Renato Rodrigues - 04/10/2013 - 07:27 São Paulo (SP)
A fala mansa de Maldonado engana. Faz qualquer um se surpreender, principalmente pelo chileno não medir palavras ao falar sobre o futebol brasileiro que o recebeu tão bem há pouco mais de 13 anos. A certeza é uma só: ele também quer mudanças!
Em entrevista concedida ao LANCE! e LANCE!Net, em um fim de tarde no CT Joaquim Grava, Maldonado bateu forte no calendário, falou das lesões e as motivações para ser campeão outras vezes e ainda revelou que aconselhou Marcelo Bielsa a não treinar o Santos. Segundo ele, nem Pep Guardiola conseguiria encarar a maratona de jogos... O momento do Corinthians, seleção chilena e até a possibilidade de renovar contrato no clube também foram assuntos.
Confira alguns trechos:
São 13 anos no futebol brasileiro. O nível piorou desde que você começou a jogar no São Paulo, em 2000?
Só piorou. Precisa mudar muita coisa. Nem os treinadores conseguem mais trabalhar. Você joga de três em três dias. O treinador monta um campinho e dá as ordens. Só isso. Quem trabalha é o departamento médico e físico. O treinador precisa de uma semana para colocar o que quer em prática. Na Europa eles trabalham. Mudam formações, trocam peças. Aqui no Brasil, os jogos ficaram lentos. A transição de bola é muito atrasada. Se tivermos menos jogos, vai melhorar.
Você é estrangeiro e deu certo aqui. Porque não acontece com os técnicos? Você trabalhou com Bielsa, que quase foi para o Santos...
E será difícil entrarem. Bielsa daria certo com outro calendário.
Chegou a falar com ele sobre essa possibilidade?
Quando ele estava para acertar com o Santos, me ligou para tirar dúvidas. Contei que o Santos revela muitos jovens, que o clube é organizado e que é uma cidade boa para morar. Ele chegou a me perguntar de jogador por jogador. Lateral, zagueiro, meias... Fui dando minha opinião. Aí chegou um momento em que ele me perguntou: “Você acha que eu daria certo aí no Brasil?”. Falei: “Vou ser sincero, Marcelo. Não daria”. Ele perguntou o porquê e eu disse: “Você não vai ter tempo para trabalhar. Aqui se joga de quarta e domingo, quarta e domingo... Quando trabalhamos na seleção, você tinha uma semana para treinar. Seus treinos são intensos, gosta de variar a parte tática, inventar coisas novas... Aqui, você não vai conseguir”.
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