Luiz Gustavo, vestindo uniforme do Flamengo, na
infância (Foto: Reprodução)
O estádio Vito Ardito Lerário, em Pindamonhangaba, interior paulista, está parado no tempo. Mais precisamente em 1999, quando o ponta-esquerda Guga, aos 11 anos, conquistou seu primeiro título pelo Esporte Clube Estrela e, de quebra, levou a artilharia da competição, na categoria fraldinha, com 13 gols marcados. Quem frequenta o campo, sede do Estrela, sabe de cor que Guga é, hoje, Luiz Gustavo , volante do Bayern de Munique e da Seleção Brasileira, presente na lista do técnico Luiz Felipe Scolari para a Copa das Confederações.
Responsável por orientar os primeiros toques na bola de Luiz Gustavo, o técnico Evaldo Machado lembra com detalhes quando "um caneludo de passadas largas" apareceu e preencheu a ficha para começar a treinar, em 1999. Flamenguista, Guga sonhava ser ponta-esquerda e se espelhava em Athirson, ídolo rubro-negro na década de 1990.
- Em matéria de futebol, ele era nota 5 e o irmão mais velho (Jardel) dele nota 10. Ele era dedicado e comprometido; o irmão dele era muito habilidoso. Mas ele evoluiu demais por essa persistência. Houve uma vez em que precisei de goleiro e ele foi o primeiro a se oferecer - lembra Evaldo Machado.
Luiz Gustavo treinou com Machado entre 1996 e 2003. Todos os anos, o jogador preenchia fichas com testes de raciocínio, que era complementada com avaliações do treinador sobre o que precisava ser melhorado. A velocidade nunca foi problema. Nos primeiros anos, o ponto a ser corrigido era a coordenação da perna direita.
Luiz Gustavo jogará final da Copa dos Campeões contra o Borussia Dortmund, em 25 de maio (Foto: AFP)
Destaque do Estrela, Guga fez testes no Flamengo e no Santos, mas sem conseguir espaço. Foi encontrar uma oportunidade de se profissionalizar ao acaso, em 2004, quando o Corinthians-AL foi disputar a Copa São Paulo e Luiz Gustavo conseguiu fazer um teste junto ao elenco. Aprovado, foi para Alagoas logo depois da Copinha e acabou se tornando volante. No ano seguinte, foi contratado por emprestado pelo CRB-AL, quando, mais uma vez, contou com a sorte para se destacar.
Luiz Gustavo, em seus tempos de Guga, é o quarto
da esquerda para a direita, agachado
(Foto: Reprodução)
Em 2007, olheiros do Hoffenhein, da Alemanha, foram ao Rio Grande do Sul observar o meia Carlos Eduardo, do Grêmio, em ação. Aproveitaram para assistir a uma partida da Série B do Campeonato Brasileiro ali perto, entre Juventude e CRB. Com 19 anos na época, Luiz Gustavo agradou e foi para a equipe alemã por empréstimo. No ano seguinte, o Hoffenhein comprou em definitivo o passe do volante.
- Sempre foi um rapaz calmo. Sempre vem para Pindamonhangaba e, nas férias dele, faço um jogo beneficente. Ele faz questão de aparecer, chamar alguns amigos e nós fazemos uma grande festa para arrecadar alimentos - afirma.
Coleção pessoal
Evaldo Machado guarda recortes de jornal e fotos de Luiz Gustavo desde que o atleta entrou para sua escola em 1997. Quando Guga se destacou na Alemanha e foi contratado pelo Bayern de Munique, em 2008, a coleção de Evaldo aumentou. O treinador ganhou a camiseta que o jogador utilizou na estreia no Bayern.
Evaldo mostra coleção com fotos e camisas do Luiz
Gustavo (Foto: Filipe Rodrigues)
Em 2011, Luiz Gustavo foi convocado pela primeira vez para a Seleção e a camisa do jogo contra a Alemanha, devidamente autografada, foi para um lugar de destaque na casa do técnico, apesar da derrota por 3 a 2.
O treinador já tem ingresso garantido para o amistoso entre Brasil e Inglaterra, no dia de 2 de junho, na reinauguração do Maracanã. Antes disso, no entanto, irá torcer para que o volante faça o gol do título da Liga dos Campeões, no dia 25 de maio, quando o Bayern de Munique enfrenta o Borussia Dortmund, em Londres.
- Ele perdeu a mãe quando tinha 14 anos e sempre a homenageia durante os gols. Apesar de ser reserva, o Luiz Gustavo entra em todas as partidas e ele tem aparecido bem no ataque. Marcou gol no último jogo (3 a 0 sobre o Augsburg) e acho que pode decidir a partida para o Bayern.
(Foto: Filipe Rodrigues)