Bruno Cassucci e Marcio Porto - 14/11/2012 - 08:00 Santos (SP)
Sofrimento, preconceito, talento e superação foram ingredientes utilizados pelo cineasta Breno Silveira para mostrar na telona uma pouco da história de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, no filme "Gonzaga - De pai para filho". Mas poderiam facilmente se aplicar a Durval.
Nascido em Cruz do Espírito Santo, na Paraíba, o zagueiro pulou mais uma barreira da dificuldade que acompanha o nordestino e alcançou nesta terça-feira mais um feito para alimentar seu apelido de Rei do Sertão: aos 32 anos, o santista foi convocado por Mano Menezes para a Seleção Brasileira que enfrentará a Argentina no próximo dia 21, no Superclássico das Américas, em La Bombonera.
Uma honra concedida aos melhores, como Gonzagão, autor dos grandes sucessos presentes na trilha sonora do povo nordestino, como é o caso de Durval. O zagueiro era acordado pela música na infância e até vê semelhanças entre sua história e a do ídolo musical, que agora ganhou as salas de cinema de todo o país.
– A maioria das histórias do nordestino é parecida. A gente vem tudo lá de baixo, com sofrimento, e a realização, uma conquista como essa, acaba sendo mais gostosa, mais saborosa e precisa ser exaltada – afirmou em entrevista ao LANCENET!.
LNET! EXPLICA:
Entenda a origem do apelido Rei do Baião de Luiz Gonzaga
Nascido em Exu, no sertão de Pernambuco, Luiz Gonzaga foi um dos maiores intérpretes da musica brasileira e faleceu em 1989. Gravou mais de 200 discos e colecionou prêmios. Entre os dois, a semelhança de terem alcançado a maior fama no sudeste do país. Gonzaga, no Rio de Janeiro. Durval, em São Paulo. Quer dizer, em Santos, cidade do clube em que conquistou as principais glórias.
O zagueiro lembra que também sofreu preconceito no futebol por ter nascido na Paraíba. Mas isso é passado. É hora de aproveitar mais uma conquista e, assim que tiver um tempinho, ir ao cinema ver o filme que trata de Gonzagão e sua relação com o filho e músico Gonzaguinha.
Relação, aliás, que não se aplica ao zagueiro. O filme mostra o abismo entre pai e filho. Já o jogador não esquece dos ensinamentos de Renato Durval, seu pai, com quem vai dividir a honra assim que puder.
– Sempre comemoro com meus pais, o pessoal da minha terra, não esqueço de minhas raízes. Ele me ensinou muita coisa, minha mãe Maria também e sinto orgulho disso – diz.
De pai para filho ou de filho para pai, o orgulho é o mesmo.
Ícone nordestino
"Cantor e compositor, nascido em 1912, em Exu, Pernambuco, foi um dos artistas mais importantes da música popular brasileira. Mostrou ao Brasil não só ritmos nordestinos – como o xote, o baião e o xaxado – mas também apresentou ao país as injustiças de sua região.
“Asa Branca”, sua canção mais famosa, é chamada de “hino do nordestino”. O filme “Gonzaga – De pai para filho”, que conta a história dele, entrou em cartaz no fim de outubro."
Durval, em entrevista exclusiva ao LANCENET!
Com essa convocação, acha que pode ser considerado mesmo o Rei do Sertão no futebol?
Faz parte da minha história. Sou muito ligado ao nordeste, passei a infância lá, joguei em Recife depois, tem a ver.
E como encara isso?
Sinto-me honrado, não fujo das minhas origens. Mesmo que conquiste uma Copa do Mundo, vou comemorar na minha cidade.
O que vai fazer com a camisa da Seleção, a primeira?
Vou mandar colocar em um quadro e deixar na casa dos meus pais, na Paraíba, de lembrança.
Acha que pode disputar a Copa de 2014 ou o grupo está fechado?
Muito difícil. Estarei com 34 anos. Mas se ainda estiver em um grande clube... Tudo é possível.
Qual música do Luiz Gonzaga que mais lhe marcou?
Com certeza Asa Branca, que é o hino de todo nordestino. Ouvia muito na infância e me marcou.