terça-feira, 6 de agosto de 2013

Pepe lembra 8 a 0 sofrido em 1955 e reação: 'Arrancamos para o título'


Há 58 anos, o torcedor do Santos sentiu um gosto tão amargo quanto o que sucedeu a goleada por 8 a 0 sofrida para o Barcelona, na última sexta-feira. Ídolos como Pepe, Zito, Del Vecchio e Formiga deixaram o Pacaembu massacrados pela Portuguesa, no Campeonato Paulista de 1955, pelo mesmo placar do Camp Nou. A ironia é que o santista tem ótimos motivos para se recordar da "surra". Isso porque a derrota marcou a arrancada do Alvinegro rumo ao segundo título estadual da história do clube, 20 anos depois da primeira conquista, dando a largada para o período mais vitorioso do Peixe em 101 anos de vida.


Pepe com busto, Santos (Foto: Lincoln Chaves)Idolo, Pepe lembra reação após goleada por 8 a 0 sofrida para a Lusa, em 55 (Foto: Lincoln Chaves)


Segundo maior goleador do Santos na história, Pepe ainda tem frescos, na memória, detalhes da goleada de 1955. Ele recorda, inclusive, a provocação de torcedores rivais no caminho de volta de São Paulo para a Baixada Santista.


- Eu tinha 20 anos... Lembro que, assim como nessa derrota de sexta, fomos para o intervalo perdendo de 4 a 0 e acabamos levando de oito. E quando voltamos para Santos, torcedores de outros times jogavam peixes na gente, de gozação - conta.



Passada a goleada sofrida para a Lusa, o Santos ainda tinha nove jogos pela frente até o final do Paulistão. Foi quando entrou em campo a experiência de nomes como Zito e Formiga - além do técnico Lula, que estaria a frente do Peixe na "era Pelé". Segundo o Canhão da Vila, o papel dos "veteranos" foi fundamental para que o elenco santista, também bastante jovem, assimilasse logo o resultado.


- Depois de tomar uma "chinelada" dessas, você balança. Mas os mais experientes deram uma equilibrada nos mais jovens, como eu e o Del Vecchio. Mostraram que aquilo foi uma fatalidade, que infelizmente fazia parte do futebol e que ainda tínhamos muito jogo pela frente. Hélvio, Formiga, Zito... Todos eles nos apoiaram. E conseguimos arrancar para o título - recorda.


A partir do massacre no Pacaembu, o Santos reagiu. Nos nove jogos seguintes, a começar pelo 5 a 0 aplicado no Guarani, na Vila Belmiro, foram seis triunfos e três derrotas. O título paulista de 1955 foi conquistado em 15 de janeiro do ano seguinte, graças à vitória por 2 a 1 sobre o Taubaté, na Vila. A primeira conquista após uma fila de 20 anos fez com que surgisse a canção "Leão do Mar", muitas vezes confundida com o hino do próprio Alvinegro.


Cinco décadas e oito anos depois, a situação é um pouco semelhante. Apesar do Campeonato Brasileiro ainda estar longe da reta final, o atual elenco alvinegro também é bastante jovem, mas abastecido por atletas experientes, como Léo, Edu Dracena e Marcos Assunção, dentre outros. É deles, segundo Pepe, a responsabilidade de dar apoio à nova safra de Meninos da Vila após o baque da última sexta-feira.


- É hora de união. Se o time dispersar, fica muito pior. Os mais experientes tem que vestir a farda de general - sentencia, acreditando que a garotada do Santos tem condições de dar a volta por cima, como em 1955.


- Eles têm qualidade, não podem ser julgados por uma partida só. O Santos está no nível dos grandes paulistas. Vai superar isso - conclui.