segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Com números e feitos, Neymar se consolida como sucessor de Pelé


Fellipe Lucena e Marcio Porto - 05/11/2012 - 07:00 Santos (SP)


As imagens de Cruzeiro x Santos (Foto: Gil Leonardi)


A soberania de Pelé no Santos sempre foi inquestionável, mas ele começa a ganhar um sucessor a cada façanha de Neymar. Pelo menos para os torcedores mais jovens, que só podem se contentar com o Rei no imaginário.


O santista ou qualquer outro torcedor que não pôde presenciar o maior jogador de todos os tempos parar uma guerra ou receber aplausos de um árbitro, hoje pode ser dar ao luxo de acompanhar pessoas deixando a rivalidade de lado para reverenciar um ídolo seu.


O episódio de Belo Horizonte no último sábado, em que os cruzeirenses se renderam ao talento de Neymar é emblemático e evocou na cabeça, principalmente dos mais velhos, os tempos lendários do Rei.


O técnico Muricy Ramalho, campeão de tudo nos últimos anos, disse que havia tempos não via coisa parecida no futebol e levantou a possibilidade de a atitude fazer Neymar permanecer no Brasil após o término de seu contrato com o Santos, em 2014. O pai do craque concorda.


– Neymar tem de encarar toda partida como decisiva. Ele tem de estar feliz, é a alegria dele que vai fazê-lo ficar. E é claro que ser reconhecido pelos rivais faz com que todos reflitam. Por que não? – afirmou Neymar dos Santos, pai de Neymar, ao L!.


Se confirmada a projeção, Neymar poderá seguir quebrando recordes no Santos e cada vez mais se aproximar de Pelé ou pelo menos ter apenas o Rei à sua frente quando pendurar as chuteiras, o que Robinho, por exemplo, não conseguiu.


Este ano, Neymar virou o maior artilheiro do clube após a era Pelé com gol diante do Bolívar. Já é segundo maior em Nacionais e pode luta para ser o que mais marcou na mesma temporada. Mas e Pelé?


– O Pelé a gente tira daí, e depois a gente busca outra marca – brincou Neymar após o jogo do Cruzeiro.


O craque ainda tem muito a buscar no Santos e não dá para prever o que será dele. Mas uma coisa é certa: quem não viu Pelé já pode dizer que viu Neymar. Sem passar vergonha.


Neymar: o Pelé dos tempos modernos?


Ainda falta superar

Atualmente, Neymar tem 122 gols pelo Santos, em 203 jogos. Em ambos os quesitos, está distante do segundo colocado: Pepe, que anotou 405 gols em 750 jogos. Para superar os gols, Neymar precisaria de pelo menos mais sete anos no clube com média de 40 gols por temporada (este ano tem 41). Em jogos, seriam 11 anos, com média de 50 jogos.


Já é realidade em gols

Maior artilheiro após a era Pelé, o segundo maior em Nacionais (52), o segundo maior em Libertadores com Robinho (14) e corre atrás de Serginho Chulapa para ser o maior em um mesmo ano após após a era Pelé: Chulapa anotou 45 gols em 1983.


Títulos para superar

Tem seis pelo clube até agora: três Paulistas, Copa do Brasil, Libertadores e Recopa Sul-Americana. O recordista após a era Pelé é Léo, com dez, mas o veterano pode encerrar a carreira este ano, abrindo espaço para o craque se consolidar como o maior vencedor após o Rei, sendo protagonista das conquistas. O Brasileiro e o Mundial ainda não constam em sua galeria.


Prêmios individuais

Como era característicos do Rei, Neymar é uma máquina de ser artilheiro: este ano, foi do Paulista e da Libertadores, também já foi da Copa do Brasil em 2010 e este ano concorre pela segunda vez à Bola de Ouro, da Fifa.


As façanhas da dupla de ‘Reis’


Neymar


Reverência do rival...

No sábado, após três gols, teve o nome gritado pela torcida do Cruzeiro, e deu autógrafo a garoto cruzeirense em camisa do Santos.


...do maior do mundo...

Na semana passada, foi elogiado por Messi, do Barcelona: “Vem fazendo a diferença no Brasil há muito tempo. Ele é muito bom”.


...do árbitro...

No BR-2011, fez os gols da vitória por 4 a 1 sobre o Atlético-PR, e teve a camisa pedida por Francisco Nascimento, árbitro do jogo. O brinde seria para o filho, mas Neymar já havia prometido a Durval.


...de autoridades...

Em abril, participou de sessão solene no Plenário com outros santistas e roubou a cena. Deu autógrafos, tirou fotos com deputados e bateu bola com Marcos Maia (PT-RS), presidente da Câmara.


...e até dos companheiros!

Após o jogo contra o Náutico, empate em 0 a 0, na Vila, ele mesmo, irritado, acusou: os companheiros de time ficam só olhando esperando que ele decida. Muricy Ramalho concordou e justificou dizendo que os mais jovens ficam admirados com o craque.


Pelé


Parou uma guerra

Em 1969, durante excursão à Africa, o Santos encontrou o antigo Congo Belga em guerra e preferiu cancelar os jogos que faria ali. Mas, famintos para ver o Rei do futebol, as autoridades locais decidiram dar uma trégua no conflito. Durante quatro dias, não houve confrontos. A guerra recomeçou assim que o Santos de Pelé foi embora.


Expulsou o árbitro

Foi em 1968, em amistoso do Santos contra a seleção juvenil colombiana, no estádio El Campín, em Bogotá. O árbitro Guillermo Velásquez expulsou Pelé e, diante da ira da torcida, abandonou o jogo. Pelé voltou a campo.


Gol de placa e aplausos do árbitro

Dia 5 de março de 1961. Pelé driblou o time inteiro do Fluminense e fez um golaço no Maracanã, fazendo com que o jornalista Joelmir Beting pedisse ao jornal “O Esporte” uma placa. O fato deu origem ao famoso termo gol de placa. Já o árbitro da partida, Olten Ayres de Abreu, ficou famoso por aplaudir o gol. Este ano, em entrevista ao LANCE!, ele explicou: “O estádio inteiro aplaudiu por uns cinco minutos. Só eu ia ficar parado? Nem hesitei!”, disse.