quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Muricy começa a ser contestado por torcedores, conselheiros e dirigentes


O trabalho do técnico Muricy Ramalho começa a ser contestado de forma mais contundente na Vila Belmiro. O movimento que antes contava apenas com uma parcela da torcida e de conselheiros do clube agora já é compartilhado por alguns dirigentes. Parte da cúpula santista está insatisfeita com o comandante. Por outro lado, os defensores da sua permanência citam a falta de opções no mercado para substituí-lo, além de pregarem a política de não trocar o comando do time durante a temporada. A multa rescisória de aproximadamente R$ 4 milhões também é empecilho para uma eventual demissão.


Muricy Ramalho (Foto: Ivan Storti / Divulgação Santos FC)Muricy Ramalho: paciência da torcida está acabando... (Foto: Ivan Storti / Divulgação Santos FC)


A situação é ruim, mas Muricy não deve ser demitido num curto prazo - ele não vai para o clássico contra o Corinthians, domingo, no Morumbi, "na corda bamba". A lembrança de que a eliminação diante do mesmo rival, na semifinal da Libertadores de 2012, não ocasionou a sua saída, é um dos argumentos usados pelos que garantem que Muricy não será demitido após o clássico, independentemente do resultado. Uma sequência de jogos ruins, porém, pode mudar o panorama.



A cultura do futebol é de se cobrar o treinador quando o time não ganha. Mas temos de ter tranquilidade e maturidade, para não achar que está tudo errado"


Edu Dracena, capitão do Peixe



Uma das reclamações gerais é pela falta de aproveitamento dos jogadores da base. Na vitória por 2 a 1 sobre o XV de Piracicaba, na Vila Belmiro, no último domingo, até Pelé pediu mais chances aos garotos.


Atual campeão da Copa São Paulo, o Peixe conta com a dupla de zagueiros Gustavo Henrique e Jubal, o lateral-esquerdo Emerson, além do centroavante Giva, entre outros representantes da conquista, no elenco profissional. No início desta temporada, porém, o comandante tem priorizado a montagem da equipe titular com a base de 2012 aliada aos reforços.


Outro fator que incomoda os dirigentes do Santos são as reclamações públicas sobre as decisões tomadas pelo Comitê de Gestão. A mudança do jogo contra o Paulista do sábado para o domingo de carnaval, saindo da Vila Belmiro para o Pacaembu, desagradou a atletas e ao próprio treinador, que criticou a troca. O comandante tomou atitude parecida, após a desistência do clube de tentar um efeito suspensivo para livrar a Vila da atual punição e escolher o Morumbi como palco do clássico deste domingo.


Agora, o futebol apresentado recentemente também é motivo de insatisfação. Após três jogos sem vitória, o Peixe venceu o XV de Piracicaba sem convencer, na opinião dos próprios atletas. A promessa é de cobrança ao treinador, já que as contratações pedidas foram feitas, mas só a longo prazo.


– A cultura do futebol é de se cobrar o treinador quando o time não ganha. Mas temos de ter tranquilidade e maturidade, para não achar que está tudo errado. Essa oscilação é normal. No ano passado não começamos bem e fomos campeões. Estamos tranquilos – diz o capitão Edu Dracena.


Até mesmo o método de treinamento de Muricy já foi alvo de críticas internas. Questionado sobre o assunto, porém, Dracena preferiu não se manifestar.


– Não tenho opinião sobre isso, eu respeito o Muricy pelo currículo dele. Vocês (jornalistas) estão vendo os treinamentos todos os dias. Nunca vai haver uma unanimidade – afirma.


Com contrato até o fim do ano, Muricy soma quatro títulos e aproveitamento de 57% dos pontos no Santos. Até o momento, são 132 jogos, 65 vitórias, 33 empates e 34 derrotas.