serra babando (risos) - conclui.