Muricy Ramalho reforça os treinos de jogadas aéreas
(Foto: Ricardo Saibun / Divulgação Santos FC)
Toque de bola, velocidade e Neymar. Esse é o tripé em que se sustenta o futebol do Santos, pelo menos, até o início do Campeonato Brasileiro. Agora, porém, o principal elemento desse tripé, Neymar, já não encontra a mesma facilidade de antes para decidir "sozinho" as partidas. Assim, o Peixe tem buscado quase sempre um "plano B" à dependência do craque, apostando em uma estratégia que fez de Muricy Ramalho tricampeão brasileiro pelo São Paulo entre 2006 e 2008: o jogo aéreo, apelidado de "Muricybol".
Prova disso é que, até o início da sétima rodada do Brasileirão, o Alvinegro é o terceiro time que mais levantou bolas na área no campeonato, em cruzamentos ou tiros livres: foram 86 (média de 14,3 por jogo), atrás apenas de Atlético-MG (115) e Corinthians (113) e empatado com o Botafogo. Dois dos três gols marcados pelo Peixe no torneio saíram assim, no empate em 2 a 2 com o Coritiba do último domingo, na Vila Belmiro. Na ocasião, Elano cobrou duas faltas para a grande área, que resultaram em gols de Edu Dracena e Neymar. Só naquele jogo, foram 17 "chuveirinhos" perto do gol paranaense.
Apesar de repetir a estratégia vencedora do tricampeonato brasileiro do Tricolor, o Santos de Muricy ainda não "engrenou". Tanto que a equipe é a que menos finalizou na competição: apenas 57 vezes (média de 9,5 por jogo). A eficiência também não é boa. O Peixe tem apenas o segundo ataque menos positivo, superior apenas ao do Atlético-GO, que marcou apenas dois gols.
Além de o Santos ser uma equipe técnica e que mantém a bola no chão, o elenco não conta com atacantes dos mais altos. O homem de frente de maior estatura é o reserva Dimba (1,79m), seguido de Borges (1,76m), Geuvânio (1,75m), Neymar (1,74m) e Victor Andrade (1,71m). Alan Kardec, de 1,88m, não marcou na competição nacional e já deixou o clube. O atacante esteve emprestado ao time praiano até sábado pelo Benfica, de Portugal.
Borges até possui histórico positivo em bolas aéreas, já que era um dos alvos preferidos dos "venenosos" cruzamentos de Jorge Wagner no São Paulo. À época, porém, o atacante dividia a função com nomes como Aloísio (1,85m) ou Hugo (1,81m), além dos zagueiros Miranda (1,85m), Alex Silva (1,92m) e André Dias (1,84m). No Peixe, esse "apoio" se limita quase que apenas a Edu Dracena (1,85m) e Durval (1,84m) - e só nas bolas paradas. Dentre os titulares, Henrique (1,80m) e Paulo Henrique Ganso (1,82m) poderiam até ser outras opções na grande área, mas se o volante é quem tem sido responsável por parte dos cruzamentos pela direita (o jogador vinha sendo improvisado naquela lateral), o meia é justamente um dos cobradores de falta da equipe.
Não é de se estranhar, portanto, que Muricy Ramalho tenha dedicado bom espaço nos treinamentos para jogadas em linha de fundo. Na quarta-feira, por exemplo, foram quase 50 minutos de atividades em campo reduzido reunindo o elenco (no primeiro momento, sem os zagueiros) em situações de ataque com cruzamentos de ambos os lados. Ao término dos exercícios, os jogadores ainda foram testados em uma série de arremates de primeira com a bola no ar. O rendimento, contudo, não foi dos melhores: em 50 chutes, foram menos de dez gols e 31 bolas para fora.
Resta saber se, diante da Lusa, o esforço do treinador em preparar seu "plano B" a Neymar - que deverá desfalcar o Santos em pelo menos seis partidas do Brasileirão, em razão das Olimpíadas de Londres - apresentará resultados melhores do que os das atividades semanais no CT Rei Pelé.
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