O Santos sofre com a irregularidade no Campeonato Brasileiro. Depois de bater o Cruzeiro por 4 a 2, na quarta-feira, o time sofreu para arrancar um empate por 2 a 2 com o Atlético-GO, lanterna do Brasileirão, no último sábado. Com tal desempenho, a situação do Peixe na tabela não é das mais favoráveis. O time ocupa apenas o 14º lugar, com 17 pontos. Muito disso em virtude da ausência do principal jogador da equipe nas últimas partidas: Neymar .
Neymar, astro, referência e símbolo do Santos. Sem ele, Peixe cai muito (Foto: divulgação/Santos FC)
A relevância do camisa 11 para o Alvinegro fica clara em campo e nos números. Dos 96 gols marcados pela equipe no ano, 30 (pouco menos de um terço) foram do atacante. Além disso, se por um lado o Santos foi às redes 74 vezes nas 31 partidas que Neymar atuou em 2012 (média de 2,38 por jogo), por outro marcou só 22 gols nos 20 oportunidades (1,1 por partida) em que não pode contar com o jogador.
A dependência do atleta, porém, não é explicada somente sob os aspectos técnicos e por números. Para Katia Rubio, psicóloga do Esporte e professora da Faculdade de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP), Neymar não é apenas uma peça no esquema tático de Muricy Ramalho, mas um "símbolo" de vitória na equipe, com impacto tanto no elenco como sobre os rivais.
- Ele se tornou um personagem na vida do time, algo que é reforçado pelos meios de comunicação. Deixou de ser apenas um atleta para ser um símbolo. É como se quando ele fosse para o campo, viesse com ele todo um "imaginário vitorioso", que influencia a própria equipe e até mesmo ao adversário. É mais ou menos como quando jogam contra o Brasil. A Seleção pode estar mal, mas há o respeito e o peso da camisa do time pentacampeão do mundo no outro lado - analisa.
Katia, no entanto, pondera o cenário no qual estão envolvidos Santos e Neymar, especialmente pelo fato do resto do time sentir muito dentro de campo a ausência do camisa 11. Segundo ela, é importante que os outros atletas também tenham visibilidade e tenham condições de dividir as responsabilidades com o atacante, aliviando a dependência de apenas um jogador.
Para Katia Rubio, presença de Neymar atrai um
"simbolismo" ligado à vitória (Foto: Arquivo Pessoal)
Para exemplicar, a especialista cita a situação na qual Neymar esteve inserido na seleção olímpica, que perdeu a final do torneio para o México e ficou com a medalha de prata. Nesse caso, o astro santista divide os holofotes com outros jogadores, como Oscar.
- Na Seleção, ele não teve a mesma visibilidade que no Santos e o time não foi tão dependente dele. Claro que do ponto de vista comercial, é interessante e rentável ao Santos que ele tenha esse destaque, já que é o garoto-propaganda do clube. Mas não tanto sob a ótica de um time de futebol - avisa.
Dentro disso, a especialista avalia que o técnico Muricy Ramalho não está errado nas cobranças (às vezes, públicas) que faz a determinados jogadores da equipe. Após a partida de quarta, por exemplo, o treinador elogiou a atuação do Felipe Anderson, de 19 anos, mas tornou a chamar atenção do atual camisa 10 da equipe, dizendo que o meia precisa saber controlar mais o jogo.
- O Muricy, é competente e tem com uma das qualidades de seu histórico justamente a capacidade de administrar grupos. Entendo que ele tenta dar visibilidade aos outros garotos, mesmo que com cobranças, justamente para que eles possam evoluir, ascender e também serem protagonistas, com o Neymar - finaliza.
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