terça-feira, 16 de abril de 2013

Vice do Corinthians defende punição a clubes devedores: 'Rebaixamento'


Gastar mais do que se ganha é a fórmula certa para a falência. Pelo menos, é assim que acontece com a maioria das empresas. No futebol, a relação de receita e gastos é diferente, já que não existem investidores para cobrar que a instituição gere lucro, ao invés de dívidas, por isso a situação de muitos times é preocupante. Para Luis Paulo Rosenberg, vice-presidente do Corinthians, uma punição severa é a melhor maneira para resolver essa situação. Ele defende que o governo rebaixe clubes que, após uma renegociação das dívidas, continuem gerando déficit (assista ao vídeo).


- O que fazer com esse "entulho" do passado é uma questão delicada. Você pode fazer uma combinação desde um alongamento de prazo, para essas dívidas serem pagas, até serem criados alguns mecanismos de troca. Mas, acho que o importante é, qualquer que seja a solução, não permitir a recorrência. Tem que haver a punição rigorosa a quem se desviar depois de um momento de ajuste. Então, o governo refinanciou o passivo fiscal, as dívidas de impostos, (o clube) criou uma dívida nova, vai cair para a Série B. Tem que ter um vínculo entre a atividade fim, que é o futebol, com uma gestão responsável das finanças do clube - defendeu Rosenberg.


Um sistema parecido com o citado pelo vice-presidente é o programa Fair-Play Financier, que pune as equipes europeias desportivamente dentro de campo se os clubes não cumprirem os compromissos de pagamento como prêmios e multas. Apesar de ser recente, Rosemberg acredita que a mentalidade dos dirigentes brasileiros de futebol está se modernizando e as mudanças precisam acontecer de baixo para cima.


Gráfico mostra que apesar de renda dos clubes ter aumentado, despesas ainda são maiores (Foto: Reprodução SporTV)Gráfico mostra que despesas ainda são maiores que

renda(Foto: Reprodução SporTV)


- Pela formação de economista, não acredito muito que o governo vai mudar, que vai ser de cima para baixo. Tem que ser de baixo para cima, o consumidor, o cidadão, a empresa que mudam a cara do país, não o Ministério X ou Y. E é isso que estamos vendo no futebol. Não precisamos de CBF para modernizar o futebol, nós vamos fazer a mudança dos clubes para as federações e confederações, e acho que isso está indo muito bem. Claro que se carrega uma herança do passado, dívidas, passivos emocionais, passivos trabalhistas, mas isso vai dar tempo de digerir e a Copa vai ser muito útil nesse processo.


Doni de Nuccio, apresentador do programa "Conta Corrente", do canal Globo News, apresentou um gráfico que mostra o andamento das finanças dos clubes brasileiros no período de 2003 a 2011. Nele é possível perceber que as receitas cresceram bastante (235%), mas as dívidas foram maiores (306%). Os clubes estão gerando mais, mas não estão gastando menos e, por isso, Rosenberg crê que o governo e os próprios clubes deveriam cobrar o pagamento dos débitos.


- Quando houver essa grande renegociação de passivos é a hora do governo exigir isso como contra-partida. Na verdade, os clubes deveriam exigir isso, porque não adianta o Corinthians tentar praticar a governança mais justa, objetiva, respeitosa do país se os concorrentes não estiverem fazendo o mesmo. Então, o Corinthians está pagando enquanto o concorrente dele está usando o imposto, que deveria ser pago, para comprar um jogador, concorrer com o Corinthians, elevar salário, tratar um técnico melhor. É indispensável que haja uma isonomia e a consciência de se fazer isso de uma vez.