Modesto esteve com representantes do fundo após
eleição (Foto: Ricardo Saibun / Divulgação Santos FC)
O repasse de parte dos direitos econômicos de três jovens jogadores do Santos ao fundo de investimentos Doyen Sports, amarrado nos últimos dias da gestão do ex-presidente Odílio Rodrigues, em dezembro, abalaram a relação do grupo com a nova diretoria do clube. O atual mandatário, Modesto Roma Júnior, não gostou de saber do negócio pela imprensa, pouco depois de assumir o cargo.
A situação pode criar dificuldades para os investidores internacionais, que têm no Santos o seu principal parceiro no país. Na Vila Belmiro, já investiram na contratação do centroavante Leandro Damião e compraram parte dos direitos do meia Lucas Lima. Agora, têm participação também nos atacantes Gabriel e Geuvânio e no lateral-direito Daniel Guedes.
A irritação de Modesto se dá porque o dirigente se reuniu com representes do Doyen após a eleição vencida por sua chapa, quando o acerto já estava sacramentado, e em nenhum momento do encontro lhe foi dada a informação sobre o acordo que envolvia os garotos, tidos como alguns dos mais valorizados do elenco.
O negócio ainda é rodeado por questionamentos. Até a noite desta segunda-feira, nem o fundo nem a diretoria do Santos haviam informado os valores e percentuais dos direitos que foram repassados. Sabe-se, apenas, que o acordo foi feito para quitar dívidas que o clube tinha com o próprio Doyen: pendências relacionadas à venda do meia Felipe Anderson à Lazio, em 2013, e à contratação de Damião.
- Eu não sabia que eles tinham sido vendidos, soube pela imprensa no final de semana. Pedi para o departamento jurídico se inteirar dessa situação. Eles estão levantando e saberemos em breve – afirmou Modesto.
O presidente santista não descarta nem mesmo encontrar brechas para cancelar o acordo encabeçado por seu antecessor.
- Não sou advogado para dizer se é possível desfazer ou não. O nosso departamento responsável com certeza vai tomar as medidas que forem necessárias.
Sempre que perguntado, Modesto critica a negociação que levou Leandro Damião ao Santos – o atacante será emprestado nesta temporada ao Cruzeiro, com parte dos salários ainda sob responsabilidade alvinegra. No início de 2014, o Doyen financiou a contratação do jogador, que estava no Internacional, por 13 milhões de euros. O time paulista ficaria com a totalidade dos direitos e se comprometia a pagar esse empréstimo em até cinco anos, com juros de 10% ao ano. Apesar de ter sido entre clubes brasileiros, a compra foi feita em euros, mesma moeda utilizada para calcular os juros. No contrato, não há nenhuma cláusula que proteja o Santos caso a cotação dispare.
O fundo de investimentos, que tem sede em Malta, também ajudou o Santos a contratar Lucas Lima. O jogador tem 40% dos seus direitos ligados ao Doyen, que emprestou outros R$ 3 milhões para o clube ficar com parcela igual. A equipe da Vila Belmiro, nesta segunda-feira, exerceu uma prioridade que tinha e comprou mais 10% de parte que pertencia ao Internacional.
Geuvânio, Gabriel e Daniel Guedes agora têm direitos ligados ao grupo Doyen (Foto: Editoria de Arte)