quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Cinco meses de Santos sem Neymar: mudanças no clube, em campo e no CT


Bruno Cassucci, Bruno Giufrida e Guilherme Amaro - 24/10/2013 - 06:01 Santos (SP)


Santos X Joinville - Neymar (Foto: Ivan Storti/LANCE!Press)


No dia 24 de maio, em reunião de mais de oito horas que invadiu a madrugada no dia seguinte na Vila Belmiro, o Santos selou a venda de Neymar para o Barcelona (ESP), em operação que custou pouco mais de R$ 170 milhões aos catalães e rendeu cerca de R$ 64 milhões ao Peixe. Hoje, cinco meses depois, o clube “esqueceu” do atacante, vive outra realidade, tenta implantar a uma nova política financeira, mas ainda sofre com a ausência do astro.


Além do fator técnico, o Peixe sente falta do apelo midiático do jogador, usado como chamariz para atrair patrocinadores e torcedores. Se por um lado o clube faturou alto com a venda, por outro não teve grande economia por não pagar mais os seus salários. Isso porque o Peixe não arcava com grande parte dos pagamentos e Neymar ainda gerava receita com seus contratos.


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A redução de custos veio de outra forma. A venda do ídolo foi o ponto de partida para uma grande reformulação no clube, que demitiu quase 40 funcionários e reduziu consideravelmente a folha de pagamentos.


– O Neymar faz falta para Santos, assim como faria para qualquer clube ou seleção. Mas temos de seguir nossa vida – disse o presidente santista em exercício, Odílio Rodrigues.


No dia a dia, o elenco alvinegro foi aos poucos saindo da sombra da Joia. Novos “Djs” apareceram no ônibus e vestiário e os garotos recém-promovidos trataram de manter as brincadeiras no grupo. O clima segue bom, embora o carisma e alegria do atacante façam falta. Apesar da saudade, a ausência dele não tornou o ambiente nostálgico.


Neymar também deixou órfão o rachão. Ele era o “presidente” do time rival do de Edu Dracena. Hoje, Arouca e Cícero lideram a equipe, mas sem o mesmo “poder”.


Em campo, o Peixe tem oscilado. Atualmente, é o oitavo colocado do Brasileirão, mas sonha com uma vaga na Libertadores de 2014. Se antes a diretoria achava que precisava de um ídolo para substituir a Joia – Robinho era visto como ideal – hoje a ideia é outra: economizar e trabalhar parar encontrar um novo Neymar. Nada fácil...




Infográfico do Santos em 2013: com Neymar e depois da saída dele (Arte: Luis Tupã)


Os cinco meses após a saída do craque


Junho

Muricy foi demitido no dia 31 de maio e Claudinei assumiu interinamente. O Peixe foi atrás do argentino Marcelo Bielsa, nas não fechou. Depois do fracasso, clube tentou Gerardo Martino, que depois acertou com o Barcelona.


Julho

Santos anunciou as vendas de Rafael para o Napoli e Felipe Anderson para a Lazio, ambos da Itália. Desistiu de trazer Robinho após polêmica. Contratou Thiago Ribeiro (ex-Cagliari-ITA), Cicinho (ex-Ponte) e Mena (ex-Universidad de Chile).


Agosto

Peixe foi goleado pelo Barcelona (8 a 0). A torcida protestou, presidente Luis Alvaro Ribeiro renunciou e o Comitê de Gestão foi reformulado. Nei Pandolfo saiu e Zinho chegou para ser o gerente. Renato Abreu e Everton Costa assinaram.


Setembro

Claudinei iniciou seu primeiro mês como efetivo no cargo. Time oscilou muito no Brasileirão, mas seguiu com o sonho do G4. Após eliminação na Copa do Brasil, membro do Comitê diz que clube precisava de “técnico com T maiúsculo”.


Outubro

Equipe continua oscilando no Brasileirão, mas ainda com sonho de conquistar uma vaga na Libertadores. Depois de meses turbulento, Santos tem paz e conta com Montillo, que sofreu com duas lesões nos meses anteriores.


Média de público cai sem o astro


A média de público do Santos como mandante já não era alta quando o time contava com Neymar e ficou ainda pior após a ida do astro para a Espanha.


Neste ano, por exemplo, enquanto o atacante jogou, o Peixe teve média de 9,4 mil torcedores por partida - sem contar a partida de despedida, realizada no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, quando mais de 60 mil pessoas estiveram presentes. Já depois da venda do craque, a média cai para 6,6 mil por confronto.


Além da perda da Joia, a fase do time influencia no desinteressa da torcida santista. No primeiro semestre, o time chegou à final do Paulistão, enquanto no segundo disputou apenas as oitavas de final da Copa do Brasil e faz campanha irregular no Brasileirão.


A fim de atrair mais público, o clube tem realizado algumas promoções e ações de marketing, com foco principalmente nas crianças, as maiores fãs de Neymar.