quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Após pichações, criador de mural do CT pede conscientização de santistas


Em meio à fase irregular do Santos no Campeonato Brasileiro e a interminável novela envolvendo Paulo Henrique Ganso , quem saiu perdendo foi o mural que decora os muros externos do CT Rei Pelé, alusivo ao centenário do clube, comemorado este ano. Dentro de duas semanas, as paredes do CT foram alvo de pichações de torcedores. Primeiro com manifestações hostis ao camisa 10, um dia após a derrota para o Bahia por 3 a 1 - quando Ganso recebeu uma chuva de moedas na saída do gramado. Depois, no último domingo, antes do clássico contra o São Paulo, com cobranças ao presidente Luis Alvaro Ribeiro.


Muro do CT Rei Pelé é pichado (Foto: Raimundo Rosa / A Tribuna)Muro do CT Rei Pelé é pichado antes de clássico contra o São Paulo (Foto: Raimundo Rosa / A Tribuna)


As pichações não foram feitas diretamente nas gravuras, mas em espaços em branco ou preto próximos às mensagens e pinturas de jogadores e ex-atletas que já defenderam o clube ao longo dos últimos cem anos. Apesar disso, o artista responsável pela obra, Paulo Consentino, admitiu desconforto com a maneira utilizada pelos torcedores para os protestos.


- Evidente que fico chateado. Acredito que não só eu, mas os próprios torcedores do Santos. Afinal, (o mural) é uma homenagem feita para o clube. A pintura é um todo. Mesmo que as mensagens e os desenhos não tenham se danificado, os espaços de fundo foram, e isso também é uma agressão ao trabalho. É uma obra que conta a história do centenário do Santos. Acredito que existam outras maneiras de se fazer isso (protestos) - lamentou.


Artista plástico Paulo Consentino, muro do CT Rei Pelé, em Santos (Foto: Lincoln Chaves / Globoesporte.com)Consentino foi o responsável pelas pinturas no CT

(Foto: Lincoln Chaves/Globoesporte.com)


Consentino também lembrou que a pintura do mural, embora coordenada por ele, também teve a participação de alunos da rede pública de ensino de Santos. Recordou ainda que, nas semanas que antecederam o centenário do clube (14 de abril), foi realizado um mutirão de artistas da Baixada Santista e da capital para conclusão da obra. Reconheceu, porém, que a preservação dos muros vai além do alcance do clube, e passa pela conscientização dos torcedores.


- (Proteger o mural) Seria uma questão mais de segurança pública, acho que nem cabe ao Santos. Não sei como poderia funcionar, já que se trata de uma área extensa, com mais de um quilômetro de muros... Mas creio que caiba a conscientização das pessoas de que a pintura foi feita por muita gente, e que seria bacana se o trabalho fosse respeitado - avalia o artista, filho de Ítalo Consentino, médico do Santos na Era Pelé.


O vice-presidente do Peixe, Odílio Rodrigues, por um lado, minimizou as pichações enquanto "falta de respeito" com a obra. Por outro, no entanto, destacou a importância do mural para o clube e a própria cidade de Santos e considerou que a percepção no Alvinegro é de que o trabalho seguirá preservado e respeitado pelos santistas.


- Não entendo que a obra tenha sofrido algum tipo de "vandalismo", pois foi pichada uma parte branca do muro, não incorporada ao mural. De qualquer maneira, imaginamos que as pessoas entendem que se trata de uma obra que não faz parte só do Santos, mas da cidade, e que merece ser respeitada. Desde que ela (obra) começou, percebemos que sempre houve preservação, e acreditamos que o trabalho continuará sendo respeitado - concluiu.


Muro Pichado Ganso (Foto: Nirley Sena / Jornal Atribuna de Santos)Após derrota na Vila, Ganso foi alvo de pichação em muro (Foto: Nirley Sena / Jornal A Tribuna de Santos)