segunda-feira, 9 de março de 2015

Poder público pressiona clubes por relação com torcidas organizadas


Em uma reunião em que nenhuma proposta concreta foi apresentada, o poder público paulista deixou claro descontentamento com a relação que existe entre os clubes e as torcidas organizadas. Reunidos para discutir os problemas de violência ligados ao esporte, representantes de órgãos de segurança do governo estadual, Ministério Público e dirigentes saíram do encontro com a promessa de que soluções serão apresentadas em breve.


Segundo o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, os órgãos representados na conversa deverão entregar projetos até a próxima sexta-feira, para que eles sejam discutidos em um novo encontro, marcado para o dia 20 de março, quando as medidas aprovadas devem começar a valer.


Torcida São Paulo Arena Corinthians (Foto: Marcos Ribolli)Torcida São Paulo é escoltada até a Arena Corinthians em clássico no ano passado (Foto: Marcos Ribolli)


Apesar disso, a mensagem era para que cartolas repensem a forma como se comportam com as principais facções ligadas aos quatro grandes de São Paulo.


– Não basta só um novo tratamento para a repressão. (O combate à violência) passa também pelo relacionamento dos clubes com suas torcidas organizadas. Defendo a relação transparente, fiscalizada – disse Moraes, anfitrião da reunião realizada na sede da pasta, na manhã desta segunda-feira.


O encontro contou com a presença apenas dos presidentes Modesto Roma Júnior, do Santos, e Carlos Miguel Aidar, do São Paulo – Corinthians e Palmeiras foram representados por vices.


Torcida, Corinthians X Atlético-mg (Foto: Marcos Ribolli)Torcidas organizadas do Corinthians costumam ir em peso para os jogos em Itaquera (Foto: Marcos Ribolli)


O santista negou financiar organizados, mas admitiu ajudar as torcidas com ônibus, "eventualmente". Aidar, que no duelo contra o Corinthians, em fevereiro, pela Libertadores, bancou o transporte para torcedores tricolores até a arena, em Itaquera, deixou o prédio sem conversar com a imprensa.


– Claramente, o que foi discutido é a relação de todos os clubes com as torcidas organizadas. Isso precisa ser repensado, recolocado. O objetivo é terminar de vez com a violência. Ninguém aguenta mais – afirmou o vice corintiano, Jorge Kalil.


O promotor Paulo Castilho, que coordena as ações do Ministério Público nestes casos, pediu que seja desenvolvida uma política para o combate da violência e que o Juizado do Torcedor, criado para agilizar analisar e julgar episódios ligados ao esporte, deixe de ser "virtual", como ele mesmo classificou.


– O secretário de segurança entendeu a questão e já se articulou com o presidente do Tribunal de Justiça e o procurador-geral. Precisamos do apoio do governador, dos clubes e da Federação Paulista de Futebol para que São Paulo tenha uma política de segurança pública e possa dar exemplo no combate à violência no futebol. Ou tomamos uma posição drástica ou abandonamos e entregamos para as torcidas organizadas – disse ele.


Torcida Palmeiras - Arena Palmeiras (Foto: Marcos Ribolli)Torcida organizada do Palmeiras chegar ao estádio do clube para clássico com o Corinthians (Foto: Marcos Ribolli)


Torcida única e biometria


Ideia discutida antes do clássico entre Palmeiras e Corinthians, no estádio alviverde, no último mês, a proposta de jogos com torcida única também esteve em pauta durante a reunião. A medida, que gerou polêmica e foi abandonada após forte oposição do clube alvinegro, não é consenso.


Outra sugestão foi a implantação de biometria nos estádios, que facilitaria a identificação de torcedores. Já existe um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado para que câmeras que permitam reconhecimento facial sejam instaladas nas arenas paulistas, mas ele ainda não cumprido.


– Foi feita uma proposta muito interessante que é a biometria, mas ela é cara. Quem vai arcar com os custos? Os clubes não têm condições. Mas vamos estudar porque seria uma solução interessante – completou Kalil.


torcida santos x coritiba (Foto: Bruno Giufrida)Torcida organizada do Santos costuma ficar atrás de um dos gols da Vila Belmiro (Foto: Bruno Giufrida)