sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Centenário santista se aproxima do fim com taças e promessas não cumpridas


Fellipe Lucena e Marcio Porto - 30/11/2012 - 08:30 Santos (SP)


Corinthians x Santos - Copa Libertadores - Muricy (Foto: Tom Dib)


Você imagina o Santos brigando pelo título brasileiro, com Ganso na armação? Ou pelo menos cobiçando uma vaga na Libertadores, com reforços de peso encaminhados graças aos R$ 24 milhões arrecadados com a venda do meia ao São Paulo? Os cenários foram alardeados pelo clube, mas a situação está bem diferente.


O ano do centenário foi marcado pelas conquistas do Paulistão e da Recopa Sul-Americana, mantendo a média de duas taças por temporada na gestão Luis Alvaro. No entanto, desvios no planejamento fazem com que o clube encerre 2012 cumprindo tabela e encontrando dificuldades para acertar com os jogadores que Muricy Ramalho pede.


Tudo começou com a queda diante do Corinthians na Libertadores. O treinador, que coleciona arrancadas por outros clubes, acreditava em uma reação no Brasileiro, antes deixado em segundo plano.


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O problema é que saíram jogadores importantes, como Alan Kardec, Ibson, Elano e Borges, muitos se machucaram, e as apostas feitas pela diretoria não deram certo. Foi um pacotão: Gérson Magrão, Bill, Patito Rodríguez, Bernardo, David Braz, Galhardo, Éwerton Páscoa, Bruno Peres, Miralles, André... Nenhum deles encheu os olhos da torcida.


Para piorar, o clube perdeu energia na tentativa de manter Ganso, que acabou negociado. Se não teve tempo de buscar um substituto para esse ano e virou coadjuvante no Brasileirão, ao menos embolsou um valor suficiente para fazer contratações de impacto. Esse era o plano. Mas, enquanto corre atrás de jogadores, a diretoria usa o dinheiro para quitar antigas dívidas.


- Estamos pagando pontualmente para, a médio prazo, saldar tudo o que encontramos quando chegamos - disse o vice Odílio Rodrigues, que faz balanço positivo de um ano que também teve coisas boas, como a renovação com Muricy até o fim do ano que vem, um desejo pessoal de Luis Alvaro, e a continuidade do sucesso de Neymar, que proporcionou crescimento de 20% da torcida alvinegra, segundo pesquisa encomendada pelo clube.


Resta acalmar o comandante, que já chia. A torcida também cobra. Como será 2013? Fantasia ou realidade?


PROMESSAS NÃO CUMPRIDAS:


Caso 1 - Reação no Brasileiro

Pouco depois de consumada a eliminação na Libertadores, Muricy disse que o objetivo era vencer o Brasileiro. A reação ficou só no imaginário...


- Temos elenco. Concentrados, pode ser que dê certo. Acho que sou bom nisso (risos) – disse o técnico, em junho, lembrando que é tetracampeão do torneio.


- Quem está na frente tem plantel, não adianta. Perdemos muitos jogadores. Tem de se planejar antes - declarou o mesmo Muricy, em outubro, admitindo que nem o G4 era possível.


Caso 2 - Ganso

A ideia era manter o armador no clube durante toda a temporada. O presidente Luis Alvaro garantiu que não venderia, mas teve de ceder à vontade do atleta.


- Eu dizia: "Não vendo Neymar, não vendo Neymar". Agora eu digo: "Não vendo Ganso". Se amanhã eu vender, me cobrem – disse Luis Alvaro, à Rádio CBN, em agosto.


- Ele só saiu porque os interesses do Santos foram preservados. Lutei por dois anos e meio para que continuasse, mas chegou ao limite - explicou o presidente, em novembro.


Caso 3 - Dinheiro da venda de Ganso

Assim que recebeu os R$ 24 milhões referentes aos 45% dos direitos de Ganso, o clube prometeu gastar com reforços. Mas usou para outras pendências.


- Basicamente, (o dinheiro) será usado pra reforçar o time. Pelo menos um (reforço de peso) dá para contratar – disse Felipe Faro, superintendente de esportes, em setembro.


- Estamos sanando as dívidas deixadas pela outra administração, com um planejamento. Além disso, os salários estão em dia - justifica o vice Odílio Rodrigues, em novembro.


Caso 4 - Reforços de peso

Desde que jogou a toalha no Brasileirão, o clube fala em contratar atletas de talento reconhecido para 2013. Nomes surgiram, mas Muricy já reclama da demora.


- Preferimos trabalhar em sigilo. Mas podemos adiantar que são bons nomes e a torcida ficará contente no próximo ano - disse Odílio Rodrigues, em outubro.


- Reuniões são essenciais para a chegada de reforços. Vamos seguir com esse roteiro, é preciso calma - declarou o mesmo dirigente, em novembro, após Muricy dizer que está cansado de tantas reuniões.


Bate-Bola - Odílio Rodrigues, vice-presidente do Santos


LANCE!Net: Qual o balanço que a diretoria faz do ano de 2012?

Odílio Rodrigues: Avançamos no pagamento das dívidas herdadas da administração anterior, tivemos avanço de propriedade em termos de marketing, crescimento de torcida e reconhecimento, com incremento de sócios e dois títulos.


L!Net: Positivo, então?

OR: Em termos de organização, sim. Mas o futebol é quem faz a grande marca e não estamos satisfeitos, é claro. Não foi como desejávamos, e em função disso estamos montando elenco para fazer diferente.


L!Net: O que mais pode ser feito?

OR: Renovamos com Muricy e temos tentado contratar jogadores para formar um grande elenco. De qualidade, que dispute tudo. São essas as medidas adotadas.


L!Net: Por que o dinheiro da venda de Ganso não será utilizado para contratações como prometido?

OR: Não existe o dinheiro de Ganso, existe o dinheiro do Santos. Eu nunca falei isso, se Felipe Faro falou, não sei. O dinheiro não é “departamentalizado”. Entra como receita e dividimos de acordo com determinações estatuárias.