O assunto do Arena SporTV desta terça-feira foi arbitragem, e uma das questões que vieram à tona foi a profissionalização da atividade, o que aconteceu no último dia 10, quando a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que a partir de agora regula a mais nova profissão do país. De acordo com o texto, fica "facultado aos árbitros de futebol prestar serviços às entidades de administração, às ligas e às entidades de prática da modalidade desportiva futebol". A lei diz ainda que os árbitros poderão se organizar em associações profissionais e sindicatos. Para o ex-árbitro Sálvio Spínola, nada mais que um primeiro passo (assista ao vídeo).
- É muita tempestade para um copinho de água muito pequeno. Mas necessário. Esse é um primeiro passo, tem 20 anos que se discute isso. O que foi feito agora foi simplesmente dar dignidade à profissão de árbitro de futebol. A profissão está só legalizada, antes era uma atividade ilegal, podemos dizer assim. Ainda é muito pouco - ressaltou Spínola, que ainda lembrou que não existe a previsão de crime em relação à manipulação de resultados, o que deixou fora da prisão o ex-árbitro Edílson Pereira de Carvalho, pivô de escândalo em 2005.
Sálvio Spínola diz que profissionalização ainda
tem muito o que evoluir (Reprodução / SporTV)
- Na época que nós (ele e Leonardo Gaciba) éramos árbitros, fomos pleitear por esse reconhecimento e naquele momento pedimos para colocar no projeto a previsão legal de crimes, colocar no Código Penal Brasileiro a adulteração de resultados por árbitros, já que não há isso no ordenamento jurídico brasileiro. O Edilson Pereira de Carvalho está solto porque não tem crime. Nesse projeto de lei também deveria ter sido colocado. Não sei porque foi tirado. Diz-se que tem uma lei maior para o esporte que vai fazer constar, e isso é necessário para o futebol, tem que inibir esse tipo de árbitro. Pagamos até hoje por causa disso - relembra Sálvio.
Apesar da regulamentação, o árbitro brasileiro de futebol ainda precisa buscar muito outros direitos, e Sálvio Spínola destaca que hoje o profissional de arbitragem se vê sozinho. Quem vai arcar com os custos da profissionalização da arbitragem?
- Isso não está resolvido. Acho que o futebol tem que arcar, não com esses custos da legislação trabalhista brasileira, que é muito danosa, mas dar uma condição melhor de trabalho para o árbitro. Todo mundo reclama que o árbitro tem a sua atividade profissional e depois vai apitar, mas quando o árbitro se lesiona ele pega a carteirinha do convênio médico de onde trabalha para ir no médico, para fazer uma cirurgia de joelho ou uma fisioterapia, por exemplo. Não tem um plano de saúde vindo do futebol.
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O ex-árbitro e hoje comentarista Leonardo Gaciba relembra um caso recente ocorrido com a árbitro assistente Tatiane Freitas, da Fifa, que, durante um treino para a prova física dos árbitros no início do ano, teve um acidente vascular. No momento ela retorna às atividades físicas.
- Ela está recebendo como autônoma, porque ela pagou a contribuição, mas não tinha plano de saúde. O árbitro, quando se machuca, quem paga o tratamento? O próprio arbitro paga do bolso. O árbitro leva a bandeira, os cartões e o apito para o jogo, nem isso é dado - reforça Gaciba.