Nas arquibancadas, a torcida do Atlético-MG fazia menção de reverência ao ídolo Ronaldinho Gaúcho. Dentro de campo, antes do início do jogo, o próprio Neymar repetiu o gesto antes de cumprimentar R49 e trocou palavras com o meia ao pé do ouvido. Quando a bola rolou, o astro, completando 200 jogos pelo Santos, fez um golaço, mas não foi decisivo. Ronaldinho também ajudou o Galo com passes e no final o placar foi de 2 a 2 na noite desta quarta-feira, na Vila Belmiro. Apesar disso, valeu muita a presença do atacante de moicano, que enfrentou maratona vindo da Polônia, onde a Seleção venceu o Japão por 4 a 0, nesta terça-feira, até o Brasil.
Além do eletrizante primeiro tempo, que aos 26 minutos já marcava 2 a 2 no placar e chegou a lembrar o duelo histórico entre Santos e Flamengo pelo Brasileirão de 2011, o empate foi repleto de muito drama. Na jogada que originou o gol de Jô, o segundo do Galo na partida, o zagueiro Rafael Marques se chocou de cabeça com o companheiro Leonardo Silva e ficou desacordado. Após 11 minutos de apreensão, o atleta recebeu atendimento médico e foi encaminhado ao Pronto Socorro ao lado do hospital Santa Casa de Santos. No segundo tempo, Bernard também sentiu problema grave, com princípio de convulsão e taquicardia após choque com Henrique, mas também passa bem.
Com o empate, o sonho do título fica mais distante para o Atlético-MG e o último fio de esperança pela Libertadores praticamente se esvai para o Santos.
Agora, o Peixe vai a Campinas encarar a Ponte Preta, neste domingo, às 18h30m, no estádio Moisés Lucarelli, sem Neymar, punido pelo STJD. O Atlético-MG, por sua vez, recebe o Fluminense em jogo com cara de final, no estádio Independência, às 16h, também no domingo. As duas partidas são válidas pela 32ª rodada do Brasileirão.
Bernard tenta passar pela marcação do santista Adriano (Foto: Leandro Martins / Futura Press)
Jogaço e drama na Vila
Não deu tempo de respirar. Quando se tem Ronaldinho Gaúcho de um lado e Neymar do outro, o torcedor não pode hesitar. E foi isso o que aconteceu na Vila Belmiro. Avassalador e inspirado pela presença de seu astro, o Santos só deixou o Atlético-MG encostar na bola depois de estufar a rede adversária. Desde o apito inicial do árbitro Héber Roberto Lopes, foram poucos toques até o Peixe abrir o placar. Em 19 segundos, Léo lançou Neymar, que tocou de cabeça pela esquerda para Felipe Anderson. O meia foi até a linha de fundo e cruzou na medida para Miralles, de primeira, vencer Victor: 1 a 0 no gol mais rápido do Brasileirão deste ano.
O número 200 na camisa de Neymar remetia aos jogos do atacante pelo Santos, mas também poderia ser a velocidade com que o atleta corria em campo. Aos 11 minutos, atacante protagonizou golaço. De costas, ele deu drible entre as pernas de Rafael Marques e passou também por Leonardo Silva. A dupla de zagueiros ficou no chão. Em seguida, foi para cima de Junior Cesar, puxou para a perna direita e, depois de ameaçar o chute, finalizou cruzado no canto direito de Victor.
Parecia goleada santista, mas do outro lado estava o Atlético-MG, vice-líder e com astros do porte de Ronaldinho Gaúcho e Bernard. Cuca escalou pela primeira vez no Brasileirão três volantes, mas o plano de segurar Neymar já parecia ter ido por água abaixo. Foi então que a partida ganhou contornos de jogaço. A reação mineira começou aos 17 minutos. Pela direita, Serginho deu belo drible da vaca em Léo e cruzou na cabeça de Bernard, que diminuiu a vantagem dos donos da casa: 2 a 1.
O lance deu ânimo ao Galo, que passou a comandar a partida. No meio de campo, Marcos Rocha recebeu passe de Ronaldinho Gaúcho e deu belo lançamento para Bernard. Pela esquerda, o jovem atacante de 20 anos invadiu a área e dividiu com Rafael. No rebote, o artilheiro Jô não perdoou e deixou tudo igual, aos 26 minutos. Explosão de alegria dos atleticanos e o filme do jogo entre Santos e Flamengo válido pelo Brasileirão de 2011 passando na cabeça de todos. Mas um fato triste esfriou tudo.
Na mesma jogada de contra-ataque que originou o gol do Galo, o zagueiro Rafael Marques se chocou de cabeça com o companheiro Leonardo Silva e caiu desacordado no gramado. Aflitos com a situação, jogadores de Santos e Atlético-MG cobraram a presença da ambulância no gramado, mas o veículo não conseguiu acessar o campo, por conta de uma rampa e da falta de espaço. Só depois de 11 minutos dois funcionários do Corpo de Bombeiros imobilizaram o jogador e o retiraram do estádio direto para o Pronto Socorro ao lado do hospital Santa Casa de Santos.
Passado o drama geral, o Atlético-MG continuou pressionando o Santos, mas não conseguiu nada que alterasse o marcador antes do intervalo.
Ritmo cai, drama aumenta e placar não mexe
Com a entrada de Richarlyson no lugar de Rafael Marques ainda na etapa inicial, o Galo mudou a forma de jogar. O time passou a ter três zagueiros: Leonardo Silva, Serginho e Richarlyson, estes dois últimos improvisados, já que Cuca não pôde levar defensores para o banco de reservas – Réver está suspenso e Luiz Eduardo lesionado. Assim como no fim do primeiro tempo, o time mineiro seguiu melhor.
Ronaldinho aproveitou bola parada e cruzou na cabeça de Richarlyson, que por muito pouco não virou o placar. Depois, novamente nos pés do craque, o Galo novamente ficou no quase. Desta vez, R49 recebeu cruzamento de Marcos Rocha e tocou para o meio da área. Henrique interceptou o passe, mas quase fez contra, não fosse a intervenção de Rafael.
Neste meio tempo, o Santos só ameaçou em uma falta cobrada por Neymar, à esquerda de Victor. Nitidamente o Peixe perdeu o ritmo da etapa inicial. Percebendo a queda de produção, Muricy Ramalho também modificou: substituiu Felipe Anderson por Bernardo. Na primeira jogada do meia, ele cruzou bola perigosa pela direita e Neymar dividiu com Victor, mas a zaga do Galo afastou o rebote.
Neymar bem que tentou novamente deixar sua marca e fazer do jogo de número 200 mais especial, mas parou em Victor. Perto da meia lua, ele girou e finalizou no canto esquerdo do goleiro atleticano, que se esticou todo e fez a defesa aos 24 minutos. Miralles, pelo Santos, e Leonardo (entrou no lugar de Jô), pelo Atlético-MG, tiveram boas chances de definir o placar, mas ambos pecaram nas finalizações.
Ainda houve tempo para mais drama na Vila Belmiro. Aos 32 minutos, Bernard se chocou com Henrique e caiu no gramado pedindo substituição, mas Cuca já havia feito todas as modificações. O meia foi retirado de maca e colocou um colete protetor na região do pescoço. Em função do problema com Rafael Marques, os médicos do Atlético-MG foram mobilizados para o hospital com o jogador. Sem profissionais do Galo para atender os atletas do time mineiro, o médico Rodrigo Zogaib, do Santos, ficou encarregado pelos jogadores das duas equipes e examinou o atacante, que foi para o vestiário.
Dramas e problemas à parte, o placar seguiu igual ao do primeiro tempo e os dois times saíram frustrados com a igualdade.
