O torcedor que assistiu à primeira fase do Campeonato Paulista de showbol pode se deparar com uma grande novidade. Pela primeira vez na história da modalidade - criada em 2007 -, uma mulher foi escalada para apitar partidas oficiais. Trata-se da professora de Educação Física Katiucia Mota Lima, filiada à Federação Paulista de Futebol desde 2006. Natural de São José do Rio Preto (SP), a morena de 32 anos diz não querer seguir o caminho da ex-assistente Ana Paula Oliveira, que posou nua para uma revista masculina em 2007, tornando-se conhecida em todo o país. Entretanto, ela admite topar outro tipo de trabalho artístico, que lhe abra novos horizontes profissionais.
Katiucia observa jogada próxima ao são-paulino Denilson: 'Não há mistério na regra' (Foto: Divulgação)
- Posar nua é algo que eu não tenho em mente, mas toparia até fazer um ensaio sensual. Com a Ana Paula, a carreira artística abriu um outro caminho e ela acabou debandando para área do jornalismo esportivo. Quero continuar apitando, mas também gostaria de criar um leque de opções profissionais para a minha vida - afirmou Katiucia, que confidenciou já ter sido paquerada durante o exercício da função de árbitra. - Já aconteceu, mas nada fora do limite do respeito - contou.
Apaixonada por futebol desde a infância, Katiucia chegou a ser jogadora do Juventude, equipe feminina de São José do Rio Preto. Com passagem também pelo futsal, ela lamenta a pouca participação das mulheres na modalidade.
- Já estamos quebrando tabus, mas ainda está muito lento. Por ser mulher, sou mais cobrada que os demais. Se cometo um erro, as pessoas logo dizem que errei por ser mulher. O preconceito ainda existe, seja por parte de jogadores, técnicos, torcedores e dirigentes. Até na arbitragem isso existe. Tenho colegas que não gostam de apitar partidas femininas- disse.
Paulista revela que chegou a tentar a sorte como
jogadora em sua cidade (Foto: Divulgação)
Com sete anos de filiação à FPF, Katiucia costuma apitar jogos da Série A-3 do Paulistão, atuando também como quarto árbitro em partidas da A-2, equivalente à segunda divisão estadual. Procurando uma maior visibilidade na carreira, ela resolveu aceitar o desafio de apitar showbol, após ser convidada por Oscar Roberto Godói, principal árbitro da modalidade. Na primeira fase do Paulista, ela atuou nas partidas São Paulo x Ponte Preta e Barueri x São Paulo, ambas realizadas em Barueri (SP).
Segundo Katiucia, uma de suas maiores dificuldades neste início foi a regra do pênalti. No showbol, o árbitro é obrigado a assinalar a penalidade máxima sempre que um atleta comete a ação deliberada de colocar a bola para fora da arena em seu campo de defesa. Por gerar diferentes interpretações, as marcações são constantemente questionadas por jogadores e treinadores, mesmo com o recurso do replay, utilizado por cada equipe uma vez em cada tempo.
- A regra do showbol é um pouco diferente da do futebol, mas não há muito mistério. A questão do pênalti sempre gera reclamação porque, muitas das vezes, é um lance interpretativo. Recebi algumas reclamções nestas duas partidas do Paulista. Tirando um jogador, que se exaltou mais do que devia, não tive problemas quanto a isso - destacou.
Aguardando novos convites para apitar showbol, Katiucia espera apenas que não aconteçam novamente os incidentes que lhe custaram alguns minutos de dor.
- Levei duas boladas na primeira partida. Como o showbol é disputado em grama sintética e com tabela nas laterais e linha de fundo, o jogo fica muito mais corrido, fazendo com que o árbitro tenha que se posicionar com mais atenção. Só com o decorrer dos jogos, eu aprendi a me posicionar bem e agora estou pronta para outra - finalizou.