Último jogo de Ganso pelo Peixe foi na derrota para
o Bahia, na Vila (Foto: Lucas Baptista / Ag. Estado)
Mesmo sem entrar em campo, Paulo Henrique Ganso é o grande nome do clássico entre Santos e São Paulo deste domingo, às 16h, na Vila Belmiro, pela 23ª rodada do Brasileirão. Por causa do meia, a rivalidade entre os clubes se acirrou muito nas últimas semanas. Nem mesmo a lesão na coxa esquerda do atleta, que o deixa fora do time santista por tempo indeterminado, apaga seu nome da partida. Com futuro indefinido e disputado pelos dois lados, o camisa 10 é pivô de uma briga pública entre as duas diretorias. Independentemente da sua escolha, a relação entre os clubes foi arranhada.
Antes mesmo do fim da novela, o Santos já tirou uma lição de todo o episódio envolvendo Ganso e São Paulo. Para evitar novas confusões e polêmicas parecidas com esta, o Comitê de Gestão do clube a partir de agora vai designar dois ou três membros para tratar de assuntos importantes e que possam gerar polêmica, e priorizar o contato pessoal com outros dirigentes em vez de conversas por telefone. Novos no mundo do futebol, os empresários que ajudam a gerir o Peixe buscam experiência para lidar com essas situações.
Tudo para não repetir o desgaste sofrido por Pedro Luiz Conceição, integrante do grupo responsável por conduzir conversas com o São Paulo e exposto depois da entrevista de Adalberto Baptista, diretor de futebol do Tricolor. O objetivo incluindo mais de um integrante nas próximas negociações é encerrar fofocas e qualquer mal entendido.
No mais recente capítulo da novela, o Alvinegro se reuniu com o camisa 10 e ofereceu uma proposta de aumento salarial por escrito. Diferentemente das outras tentativas, desta vez o clube não pediu a cessão de parte dos direitos de imagem de Ganso. Ainda assim, o atleta não gostou do que foi oferecido, mas não chegou a responder ao clube. Hoje, ele recebe R$ 130 mil, um dos piores vencimentos entre os titulares, e ganha mais com seus quatro patrocinadores pessoais.
Paralelamente a isso, São Paulo e Peixe decidiram dar uma trégua nas declarações por meio da imprensa, e o Tricolor definiu que só voltaria a agir com uma terceira proposta depois do clássico deste domingo, para não acirrar ainda mais os ânimos entre os dois lados.
Na berlinda: mesmo fora do clássico, meia é assunto entre Santos e São Paulo (Foto: divulgação / Santos FC)
Desde o início da novela pela renovação contratual do camisa 10 santista, nunca a perspectiva de saída foi tão grande. Por meio da empresa DIS, grupo de investimentos dono de 55% dos direitos do atleta, o São Paulo já chegou a um acerto salarial. A própria empresa aceita receber menos dinheiro no ato da transferência, prevendo valorização do jogador, para lucrar só em uma futura venda. De quebra, conseguiria tirar Ganso do clube contra quem declaradamente possui desavenças, inclusive na Justiça.
O Peixe já garantiu, porém, que não vai aceitar nada menos do que a multa nacional de R$ 53 milhões pelo jogador, enquanto o Tricolor ainda tenta negociar por valor próximo aos R$ 23,8 milhões, referentes aos 45% dos direitos econômicos do Alvinegro. A disputa nos bastidores tem data para acabar (ou pelo menos ser interrompida): 21 de setembro, na 26ª rodada, quando as inscrições para o Brasileirão se encerram.
Relembre a novela San-São por Ganso
Os problemas começaram longe dos holofotes, ainda em julho. Após negociar Lucas por 43 milhões de euros (cerca de R$ 108 milhões), o São Paulo começou a pensar em um substituto. O clube na insatisfação de Ganso uma oportunidade para tentar a contratação.
Com os cofres cheios, o Tricolor decidiu fazer sua primeira investida em agosto: R$ 10,71 milhões pelos 45% dos direitos do Peixe. O clube do Morumbi apostava na briga entre jogador e Alvinegro para oferecer menos da metade do que em tese o rival teria direito. Sem sucesso, já que ouviu o primeiro “não”.
A recusa não chegou a intimidar o Tricolor, que seguiu confiante para ter o craque. O otimismo foi tamanho que contagiou até mesmo o técnico Ney Franco, a ponto de o comandante “rabiscar um campinho” com Ganso no time. A atitude gerou polêmica, críticas de Muricy Ramalho e pedido de desculpas do treinador são-paulino.
Santistas protestaram e atiraram moedas no
gramado (Foto: Alex Silva / Agência Estado)
Logo em seguida, o cenário ficou mais favorável para o São Paulo. Após derrota santista de virada na Vila Belmiro para o Bahia, por 3 a 1, no dia 29 de agosto, Ganso foi muito hostilizado por alguns torcedores. Chamado de “mercenário” e alvo de moedas, o atleta deixou o campo rebatendo o coro.
O episódio animou o São Paulo, que viu nova oportunidade para fazer mais uma proposta. No dia seguinte, porém, dirigentes do Alvinegro conversaram com o camisa 10 e o disseram que o rival havia desistido de sua contratação. Pouco tempo depois, também em forma de resposta, veio a nova oferta são-paulina: aproximadamente R$ 30 milhões, sendo cerca de R$ 12,6 milhões destinados ao Santos. Outra vez o Peixe recusou, mas agora também acusando o rival de tentativa de aliciamento.
O episódio deixou marcas. Ganso não gostou de ter sido informado pelo Santos de uma suposta desistência são-paulina, e logo depois ver o rival oficializando nova proposta. O Tricolor, por sua vez, rebateu as acusações santistas de forma dura, por meio de uma entrevista coletiva concedida por Adalberto Baptista, disparando críticas contra o dirigente santista Pedro Luiz Conceição.
Desde então, o caso está "congelado", mas deverá começar novamente depois do San-São.
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