Nenê durante jogo do Al-Gharafa (Foto: Reuters)
Artilheiro do Campeonato Francês 2011/2012, com 21 gols, e por duas vezes eleito para seleção do ano pelo tradicional jornal "L’Equipe", Nenê acabou ficando fora do novo, milionário e badalado elenco montado pelo Paris Saint-Germain. Nem mesmo os 48 gols marcados com a camisa do clube impediram que ele perdesse espaço no time de Carlo Ancelotti. Surpreso e vendo que não fazia mais parte dos planos, conversou com o diretor Leonardo e pediu para sair. Hoje, tenta construir um novo capítulo na carreira no Al Gharafa, do Catar.
Em entrevista por telefone, o brasileiro revelou que teve propostas para deixar o PSG no meio de 2012, mas que o próprio Leonardo não o liberou. A atitude deixou Nenê, que tinha contrato até o fim da temporada 2012/2013, confiante na renovação e em permanecer nos planos de Ancelotti. O que não aconteceu. Mesmo assim, diz que não guarda mágoas e torce pelo sucesso do ex-são-paulino Lucas, que, segundo ele, tem tudo para entrar na história do clube.
Antes de acertar com o Al Gharafa, Nenê ficou muito perto de fazer dupla com Neymar, no Santos. Porém, o poder financeiro dos árabes falou mais alto e ele, ao lado dos familiares, optou pela experiência no Catar. Por enquanto, está dando certo. O atacante tem quatro gols em seis jogos pelo time e ainda foi eleito por duas vezes o melhor em campo.
É claro que o nivel não é o mesmo da Europa e do Brasil"
Nenê
- Estou bem feliz. É claro que o nível não é o mesmo da Europa e do Brasil, o estádio quase sempre vazio, mas estou levando numa boa. A vida aqui também não é cara e tem muito brasileiro. Fiquei surpreso. O clima não está muito quente e ainda podemos treinar durante a tarde. Além disso, moro no mesmo prédio do Alex (ex-Internacional e Corinthians) e ele me mostra o lugar certo para comprar feijão e picanha (risos).
Como foi o convite do Al Gharafa?
No fim do ano, fiz a pré-temporada com PSG aqui no Catar, e o presidente do Al Gharafa pediu para que eu ficasse mais um dia para conhecer a cidade, pois queria me contratar. Achei muito legal e minha noiva também gostou. Até então, ele estava esperando meu contato para acertar.
Sente uma responsabilidade maior com a saida do Diego Tardelli?
- Quando cheguei ele já estava querendo sair, mas o clube não queria deixar. Não sinto tanta responsabilidade, pois eles trouxeram o Cissé (atacante francês) para o lugar dele. O Tardelli é um jogador muito bom, mas para ele seria melhor voltar. Ele ainda quer tentar uma vaga na Seleção.
E você ainda pensa em Seleção?
- Jogando aqui complica. Preciso fazer o dobro do que fiz com a camisa do PSG, mas foi uma opção minha.
O Al Gharafa está sem técnico. Ele foi demitido?
- Ele (Alain Perrin) pediu para sair, não foi demitido. Disse que não estava contente com os resultados. Tiveram uma conversa e decidiram por essa saída.
Li uma declaração de que o Leonardo não quis sua renovação. É verdade?
- Foi uma supresa. Já em agosto, eu esperava uma renovação e tinha propostas de outros clubes, mas ele não me deixou sair. Passou esse tempo, chegamos em dezembro e eu já não estava jogando. Pelo que fiz no clube, acho que não tive oportunidade de mostrar que poderia ficar. A torcida não queria que eu saísse. Até hoje recebo mensagem dos torcedores. O pessoal do clube também. Isso é importante e não tem preço. Chega um momento que você precisa decidir e resolvi sair.
Antes de sair, Nenê ainda jogou com Lucas no PSG (Foto: Reuters)
Ficou magoado com ele?
- Pensei que, por não ter deixado eu sair, continuaria importante para o time. Não cheguei a pedir explicação, pois vi que os planos do clube eram outros. É uma pena, pois poderia ajudar bastante.
Alguns jornais publicaram que essa atitude do clube foi porque você não tinha uma boa relação com o Ibrahimovic.
- Isso foi em um treino e bem no começo. Acontece no futebol, quando você entra mais forte o outro acha ruim. Foi só no momento, tanto que ele me elogiou muito após a minha saída. Se tivesse alguma coisa, ele não faria isso. A imprensa aproveitou um caso isolado para criar uma situação que não existe.
Gostou dos primeiros jogos do Lucas?
Tem tudo para entrar na história do clube"
Nenê
- É um moleque humilde, com personalidade e muita qualidade técnica. O futebol francês está mudando, está mais técnico do que antes. O Lucas já se adaptou muito rápido. Ele vai dar muitas alegrias ao torcedor e tem tudo para entrar na história do clube.
Você esteve perto de voltar ao Brasil. O que faltou?
- Estava praticamente decidido com minha famila, pensava em todas as coisas. Não só dentro de campo, mas acabei ficando em dúvida. No fim, a razão acabou falando mais alto e acabei olhando para o lado financeiro. Minha volta ao Brasil foi apenas adiada. Não passo mais de três anos aqui.
Qual time chegou mais perto de te contratar?
- Cheguei a negociar com o Flamengo, mas as conversas só avançaram mesmo com o Santos. No fim, minha dúvida ficou entre Santos e Al Gharafa, que já havia feito a proposta. Espero que minha decisão não tenha fechado as portas no Santos. Quando decidir voltar, seria um clube que gostaria de jogar.