A torcida da Portuguesa se encheu de esperança ao ver o ótimo futebol apresentado pelo time na etapa inicial do confronto. A do Santos, certamente, ficou mais preocupada do que já está com tudo o que viu no Canindé. Ao final do empate sem gols neste domingo, pela sétima rodada do Brasileirão, quem teve mais motivos para lamentar foi a Lusa. Abusando do direito de perder gols, o time deixou de conseguir a segunda vitória seguida no campeonato, enquanto o Peixe escapou de uma derrota que pioraria ainda mais o momento ruim no clube.
Se lamenta o empate pelo volume de oportunidades claras, a Portuguesa ainda pode comemorar sua atuação em campo. Já o Santos, que soma oito jogos seguidos sem vitória e sequer venceu no Campeonato Brasileiro, vê a média de seu ataque ruir, mesmo com Neymar: são quatro gols nas últimas oito partidas.
O craque santista, aliás, não brilhou como se esperava e ainda viu a média de um gol por partida se esvair (agora, são 29 gols em 30 partidas). Lance que melhor define o momento do Peixe aconteceu no último instante do jogo: completamente livre, Borges recebeu de Neymar e isolou a bola.
Agora, o Santos encara o Grêmio, neste domingo, às 16h, na Vila Belmiro, enquanto a Portuguesa vai a Belo Horizonte enfrentar o Atlético-MG, no Estádio Independência, às 18h30, no mesmo dia.
Lusa 'massacra', mas não marca
Dida provavelmente nem suou a camisa nos 45 minutos iniciais do confronto pessoal com Neymar, entre Portuguesa e Santos. De seu gol, o experiente goleiro de 38 anos assistiu ao jogo como espectador de luxo e praticamente não trabalhou, exceção feita a falta sem perigo cobrada por Ganso e finalização fraca de Borges. Do outro lado, porém, Rafael teve de se desdobrar para evitar que o massacre da Lusa virasse uma goleada, dado o número de oportunidades claras desperdiçadas: foram cinco chances reais de gol, contra zero do Peixe. No total, 12 finalizações da Lusa, contra quatro do time da Baixada.
Apático e sem qualquer esboço de bom futebol, o Alvinegro, como de costume, ficou dependente dos lances de Neymar. Um bonito chapéu de costas, outro bom lançamento para Douglas e a falta sofrida logo no início da partida davam a impressão de que o jogador faria o que quisesse com a defesa adversária. Na prática, não foi assim.
A Lusa, por sua vez, abusou do direito de perder gols. Guilherme, um dos melhores da Portuguesa, Diego Viana e Ananias se revezaram no bombardeio a Rafael. Guilherme, principalmente, tentou de várias maneiras: bomba de fora da área, finalização dentro da pequena área no travessão e cruzamento perigoso nos pés do volante Adriano, que quase fez gol contra, mas por sorte acertou a trave. Nada dava certo.
Mas a melhor oportunidade de todas foi a de Rogério. Completamente livre, o zagueiro subiu sozinho quase dentro da pequena área e cabeceou para fora.
Enquanto isso, o Santos seguia insistindo nas bolas para Neymar, que até conseguia vez por outra levar a melhor sobre os adversários. Bem marcado, porém, o atacante chegou a soltar o braço direito no rosto de Ivan, em lance que lhe rendeu cartão amarelo.
- Pegou sim, mas foi sem querer. Eu fui proteger a bola, ele acabou abaixando e pegou. Mas jamais bateria na cara de alguém - justificou o craque, na saída para o vestiário.
Por sorte, o Santos não foi para o intervalo sofrendo uma goleada.
Peixe melhora pouco, e Lusa 'tira o pé'
Percebendo a fragilidade santista pelas duas laterais, Muricy Ramalho voltou para o segundo tempo com duas alterações: Juan entrou no lugar de Léo, e Elano ganhou a vaga do jovem Douglas (Henriqueag foi deslocado para a lateral direita).
O efeito prático na defesa foi imediato: o Peixe parou de sofrer com as jogadas pelas linhas de fundo (foram nove da Lusa contra nenhuma do Santos na etapa inicial). Mas se defensivamente o Alvinegro se acertou, no ataque continuava improdutivo.
Sentindo o cansaço pela volta ao time após trabalho de reequilíbrio muscular, por conta de uma artroscopia no joelho direito, Ganso deu lugar a Gerson Magrão aos 15 minutos do segundo tempo.
E só aos 25 o até então espectador Dida teve trabalho de verdade e precisou sujar o uniforme. Antes de cobrar falta pela esquerda, Elano ouviu a torcida do Santos gritar seu nome. O meia retribuiu o gesto aplaudindo de volta e cruzou na medida para Edu Dracena. No segundo pau, o capitão escorou para o meio da área e Durval chegou cabeceando à queima-roupa de Dida, que fez um milagre e salvou a Lusa.
A partida caiu de ritmo, as chances claras desapareceram e nem mesmo a alteração de Geninho, tirando Ananias para a entrada de Rodriguinho, surtiu efeito.
Ainda houve tempo para Borges perder chance inacreditável no último instante do jogo. O centroavante recebeu completamente livre na cara de Dida e isolou.
Empate sem gols no Canindé. Pior para a Portuguesa, que perdeu inúmeros gols e a chance da segunda vitória seguida no Brasileirão, em casa. Ao Santos, resta melhorar muito para acabar com o jejum de triunfos e sonhar com a disputa do título.