Em 1998, quando estreou em uma Copa do Mundo, o Japão era um ilustre desconhecido no cenário do futebol mundial. Hoje, a evolução nipônica no esporte salta aos olhos. Em 2010, na Alemanha, os asiáticos alcançaram as oitavas de final da Copa e só caíram nos pênaltis, para o Paraguai. Ano passado, foi a vez da seleção feminina brilhar, ao conquistar o Mundial - também em solo germânico - e apresentar a categoria de Homare Sawa (eleita a melhor jogadora do mundo, desbancando a brasileira Marta) e o trabalho de Norio Sasaki, melhor técnico de 2011). Já em 2012, os rapazes voltaram a surpreender, ao alcançar as semifinais das Olimpíadas de Londres, deixando pelo caminho ainda na primeira fase a favorita Espanha - as mulheres ficaram com a prata (os Estados Unidos conquistaram o ouro), superando o Brasil nas quartas de final.
Mesmo sem medalhas, Japão se destacou no futebol masculino em Londres (Foto: Agência Reuters)
O ex-jogador Pita, no entanto, não se diz surpreso com o crescimento do futebol japonês. Nascido em Cubatão, no litoral paulista, e integrante da primeira geração santista de Meninos da Vila, em 1978, o ex-meia de Santos e São Paulo foi um dos primeiros brasileiros a atuar no País do Sol Nascente. Lá, defendeu Bellmare e Nagoya Grampus no começo dos anos 90, além de treinar clubes como Frontale Kawasaki e Urawa Red Diamonds. Para ele, o momento vivido pelo Japão no esporte premia a seriedade com a qual os nipônicos tratam o futebol.
Pita jogou no Japão no começo dos anos 90
(Foto: Lincoln Chaves / Globoesporte.com)
- Não surpreende (a boa fase do futebol japonês). Joguei lá no começo dos anos 90 e vi a seriedade dos japoneses. Eles estudaram os jogadores brasileiros e europeus, trouxeram atletas mais velhos, como eu, Zé Sérgio, Zico, Oscar, Dario Pereyra e o Pierre Littbarski (alemão) para ensinar aos jovens a arte do futebol. É um povo que trabalha muito e é muito dedicado. E podem esperar, os japoneses darão muito trabalho na Copa do Brasil, em 2014 - destaca Pita, durante um encontro entre ex-jogadores de Santos e Corinthians, no Sesc Santos.
Outro fator que corrobora com a evolução do futebol no país é que, se há quinze anos atrás era praticamente inimaginável ver um japonês atuando longe da sua terra, hoje quase metade da seleção nacional masculina - considerando a mais recente convocação do técnico italiano Alberto Zaccheroni, para um amistoso contra a Venezuela - atuam no futebol europeu. Destaque ao meia-atacante Shinji Kagawa, apelidado de "Messi Japonês" e que foi contratado pelo Manchester United em agosto pela bagatela de £ 17 milhões (R$ 55 milhões) junto ao Borussia Dortmund, da Alemanha.
Pita, contudo, ainda vê com dificuldades a possibilidade de ser 2014 o ano em que o Japão se tornará o primeiro país a encerrar a "tradição" de os campeões mundiais serem europeus ou sul-americanos. Mesmo assim, aposta em um bom desempenho nipônico no Brasil.
- É difícil (o Japão sonhar com o título mundial por agora) porque apesar do momento irregular de seleções como Brasil ou Argentina, camisa pesa muito em Copa do Mundo. Além disso, (Brasil e Argentina) são países em que sempre aparecem jovens de talento. Nos próximos anos, é difícil o Japão pensar em título mundial, mas em 2014, é um time que tem condições de assustar e chegar longe. Por exemplo, em uma semifinal - conclui.