"Enquanto o Santos não se posicionar, eu não posso fazer nada. A venda não vai partir da gente."
A frase de Neymar da Silva Santos, pai do atacante, diz mais do que aparenta. A maior preocupação dele e do próprio atleta é não prejudicar a sua imagem. Tranquilo, o camisa 11 deseja cumprir seu contrato até julho de 2014, quando terá 100% dos direitos econômicos nas mãos. Em meio à mudança de postura do Peixe, que, pela primeira vez admite nos bastidores a possibilidade de liberar seu astro imediatamente para poder lucrar com a negociação, o jogador de 21 anos aguarda uma posição oficial do clube. Seja um documento admitindo o interesse pela venda ou um pronunciamento.
A cautela tem motivo. Neymar e seus representantes temem que alguma palavra mal colocada passe a falsa impressão de que o atleta esteja forçando a saída. O zelo é pelo temor do "efeito Robinho". O camisa 11 não quer ver sua imagem prejudicada como a do ídolo, que anunciou sua ida para o Real Madrid, em 2005, antes do Peixe concluir a negociação e se recusou até treinar para forçar o clube da Vila Belmiro a vendê-lo.
Neymar vai deixar para o Santos anunciar a venda (Foto: Ricardo Saibun / Divulgação Santos FC)
Revoltados com a atitude do Rei das Pedaladas, alguns torcedores do Peixe que faziam a campanha "Fica, Robinho", com faixas e adevisos, lançaram o movimento "Vaza, Robinho". Após negociações conturbadas, o Rei das Pedaladas aceitou jogar algumas partidas pelo clube e depois foi para a Espanha. Ver esse filme repetido é tudo o que Neymar não quer.
Apesar da reunião do diretor de futebol do Barcelona , Raul Sanllehí, com seu pai, além dos contatos de dirigentes do Real Madrid, Neymar sequer se movimenta para deixar o Brasil. Ele vai querer uma boa compensação financeira para mudar seus planos e sair no meio deste ano, já que, por enquanto, ele está convencido de que tem de cumprir seu contrato para ter os 100% dos seus direitos.
O Santos, dono de 55% dos direitos econômicos, aguarda uma oferta de peso para aceitar a transferência. O número desejado é de 50 milhões de euros (R$ 131 milhões) para vender o camisa 11 imediatamente, algo que o Comitê de Gestão já admite. A viagem do vice-presidente Odílio Rodrigues à Espanha durante a semana foi o primeiro passo dado pelo clube nesse sentido.
Paralelamente a isso, o Grupo DIS, dono de 40% dos direitos, também aguarda um contato dos interessados. De acordo com Delcir Sonda, presidente do DIS, a empresa tem interesse na negociação, mas quer ser ressarcida de maneira adequada - o Terceira Estrela S/A (Teisa), grupo de investidores santistas, é o dono dos 5% restantes.
Barcelona, Real Madrid, Bayern de Munique ou outro destino? Segundo pessoas ligadas a Neymar, o certo é que nenhuma transferência será anunciada nos próximos dias, mesmo após a final do Paulistão entre Santos e Corinthians, domingo, na Vila Belmiro.